Insatisfeito com Daniel, presidente da Assembleia Legislativa entra no radar das oposições

Como se sabe, o anúncio do presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, como pré-candidato a vice na chapa do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil) provocou uma série de insatisfações em alguns setores da base governista.

Entre os principais insatisfeitos, está o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (de saída do PSB). O nome de Daniel foi confirmado no final de setembro do ano passado, mas, na última semana, a tensão aumentou.

O estopim foi a nomeação de Gean Carvalho, tio do presidente do MDB goiano, como o novo secretário de Comunicação da gestão caiadista, substituindo Tony Carlo, que, agora, ocupa a mesma função na Prefeitura de Goiânia.

Lissauer teria demonstrado desconforto com o aumento da influência do emedebismo e a presença de um aliado de Daniel no primeiro escalão do governo estadual. Como consequência, quase todas as suas indicações na Agência Brasil Central (ABC) foram exoneradas.

Ao jornal O Hoje, o presidente da Alego afirmou, porém, que essa situação não alterou seu relacionamento com o governador. “Caiado é o dono do governo”, frisou o parlamentar, que, antes de Daniel, chegou a ser cotado como candidato a vice na chapa governista. “Ele nomeia quem quiser.” 

Oposição

Atualmente pré-candidato a deputado federal, Lissauer despertou o interesse da oposição, que, diante desse cenário de confrontação, enxergou a chance de contar com o apoio de um político considerado influente e um dos favoritos para conquistar uma cadeira em Brasília.

A reportagem apurou que aliados tanto do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) quanto do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), tido como os governadoriáveis de oposição mais competitivos, cogitaram essa possibilidade.

Marconistas e mendanhistas se comprometeram a dar início a sondagens. No entanto, Lissauer demonstra pouca disposição em abrir as portas para esse diálogo. “Ainda não fui procurado por ninguém e não tenho interesse em conversar”, disse o presidente da Alego.

Ele reiterou seu apoio à reeleição de Caiado e repetiu o argumento utilizado em uma entrevista à rádio Morada do Sol, de Rio Verde, logo após o anúncio de Daniel como pré-candidato a vice, de que estará no palanque do governador, mas sem vontade de ter um “relacionamento político” com o emedebista. 

Novo partido

Com os dois pés fora do PSB, onde não tem afinidade ideológica, Lissauer está apenas à espera da janela partidária, que se encerra no dia 2 de abril, para trocar de legenda. O seu destino mais provável é o PSD, com o Progressistas (PP) correndo por fora.

Os dois partidos querem estar com Caiado. O PSD tem como objetivo indicar o secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, como candidato ao Senado na chapa governista. E o PP já faz parte da base por meio do secretário de Indústria e Comércio, Joel Sant’Anna Braga, irmão do presidente do diretório pepista em Goiás, Alexandre Baldy.

O problema é que Baldy está de olho na mesma vaga que Meirelles. Se haverá uma composição, possivelmente envolvendo a suplência de senador, ou se um dos dois passará para a oposição, só será possível saber após as convenções partidárias, marcadas para ocorrer entre o final de julho e o início de agosto. 

Está tentando

Enquanto isso, Daniel deve lutar para resolver outras insatisfações. Ele já teve conversas iniciais com o deputado federal José Nelto e o prefeito de Catalão, Adib Elias, ambos de saída do Podemos. O caso de Lissauer, contudo, parece ser um dos mais difíceis de ser solucionado.