Primeiro transexual a ocupar cargo de chefia na Prefeitura de Goiânia comemora marco

“Eu não acreditei ainda. É uma honra, um privilégio”, disse John Maia Gomes, novo chefe da Superintendência LGBTQIA+.

Postado em: 05-05-2022 às 09h07
Por: Redação
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“Eu não acreditei ainda. É uma honra, um privilégio”, disse John Maia Gomes, novo chefe da Superintendência LGBTQIA+ | Foto: Reprodução

Por Thauany Melo

Aos 38 anos, John Maia Gomes se tornou a primeira pessoa transexual a ocupar um cargo de chefia na estrutura dos servidores públicos de Goiânia. Na quarta-feira (4), ele foi nomeado como superintendente de políticas para população LGBTQIA+.

Anteriormente, John ocupava, há um ano, o cargo de Gerente de Promoção Social, Cultural e Saúde. “Hoje me torno o primeiro homem trans a ocupar um cargo de chefia de superintendência nacional”, disse. “A ficha ainda não caiu. Estou em êxtase com a repercussão que está tendo, porque eu não esperava tudo isso. Esse é mais um grande acontecimento, mais uma quebra de tabu que nos mostra que podemos estar em todos os lugares. Eu não acreditei ainda. É uma honra, um privilégio”, comemorou o superintendente.

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John recorda que, antes da carreira pública, viveu diversos momentos difíceis e hoje carrega isso para o ativismo social. “Me formei até o segundo grau, sou ex-presidiário e estive em situação de rua. Já fui traficante na cracolândia de São Paulo e eu falo que eu realmente sou ‘o fênix’. Hoje eu faço um trabalho social com pessoas em situação de rua, com a população LGBTQIA+ e também com pessoas que saíram do cárcere para não ter a reincidência”, contou.

O superintendente, juntamente com a esposa, é responsável por projetos sociais como o “Mais um Sem Dor” e o “Sempre Dá pra Fazer Mais Alguma Coisa”. Ele explicou que, por meio dessas ações, eles atendem famílias em extrema vulnerabilidade em Goiânia e na Região Metropolitana da capital. Entre as atividades, os voluntários entregam marmitas, roupas, e mediam a regularização de documentos. No serviço público, John Gomes pontua que objetiva “fazer chegar oportunidades às pessoas que não conseguem tê-las”.

Mais conquistas

Em junho de 2021, Amanda Souto Baliza se tornou, aos 30 anos, a primeira advogada transexual a tomar posse em uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO). Em fevereiro deste ano, ela também foi a primeira mulher transexual a ser eleita conselheira em uma seccional da OAB e no mês de abril foi colocada no cargo de vice-presidência da Comissão Especial da Diversidade Sexual do Conselho Federal.

Ao O Hoje, Amanda Baliza ressaltou a importância da representatividade e as responsabilidades que cargos de por acarretam.

“É muito importante a ocupação desses espaços, porque a partir disso podemos incentivar outras pessoas na busca pelos sonhos. Às vezes, em situações difíceis, as pessoas nem conseguem sonhar. Também trazemos uma perspectiva que muitas vezes não é observada. Quando a gente está nesses lugares a gente consegue identificar esses problemas que pessoas como nós passam e muitas vezes encontrar uma solução para isso”, explica. “É uma grande responsabilidade. Uma sensação de satisfação grande, mas sempre, também, aquela sensação de ter que fazer o melhor trabalho possível para que a sociedade veja isso como algo positivo”, completou.

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