Mais de 5 mil assinaturas contrariam decisão do TJGO quanto ao fim da greve da Educação

Movimento reforça reivindicação dos professores acerca do reajuste salarial e pagamento da data-bate. Tribunal, no entanto, colocou fim ao movimento grevista e determinou retorno dos profissionais às salas de aula

Postado em: 09-04-2022 às 09h30
Por: Felipe Cardoso
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Movimento reforça reivindicação dos professores acerca do reajuste salarial e pagamento da data-bate. Tribunal, no entanto, colocou fim ao movimento grevista e determinou retorno dos profissionais às salas de aula | Foto: Reprodução

A adesão em massa de um documento disponibilizado no final da última semana reflete a pressão popular para atendimento das reivindicações dos trabalhadores da Educação, em greve há 24 dias, na Capital. Mais de 5 mil pessoas assinaram um abaixo-assinado online em apoio à causa dos professores. 

Encabeçado pela presidente da Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia, Aava Santiago (PSDB), no final da tarde de quinta-feira (7/4), o documento reflete também a indignação da sociedade acerca da determinação do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) que resolveu pôr fim à greve.  

Dados da prefeitura de Goiânia mostram que mais de 200 unidades de ensino estão com aulas parciais desde o dia 15 de março. Segundo a vereadora, o movimento de adesão ao documento mostra uma ação da comunidade em apoio ao movimento grevista. 

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“A gente sabe que os profissionais da educação estão extremamente vulneráveis nos últimos dois anos. Muitos morreram no dever de ofício durante a pandemia. A maioria das famílias estiveram diariamente em contato com esses profissionais de forma remota. Então, essa adesão demonstra reconhecimento e mais que isso, mostra que estar ao lado desses trabalhadores é o mesmo que estar ao lado dos seus filhos”, afirma Aava. 

Em menos de 12 horas em circulação, o documento levantou assinaturas de mães, pais, responsáveis e representantes matriculados em CMEIs e escolas do ensino fundamental de Goiânia. O documento online é um ato simbólico que será entregue tanto para os sindicatos das categorias de educadores quanto para a Secretaria Municipal de Educação na próxima semana. 

O abaixo-assinado reivindica o reajuste no piso salarial de 33,24% conforme previsto em lei federal e municipal no salário dos professores e concessão da data-base devida aos servidores administrativos.

Na contramão

Conforme mostrado pelo O Hoje, na edição da última sexta-feira (8/4), o prefeito de Goiânia Rogério Cruz recorreu ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) para suspender a greve que cobrava o pagamento do piso da data-base.

A decisão do magistrado — que, diferentemente do que normalmente acontece, foi tratada com celeridade pelo Judiciário — gerou revolta em toda a classe ao determinar o retorno imediato dos professores e funcionários que estão parados há mais de 20 dias.

A decisão do desembargador foi baseada na argumentação   de   que,   caso   continue,   a   paralisação   pode causar graves lesões, e de difícil reparação ao calendário escolar  dos   alunos   que   cursam   a   rede   municipal   de ensino em Goiânia.

Ele entende que o movimento grevista na Capital é ilegal porque, embora as negociações entre a prefeitura e a entidade estejam em andamento, com tratativas de todas as reivindicações pautadas pelos servidores da Educação, a greve se confirmou e continuou.

Conforme informado por uma fonte do alto escalão da política, a prefeitura pode ter agido estrategicamente em relação à greve. “O prefeito mandou a proposta de reajuste para à Câmara, não com o objetivo de resolver a situação com os professores, mas para sinalizar ao judiciário que havia uma proposta, abrindo brecha para judicialização da greve. O resultado está aí: determinaram o retorno dos professores”, explicou.

O juiz determinou que a presença dos requisitos para que a  concessão   liminar foi  cumprida   e,   diante   da   fundamentação da Prefeitura e impôs multa diária de R$ 5 mil  em   caso   de   descumprimento   da   determinação.“[Atendo o pedido] diante da relevância e da lesão grave e de difícil reparação no calendário escolar dos alunos da Rede Municipal de Ensino”, determina.

O Hoje mostrou também que a categoria cobra reajuste de 33,24% no piso salarial dos professores, conforme anunciado pelo governo federal. O Paço Municipal propõe 10,16% e argumenta que o porcentual é suficiente para adequar os salários dos professores ao valor mínimo estabelecido para 2022, de R$ 3.845,63.

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