Após ter a faixa retirada à força de suas mãos, vice-presidente do SindSaúde espera pedido de desculpas de prefeito

Faixa que pedia dignidade para os trabalhadores da saúde foi arrancada das mão da vice-presidente do SindSaúde

Postado em: 11-02-2022 às 09h37
Por: Felipe Cardoso
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Faixa que pedia dignidade para os trabalhadores da saúde foi arrancada das mão da vice-presidente do SindSaúde | Foto:

Indignada e frustrada. Foi esse o sentimento da vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (SindSaúde), Néia Vieira, que teve uma faixa arrancada à força de suas mãos pela equipe de segurança do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) na manhã da última quinta-feira (10/2). O episódio ocorreu durante a inauguração da Unidade Básica de Saúde da Família (USF) Riviera, na região Leste da Capital. 

A faixa, que estampava as palavras de ordem “Quem trabalha pela vida, merece viver com dignidade”, foi suficiente para incomodar o alto escalão do Paço que reagiu, claro, com truculência. A mensagem simples, porém, profunda tinha por trás de sua essência um único objetivo, o de reivindicar o pagamento da data-base e a inclusão dos agentes comunitários de saúde e endemia no Plano de Carreira da Secretaria Municipal de Saúde. 

Os relatos dão conta de que enquanto o prefeito não chegava ao local, os trabalhadores puderam se manifestar à vontade. Porém, com a chegada do gestor, o clima mudou. Lá estavam vereadores, o secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso e outras autoridades que, como esperado, nada fizeram. Quanto às faixas que teciam elogios à administração, essas permaneceram intocáveis.

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A indignação ficou apenas entre os mais assolados pelos reflexos da administração. Mais tarde o assunto chegou à tribuna da Câmara Municipal. Mas não por iniciativa dos vereadores. Mais uma vez lá estava Néia para falar sobre o ocorrido, sem se dispersar das necessidades da classe. 

“Infelizmente a grande maioria dos vereadores estavam lá aplaudindo o prefeito. Os mesmos que não nos ouvem quando batemos a porta de seus gabinetes, quando solicitamos audiências, quando solicitamos uma comissão constituída para que possamos discutir os problemas da saúde de Goiânia. Não adianta bater palmas, dizer que somos valorizados sem garantir que tenhamos salários dignos, condições de atendimento e trabalho. Os trabalhadores da saúde de Goiânia estão adoecendo, mas Infelizmente nós nos sentimos aqui falando às paredes”, disparou.  

Sobre o ocorrido só restou a ela lamentar. “Fomos chamados de arruaceiros pelo prefeito que disse que havia uma ‘dona Maria’ fazendo protesto. Eu não sou dona  Maria, prefeito. Sou vice-presidente do SindSaúde, tenho nome, sobrenome e a dignidade de uma trabalhadora que há 20 anos está no SUS, que merecia, no mínimo, respeito. Não é retirando o direito de nos manifestarmos que vocês vão nos calar. Se o prefeito não sabe ser democrático, não deveria ter ocupado uma cadeira na Câmara e agora estar no Executivo”, disse, por fim, a trabalhadora. 

Em entrevista ao jornal O Hoje, Néia foi questionada sobre o que esperava que o prefeito fizesse depois de tal episódio. A resposta foi a seguinte: “No mínimo um pedido de desculpas público. Não a mim, mas a todas as mulheres. Fico me questionando se o segurança teria a mesma atitude se um homem estivesse ali segurando aquela faixa. Quando ele fere uma mulher, fere todas. É preciso nos respeitar não apenas no discurso, mas também na prática”. 

Néia e as demais mulheres que se sentiram desrespeitadas com a atitude devem, ao que tudo indica, continuar esperando por um longo período, haja vista que até o fechamento desta reportagem a prefeitura de Goiânia preferiu o silêncio. 

Por falar em faixas

O início da semana foi marcado por um episódio parecido. Servidores ligados à Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) causaram revolta na população goianiense quando, na tarde da última segunda-feira (7/2), removeram diversas faixas fixadas em regiões estratégicas da Capital contra o aumento do IPTU em Goiânia. 

Conforme mostrado com exclusividade pela equipe do O Hoje, lideranças ligadas ao movimento SOS Goiânia providenciaram diversas faixas — estima-se que aproximadamente 230 — com os nomes dos vereadores que votaram favoráveis à aprovação do novo Código Tributário de Goiânia. 

A ação representa um ato de revolta da população contra o aumento desenfreado do IPTU. De acordo com representantes do movimento, essa foi uma forma de também mostrar à população os nomes daqueles que, agora, se dizem enganados.

Frases como “traidores do povo” e “inimigo da gente” estão associadas aos nomes de Ronilson Reis (Podemos), Dr. Gian (MDB), Kleibe Morais (MDB), Bruno Diniz (PRTB), Marlon (Cidadania), Henrique Alves (MDB), Geverson Abel (Avante), Sargento Novandir (Sem partido), Rafael da Saúde (DC), Leo Jose (PTB), Juarez Lopes (PDT) e Sandes Jr (PP). 

Mas também haviam frases direcionadas exclusivamente ao prefeito. Em uma delas, os populares disparam: “O Crivella não se reelegeu. O prefeito Rogério Crucificador também não se reelegerá”. Horas depois de serem fixadas, fiscais da prefeitura apareceram para remover os letreiros. A atitude da administração pegou mal e causou revolta nas redes sociais.

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