Eleições 2022: em busca de eleitores, PT vai criar comitês evangélicos para enfrentar Bolsonaro

Além de Lula, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) também estão em busca de maior popularidade entre os evangélicos

Postado em: 17-03-2022 às 09h45
Por: Alexandre Paes
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Além de Lula, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) também estão em busca de maior popularidade entre os evangélicos | Foto: Reprodução

A busca por eleitores começou cedo este ano. E para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro (PL), o Partido Trabalhista (PT) promete intensificar a campanha com a criação de comitês especificamente dedicados a popularizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os candidatos já estão em busca do voto evangélico para as eleições, o que tem gerado visitas a cultos e acordos com pastores.

De acordo com Gilberto Carvalho, ex-ministro, ex-chefe de gabinete de Lula e diretor da Escola Nacional de Formação do PT (ENFPT), o partido já possui representantes evangélicos para conduzir esses comitês religiosos em 21 estados do país. “A pretensão é criar comitês em todos os estados. Entendemos que essa campanha vai ser dura nas ruas, dura no meio do povo, porque o bolsonarismo é um fenômeno não só político, mas cultural”, afirmou Carvalho em entrevista cedida ao jornal Metrópoles.

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), é coordenadora do Núcleo de Evangélicos do PT (NEPT), e explica que a meta é se aproximar da base da população evangélica, mesmo em igrejas de lideranças bolsonaristas, como o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. “Eles (Malafaia e outros bolsonaristas) escolheram um lado. Mas todo evangélico tem o direito de também escolher seu lado, não só as lideranças”, explicou a deputada.

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Estratégias de alcance

Para montar esses comitês evangélicos, Benedita da Silva quem organizará esses grupos, e o PT diz que pretende atrair pessoas de fora da sigla para a Escola Nacional de Formação do partido. Carvalho espera que 5 mil pessoas se inscrevam nessa iniciativa até o fim de março. “A ideia é que os comitês dialoguem especialmente com pessoas nas periferias e trabalhem com ações de solidariedade para os mais pobres”, afirmou.

Além de Lula, o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) também estão em busca de maior popularidade entre os evangélicos, o que fez com que eles passassem a posar de Bíblia na mão e a frequentar os templos religiosos.

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta manter aliados por perto depois de perdoar uma dívida bilionária de igrejas e de nomear o jurista evangélico André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). Somente no dia 8 de março, o mandatário recebeu 280 lideranças evangélicas no Palácio do Alvorada, para tentar demonstrar força no segmento.

Embora a vitória na eleição de Bolsonaro em 2018 seja pela conquista majoritária do voto evangélico, Benedita argumenta que Lula já começa a campanha com mais votos entre evangélicos do que o ex-ministro Fernando Haddad (PT) naquela disputa. “Temos avaliação de que, com Lula, o voto evangélico aumenta”, argumentou a deputada.

Essa tentativa do PT, de ganhar mais força nas periferias e nos redutos evangélicos, alerta Bolsonaro para que sua campanha eleitoral trace estratégias diversas de enfrentamento em relação às disputas anteriores com o PSDB. “Bolsonaro conseguiu ser expressão do neofascismo. Bolsonaro não tem só eleitores. Tem torcedores, fiéis. Uma coisa é enfrentar Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin em eleição e outra coisa é enfrentar um cara que organiza de fato uma nova direita militante no Brasil”, avalia Gilberto Carvalho.

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