“A única indústria que veio para o Entorno do Distrito Federal foi a da multa” aponta Eladio Carneiro

Ao comentar sobre a política no Entorno do Distrito Federal, Carneiro critica a gestão do governador que, segundo ele, não entregou nenhuma obra relevante na região

Postado em: 05-04-2022 às 07h58
Por: Redação
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Ao comentar sobre a política no Entorno do Distrito Federal, Carneiro critica a gestão do governador que, segundo ele, não entregou nenhuma obra relevante na região | Foto: Reprodução

Por Wilson Silvestre

Empresário e suplente de Senador por Goiás, Eladio Carneiro trocou o PSL após a fusão com o Democratas, e se filiou ao PSDB. Carneiro chegou a ser convidado pelo presidente Jair Bolsonaro para se juntar ao PL, mas a possibilidade de apoio da legenda a Ronaldo Caiado desagrada o empresário. 

Ao comentar sobre a política no Entorno do Distrito Federal, Carneiro critica a gestão do governador que, segundo ele, não entregou nenhuma obra relevante na região. A falta de infraestrutura, de indústrias e universidades é um dos maiores problemas, segundo o suplente. 

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Ele aponta que Caiado abandonou aliados que o apoiaram nas campanhas para deputado federal, senador e para o governo, dando preferência para os “gatos da Casa Verde”. 

Wilson Silvestre

O senhor é o primeiro suplente de senador, mas nunca teve a oportunidade de assumir efetivamente. O senhor acredita que é má vontade do titular ou uma decisão política?

Quando as alianças são feitas as pessoas têm muita disposição de compartilhar espaços e às vezes após se assentarem nos cargos elas criam um certo apego e às vezes se esquecem de alguns compromissos. Os cargos são passageiros, a beleza e a força da democracia está na periodicidade e os cargos precisam ser renovados. Aqueles que eventualmente não são bons, não tem compromisso, não são bons de trato ou não são felizes no exercício do cargo que é para o povo acabam não sendo reconduzidos.

O senhor foi uma das primeiras lideranças do distrito federal a apoiar o governador Ronaldo Caiado em 2018. Ao que o senhor atribui essa decisão?

Sempre tivemos uma boa relação com o deputado Ronaldo Caiado, abraçamos o projeto dele para o Senado entendendo que ele seria um bom senador para Goiás e depois para o governo estadual em 2018. Nós trabalhamos, lutamos e vencemos as eleições. E depois ele preferiu trocar os amigos e companheiros que o ajudaram nas eleições pelos gatos do Palácio Verde, eles não gostam dos inquilinos, eles gostam da Casa Verde. Eles continuam lá comendo e miando, eram os mesmos que ficaram lá atrás com Iris, Maguito, Marconi, Alcides e hoje, por acaso, estão com o governador Ronaldo Caiado. 

As pessoas vão se ladeando desses políticos patrimonialistas que querem apenas tirar vantagens do governo e ficam exaltando e enchendo de elogios e o chefe acaba ficando vaidoso vivendo naquela redoma, mas é só sair as ruas que vai perceber que é um mundo irreal.  O mundo real é outro. É o mundo da realização de obras ou da ausência da realização dessas obras. É o mundo da realização de feitos importantes para o Estado e para a sociedade de um modo geral ou da ausência da realização desses feitos. E por isso, periodicamente, os políticos são julgados através das eleições e aqueles que vão bem são reconduzidos e aqueles que vão mal são dispensados.

O governador Ronaldo Caiado tem sido acusado de ter abandonado muitos amigos, principalmente na região do Entorno de Brasília. Inclui-se o senhor, o Cassiano Franco, Antônio Lima são historicamente ligados ao Caiado e foram abandonados. O que houve com o governador?

Essa questão que eu já tive oportunidade de falar. Ele fez a opção política por pessoa que tem mandato e esqueceu esses companheiros que você falou. Tem também o Geraldão de Luziânia, que manteve acesa a bandeira de Ronaldo Caiado durante mais de 20 anos. Cassiano morreu desgostoso pela forma e postura indiferente em relação a um pleito de candidatura dele, assim como tantos outros. Não tem nenhuma liderança no Entorno que era companheiro de Caiado nem no governo nem em uma prefeitura, não houve essa reciprocidade, é um modo de agir. É apenas um  venha a nós e não tem o vosso reino. Ruim companheiro.

