Vereador diz que conheceu acusada de esquema criminoso pela televisão; entenda o caso

Dois dias depois de ter sido homenageada pelo Legislativo goianiense, apresentadora Eucrídia Barbosa foi apontada, em rede nacional, como uma das suspeitas de integrar um grupo criminoso com atuação focada em heranças e contas milionárias sem movimentações no País

Postado em: 27-10-2021 às 08h18
Por: Felipe Cardoso
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Dois dias depois de ter sido homenageada pelo Legislativo goianiense, apresentadora Eucrídia Barbosa foi apontada, em rede nacional, como uma das suspeitas de integrar um grupo criminoso com atuação focada em heranças e contas milionárias sem movimentações no País. | Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de Goiânia homenageou, por meio do vereador Kleybe Morais (MDB), diversas personalidades ligadas ao movimento Mulheres de Alto Valor (MAV), dentre elas, Eucrídia Barbosa da Silva. Ela, que é apresentadora de um programa reproduzido para o interior goiano, foi revelada pela equipe do Fantástico no último domingo (24/10), como uma das peças chave de um esquema criminoso focado em dinheiro de heranças ou contas bancárias milionárias sem movimentações no País. 

Conforme mostrado pelo jornalismo da Rede Globo, a ação criminosa envolvia, inclusive, a participação de um juiz, que fraudava decisões, além de policiais e advogados. Tratando-se da apresentadora, especificamente, a matéria diz que Eucrídia foi à Justiça reivindicando o  reconhecimento de paternidade socioafetiva pelo vínculo de convivência com um francês, Roger Lavallard, que morreu em 2019. Acontece que, segundo a investigação, trata-se de alguém que ela jamais conheceu. 

Além disso, nas redes sociais é possível encontrar fotos da apresentadora ao lado de seu pai biológico, a quem ela se declara nas postagens. Na Justiça, porém, Eucrídia disse desconhecê-lo e acrescentou, inclusive, ter sido abandonada por ele.

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O Fantástico mostrou ainda que seis dias depois de ter o primeiro pedido admitido pela Justiça goiana, a apresentadora teria reivindicado acesso à conta corrente do suposto pai. A decisão favorável saiu no mesmo dia. O francês não tinha família no Brasil e deixou uma conta bancária milionária para trás. 

Em paralelo, o irmão de Eucrídia também é suspeito de participar do esquema. Ele teria ingressado no Judiciário com um processo semelhante ao da apresentadora, pedindo que fosse reconhecido como filho de uma mulher que nunca viu e que teria morrido há mais de dez anos.  No texto, foi solicitado acesso a R$ 2,4 milhões deixados pela falecida. Ambos tiveram o mesmo advogado e testemunhas nos dois processos de reconhecimento de paternidade. 

Câmara de Goiânia

O jornal O Hoje conversou com o parlamentar que viabilizou o encontro em homenagem a Ecrídia e outras mulheres. Ele destacou ter sido procurado por representantes do MAV, responsáveis, segundo ele, por apontar os nomes das homenageadas na sessão daquela tarde. “Fui procurado pelo grupo, formado por centenas de mulheres, querendo homenagear algumas personalidades. Esse grupo é composto por autoridades e outros grandes nomes que contribuem de forma decisiva com as lutas das mulheres”, justificou o vereador.

Em seguida, Morais acrescentou: “A Eucrídia tem dois programas de televisão que visam o combate à violência doméstica. Mas conheci a Eucrídia pelo Fantástico. Na hora que você está homenageando, você entrega os diplomas, mas às vezes a pessoa vem indicada por um grupo. Só fiquei sabendo no domingo que ela está sendo investigada e que há fortes indícios de irregularidades”.

A situação, segundo o vereador, foi repassada à Procuradoria da Câmara Municipal de Goiânia que ficará encarregada de avaliar se as denúncias apresentadas contra a homenageada possuem alguma relação com o serviço prestado por ela em favor da comunidade feminina. 

Ainda que o imbróglio envolvendo o nome da homenageada não possua qualquer relação com o trabalho prestado, o parlamentar destaca que é inevitável o constrangimento deixado pela situação. “Essa questão afeta não apenas a minha pessoa, mas todo o MAV que é formado por pessoas focadas em ajudar mulheres e entidades. A gente não deixa de ficar constrangido, pois o nosso nome acaba ligado, ainda que indiretamente [ao caso]”, pontuou. O parlamentar adiantou à reportagem que a procuradoria estuda, inclusive, a devolução do diploma concedido à homenageada.

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