Lissauer no TCE pode enfraquecer candidatura de Meirelles ao Senado

A possível ida do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (de saída do PSB), ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) pode ter impacto nas eleições para o Senado.

Caso Lissauer seja confirmado no TCE-GO, isso significa, na prática, que ele não disputará uma vaga de deputado federal, até então a sua prioridade no próximo pleito. Com os dois pés fora do PSB, onde nunca se identificou ideologicamente, o presidente da Alego, nos últimos meses, passou a ser especulado no PSD.

O partido, por sua vez, tem como principal objetivo viabilizar a candidatura ao Senado do ex-presidente do Banco Central, ex-ministro da Fazenda e atual secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles.

Tido como um provável campeão de votos para a Câmara dos Deputados, Lissauer sempre mostrou disposição para se envolver diretamente na campanha de Meirelles, que, sem o presidente da Alego, tende a perder um importante cabo eleitoral.

A propósito, convém destacar que há quem não acredite na candidatura de Meirelles. Pela legislação, ele tem até o dia 1º de abril para deixar seu cargo em São Paulo, o que, de acordo com aliados, poderia ter ocorrido com antecedência para espantar as dúvidas e se dedicar mais às demandas de Goiás.

Meirelles, porém, não quis antecipar sua desincompatibilização do governo paulista. Nos bastidores, a justificativa é a de que Rodrigo Garcia (PSDB), o vice que assumirá o lugar do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), quando ele sair para concorrer a presidente, não definiu um novo nome para a Secretaria da Fazenda e Planejamento.

A demora teria feito com que Lissauer evitasse confirmar sua filiação ao PSD, haja vista que, sem Meirelles, o partido se enfraqueceria. Oficialmente, a cúpula estadual da sigla ainda conta o presidente da Alego em seus quadros e afirma que a pré-candidatura ao Senado do ex-ministro está de pé.

Entenda a articulação

A movimentação que pode levar Lissauer ao TCE-GO parece um verdadeiro jogo de xadrez. Pressionado pela família para ficar fora das eleições, ele decidiu articular uma solução junto aos Tejota.

Conselheiro do TCE-GO, Sebastião Tejota se aposentaria, abrindo justamente a vaga a ser preenchida pelo presidente da Alego, e tentaria uma cadeira de deputado estadual com o objetivo de comandar o Legislativo goiano, função que já ocupou entre 1999 e 2003, assim como o jornal O Hoje mostrou no início de fevereiro.

Enquanto isso, seu filho, o vice-governador Lincoln Tejota (Cidadania), escanteado pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) para dar lugar ao presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, na chapa governista, iria para o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO).

Para isso, o ex-deputado estadual Valcenôr Braz precisaria se aposentar do TCM-GO. Desde que ele consiga deixar o órgão com salário integral, não há empecilho por nenhuma das partes envolvidas.

Vale ressaltar que Sebastião Tejota também pode ser candidato a deputado federal para evitar conflito de interesses com o deputado estadual Rubens Marques (Pros), que deve tentar a reeleição, e Luiz Sampaio (Cidadania), que prepara sua candidatura à Alego. Ambos são ligados às bases da família Tejota.

Daniel de olho

Por fim, um outro interessado nessa articulação é Daniel Vilela. Quando o governador anunciou o emedebista como companheiro de chapa, no final de setembro do ano passado, diversos setores da base caiadista demonstraram insatisfação, entre eles Lissauer.

Anteriormente cotado para ser vice de Caiado, o presidente da Alego garantiu que apoiará o governador, mas disse que não tem interesse em qualquer tipo de relacionamento com Daniel. Se ele realmente for para o TCE-GO e não participar do pleito, o MDB terá um problema a menos para resolver.