Em 2022, Ronaldo Caiado deve lutar para preservar o combinado de 2021

Governador já acalmou alguns setores da base governista que não gostaram da aliança com Daniel Vilela, mas o desafio do ano que vem ainda será grande

Postado em: 16-12-2021 às 05h00
Por: Marcelo Mariano
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Governador já acalmou alguns setores da base governista que não gostaram da aliança com Daniel Vilela, mas o desafio do ano que vem ainda será grande | Foto: reprodução

No seu terceiro ano de mandato, o governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil) agiu, politicamente, quase como se estivesse no quarto, quando tentará a reeleição, e antecipou uma decisão que deu o que falar.

Ainda no primeiro semestre, Caiado ensaiou uma aproximação com o ex-deputado federal e presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela. Em 2018, vale lembrar, ambos foram adversários nas eleições.

Na política, fazer duas pessoas de pensamentos contrários se juntarem não é um processo fácil e muito menos rápido. No caso de Daniel, Caiado tocou em feridas abertas que membros de sua base governista têm com o emedebista.

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Mesmo assim, no final de setembro, após semanas de fortes especulações, o governador finalmente anunciou Daniel como seu candidato a vice no pleito do ano que vem, o que, na prática, tirou um potencial adversário da disputa, mas, por outro lado, causou inúmeras reações.

Dos principais insatisfeitos com essa aliança, destacam-se o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa (Alego), Lissauer Vieira (de saída do PSB), o deputado federal José Nelto (Podemos), o prefeito de Catalão, Adib Elias (Podemos), o presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego), Renato de Castro (DEM/União Brasil), e o senador Vanderlan Cardoso (PSD).

Desses, apenas Lissauer Vieira e José Nelto, em alguma medida, já se conformaram com a aliança. O presidente da Alego diz não querer conversa com Daniel, mas garantiu apoio a Caiado. Nelto também confirmou que estará ao lado do governador e, inclusive, trabalha para que ele esteja no mesmo palanque do presidenciável do Podemos, Sergio Moro.

Os outros três ainda demonstram resistência. A propósito, chegaram a sugerir o nome de Ana Paula Rezende, filha do ex-governador e ex-prefeito Iris Rezende, morto recentemente, como possível candidata a vice no lugar de Daniel. Tanto ela quanto Caiado, porém, descartaram a possibilidade.

A morte de Iris, a propósito, foi um baque para o governador. Adversários nos anos 1990, eles se reaproximaram recentemente e estiveram na mesma chapa em 2014. Aliás, Iris era considerado o maior fiador da aproximação entre Caiado e MDB e há quem acredite que, sem ele, essa aliança seja enfraquecida.

Para 2022, o maior desafio político do governador, até as convenções partidárias de julho e agosto, será acalmar os ânimos desses insatisfeitos para garantir que sua base não sofra uma ruptura. Um dos argumentos usados por Caiado para antecipar a aliança com Daniel foi o de que, dessa forma, ele terá tempo para dialogar.

Outro desafio será deixar de uma vez por todas a sua própria marca no governo. Caiado frisa que tomou posse com o estado em um situação financeira delicada e, além disso, se deparou com uma pandemia no meio do caminho.

Com a iminente adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), prevista para janeiro, e um cenário de pós-pandemia à medida em que a vacinação avança e a variante ômicron não se mostre tão letal, o caminho está aberto para o governador conseguir deixar um legado caiadista para o atual mandato.

Assim, Caiado se cacifa para enfrentar seu principal objetivo do ano que vem: a reeleição, que, desde quando foi permitida, só não ocorreu em 2018, com José Eliton (PSDB), derrotado justamente pelo atual governador. (Especial para O Hoje)

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