Ter muitos partidos e prefeitos como aliados é determinante para se ganhar uma eleição?

A política cartesiana em condições normais é lógico que apoio político e grupo são importantes para se vencer uma eleição. Agora, existem situações em que o povo entende que é necessário fazer uma substituição ou uma mudança por causa da postura do gestor, do titular de um cargo, seja prefeito ou governador. 

Em 82 Iris Rezene não tinha a maioria dos prefeitos e venceu as eleições. Em 98, Marconi Perillo também não tinha a maioria dos prefeitos, pelo contrário contava com pouquíssimos prefeitos e venceu as eleições. Em 2018, Caiado também não tinha os prefeitos, tinha apenas o quarteto fantástico que era o prefeito de Catalão, Goianésia, Rio Verde e Formosa que o apoiavam e também venceu as eleições. 

Na verdade isso se dissocia desse apoio político. Ele é importante, mas não é necessariamente convertido em voto ou em resultado positivo. É preciso ver se há sintonia com o povo.

Há uma máxima que diz que ter prefeitos não é necessariamente ter votos. E os prefeitos do Entorno têm feito cara de paisagem em relação ao governo de Caiado, especialmente por não ter grandes obras na região. É possível reverter esse quadro na campanha?

Não é só as grandes obras não, não tem obras na região do Entorno que ficou durante anos esses dois anos e três meses esquecidas. As vezes vem aqui para inaugurar pintura de asfalto, pintura de escolas. Não tem uma obra estruturante, verdadeiramente idealizada, planejada, pensada e edificada na gestão de Ronaldo Caiado. Pega o que já estava pronto ou em andamento, o que não é errado já que tem que concluir essas obras, mas não existe um projeto para trazer para a Região do Entorno um campus universitário que desenvolveria a região e traria tecnologia para indústrias. A única indústria que veio pra cá foi a indústria da multa. 

As principais obras que ainda existem no Entorno foram feitas no governo anterior. Como o senhor vê essa discrepância? 

Eu acho que não houve um planejamento. A agenda de um governador e de um prefeito é muito dinâmica, eles acordam cedo, quando vê que não já anoiteceu, acabou a semana, chegou no final do ano e de repente acabou o mandato. Qual é a cara desse governo? O que esse governo fez para Goiás? Quando se pensa em Governo de Goiás, o que foi feito nesses 3 anos e 3 meses. A imagem que vem é a de policial prendendo comerciantes, prendendo pequenos lojistas, por que não tinha fechado na pandemia. Em Goiânia, 40% das lojas estão fechadas com placas de anúncio de venda. Qual é o ambiente político e administrativo que se criou para isso? Eu penso que o erro foi não ter planejamento. Vai de uma cerimônia para outra e quando vê acabou o mandato. 

É importante uma equipe que conheça o Estado e que tenha disposição para corrigir os problemas. Não é só fazer o rotineiro, tem que pensar nas grandes obras. A Região do Entorno precisa de um transporte de qualidade, de mobilidade urbana. O dinheiro que se gastou para fazer o Mané Garrincha era suficiente para mudar a estrutura econômica para a região. O que falta é visão. Não adianta pintar asfalto para inaugurar, precisamos de um pólo industrial, e para ter um pólo industrial é preciso solucionar o gargalo da mobilidade. Para trazer tecnologia é preciso trazer universidade para ter uma gama de saber que vão beneficiar hospitais, indústrias e na saúde.

O senhor foi convidado pelo presidente Bolsonaro para se filiar ao PL, mas optou pelo PSDB. Por que essa guinada?

Na verdade, foi uma questão local. Nós aqui no município de Luziânia fomos procurados por outros partidos, mas entendemos que poderíamos fazer um trabalho melhor para nossa cidade e para nosso Estado no PSDB. Construímos um projeto de governo para Goiás. Não há como esquecer a história. O Iris Rezende teve um papel fundamental para um processo de desenvolvimento de Goiás ao abrir rodovias para os quatro cantos do Estado e permitiu que o agronegócio se consolidasse e iniciasse um processo de industrialização. 

Já em 2000, houve uma série de avanços como a implementação desse modelo de integração entre a população e o governo através do Vapt-Vupt, através das universidades, através dos programas sociais que auxiliaram pessoas carentes, seja com o Renda Cidadã, isso melhorou a vida dos goianos. 

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