Entrave nacional no Partido Trabalhista Brasileiro abala direção da sigla em Goiás

Após retomar o comando da sigla por decisão do TSE, Graciela Nienov iniciou um expurgo e destituiu, dentre outros, o presidente estadual da sigla, Eduardo Macedo

Postado em: 24-02-2022 às 08h36
Por: Felipe Cardoso
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Após retomar o comando da sigla por decisão do TSE, Graciela Nienov iniciou um expurgo e destituiu, dentre outros, o presidente estadual da sigla, Eduardo Macedo | Foto: Reprodução

A disputa pelo comando nacional do PTB tem se refletido de diferentes formas nos diretórios regionais do partido. A confusão envolve o nome de Graciela Nienov, para uns encarada como presidente, enquanto outros a enxergam como ex-comandante do diretório.  

Isso porque, conforme certidão publicada na última quarta-feira (23/2), o comando de Eduardo Macedo, presidente estadual da sigla, teria chegado ao fim. Mas a decisão tem sido avaliada por determinados integrantes da legenda como “indecorosa”. 

Aos olhos do secretário-geral e advogado da sigla no estado, Adriano Gustavo de Oliveira, por exemplo, Graciela, em uma atitude “mau caráter”, teria utilizado de suas senhas, que possuía, segundo ele, enquanto era presidente, para prejudicar diversas regionais.

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À reportagem do O Hoje, Adriano disse que Graciela tentou inativar os integrantes de alguns diretórios mesmo sem o comando da sigla, na tentativa de retaliar aqueles que a destituíram do cargo por eleição. Uma certidão expedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na tarde desta quarta-feira (23/2) confirmou as ações que têm sido encaradas, por ele, como “criminosas”.

“Ela está provocando um caos para gerar dificuldade entre nós. Mas isso já está sendo resolvido. Em, no máximo, 48h acredito que tudo será resolvido pelos advogados”, explicou Oliveira que espera da Justiça uma providência.

Na sequência, o dirigente acrescentou: “ela está jogando água em todos os lugares e plantando esse boato [de destituição]”. Além de Goiás ele também citou também o estado de São Paulo como um dos prejudicados.

Tudo, segundo ele, será representado no âmbito civil e criminal pela equipe jurídica do partido. “Ela está usando senhas, sendo que não possui mais legitimidade para usar”, finalizou. No entanto, conforme mostrado pela revista Veja, Nienov recuperou o poder sobre o diretório nacional do PTB graças a uma decisão favorável no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Na contramão 

Vereador pelo PTB, Leo José, no entanto, contestou a versão do colega de partido. Para ele, “ela quis fazer o certo”. “Depois de assumir, logo em seguida eles tiraram ela por eleição, sem que ela pudesse recorrer. Se o judiciário entendeu que ela deveria retornar, ela está no seu direito”. 

O vereador ainda foi além: “Se ela tirar o Eduardo Macedo, estará fazendo um bem para o PTB. O que ele pode fazer para melhorar a situação do partido? O que ela fez foi política, eu entendo e até concordo. Em tese, eu tenho o maior mandato do PTB no estado e já tomei chá de cadeira de 4 horas para falar com o Eduardo. Se eu tivesse a mesma oportunidade teria tirado ele até antes”. 

José ainda disse que a insegurança  jurídica gerada a partir dessas “confusões” pode levar o partido, que já não se encontra em boa situação, a se reduzir ainda mais. “O que tenho agora de esperança é que parem com essa confusão. Se o presidente vai ser um ou outro, não importa, mas que tenha um presidente. Caso contrário, vou ter que procurar uma maneira de sair desse partido, apesar de sentir que o PTB é a minha casa”. 

Contexto

Assim que retomou, por decisão do TSE, o comando do diretório nacional do partido, Graciela começou um expurgo de grupos aliados ao ex-presidente Roberto Jefferson.

Conforme mostrado pela revista Veja, na última quarta, Marcus Vinícius Ferreira, o Neskau, da presidência do PTB no Rio e o empresário Otávio Fakhoury do comando do diretório em São Paulo se tornaram alvos. Ambas as lideranças são ligadas a Jefferson. 

A revista também mostrou que outros dez diretórios foram dissolvidos. A ação da presidente só se tornou possível com a devolução do acesso administrativo de Graciela aos quadros do PTB. O até então presidente goiano, Eduardo Macedo, foi procurado para comentar o assunto, mas não atendeu aos telefonemas.

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