Mendanha e Vitor Hugo disputam espaço entre ruralistas e evangélicos
Governadoriáveis tentam ampliar rede de apoio entre lideranças dos segmentos mais emergentes da política goiana e nacional
O agronegócio é um dos setores que mais ganhou força nos últimos anos. Em um movimento emergente, o segmento tem formado lideranças políticas capazes de influir no debate político Brasil afora. O movimento ascendente chama atenção pelos quatro cantos do País, especialmente em Goiás, estado predominantemente ruralista e conservador.
A chegada da pandemia foi, segundo algumas dessas lideranças, um fator crucial para ampliar a visibilidade do campo. Foi justamente no período de crise que tornou-se ainda mais latente a importância desse segmento.
Diferentemente das eleições anteriores em que a participação do empresariado rural formado por produtores de grãos, pecuaristas, aves e suínos era tímida, agora, o que se vê é um grupo centrado em assumir o protagonismo político e disposto a defender suas bandeiras no Congresso. Esse grupo é impulsionado não apenas pelo boom das commodities, mas pelo apoio explícito do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Situação parecida acontece no seio da comunidade evangélica. Como se não bastasse, pesquisas recentes mostram que o presidente Bolsonaro também lidera as intenções de votos do setor. O protagonismo desse segundo setor é tamanho que recentemente seu principal adversário nas eleições deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), investiu contra o ninho bolsonarista. A alta cúpula petista optou pela criação de comitês especificamente dedicados a popularizar Lula entre os evangélicos. Isso fez com que o petista empenhasse esforços para visitar cultos e fazer acordos com pastores.
De volta à disputa em solo goiano, diante da perda de espaço do governador Ronaldo Caiado (UB), especialmente em meio ao segmento ruralista, coube a Gustavo Mendanha (Patriota) e Vitor Hugo (PL) disputarem espaço em um setor que seus adversários não penetram. Sem se atacarem, haja vista o adversário comum na dianteira das pesquisas de intenção de voto, os candidatos tentam aglutinar a maior força possível para as eleições que se aproximam.
Ambos marcaram presença, inclusive, nos atos de 7 de Setembro que reuniu milhares de Bolsonaristas na capital e também no interior. Encontros que reuniram, inclusive, lideranças dos dois segmentos. Enquanto um concentra energia em mostrar que é o único e verdadeiro candidato do presidente, outro busca se projetar como única alternativa viável de derrotar o caiadismo.
A leitura, nos bastidores, é de que o agro tem mais facilidade em caminhar com Vitor Hugo em detrimento ao nome de Mendanha. Por se tratar de um público com voto mais “alinhado”, a tendência é que, de fato, sigam as orientações do presidente no voto aos governos locais. O discurso de Vitor Hugo de que ter um indicado do presidente no comando do Estado pode trazer resultados mais rápidos aos goianos tem sido assertivo do ponto de vista estratégico.
Em contrapartida, estima-se que Mendanha morda a maior parte dos evangélicos. Sua origem evangélica o permite transitar com mais facilidade entre os fiéis e, consequentemente, as igrejas. Vitor Hugo, por sua vez, não possui ligação direta com a comunidade evangélica. Por ter nascido em berço católico, adotou como estratégia ter uma vice evangélica. O desafio de ambos, especialmente na reta final da campanha, se resume a encontrar uma forma de roubar a cena do adversário sem atacá-lo. Caso briguem entre sí, eles sabem, darão ainda mais musculatura ao projeto de reeleição caiadista.