Os erros de Vitor Hugo e Wolmir Amado na corrida ao governo 

Como mostram pesquisas, candidatos ao governos de Goiás, com gurus na liderança à disputa presidencial não deslancharam

Postado em: 27-09-2022 às 08h15
Por: Yago Sales
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Como mostram pesquisas, candidatos ao governos de Goiás, com gurus na liderança à disputa presidencial não deslancharam | Foto: reprodução

Até o vai e vem do comando do Partido Liberal em Goiás entre Flávio Canedo e a mulher dele, a deputada federal Magda Mofatto, o colega de Câmara Federal. Major Vitor Hugo, sustentava que seria o nome da sigla e do presidente Jair Bolsonaro ao Palácio das Esmeraldas. 

Ao assumir a presidência da legenda, Vitor Hugo ratificou-se na disputa e, no dia 29 de julho, com a presença do próprio presidente, foi coroado o homem de Bolsonaro, afastando, em definitivo, o concorrente Gustavo Mendanha (Patriota), que sonhava com o apoio para minguar a aceitação do governador e candidato à reeleição, Ronaldo Caiado (União Brasil) e chegar ao segundo turno.

No Twitter, tanto Vitor Hugo quanto seu entorno passou a criticar desenfreadamente Mendanha, com forte apelo de bolsonaristas, como a própria Magda – que não desceu do palanque mendanhista -, de João Campos, que se tornaria o candidato ao Senado Federal  na chapa majoritária do ex-prefeito de Aparecida pelo Republicanos e do deputado estadual e candidato a deputado federal Humberto Teófilo (Patriota).

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Em novembro de 2021, Vitor Hugo (PSL) gravou e publicou um vídeo nas redes sociais em que acusava Mendanha de tentar inviabilizá-lo candidato de Bolsonaro ao governo goiano. 

Na ocasião, considerou que o ex-emedebista governaria com o Partido dos Trabalhadores (PT). “Gustavo Mendanha não se furtou, não teve melindres de compor com toda a esquerda durante a reeleição dele para Aparecida. Compondo com o PT, PCdoB, PDT, PSB, PV. São partidos, inclusive, que tem aí denúncias para iniciar processo de impeachment contra o presidente na Câmara dos Deputados”, argumentou o deputado.

À época, Mendanha insurgia como uma saída à oposição ao avanço de Caiado rumo à reeleição, sobretudo quando definiu, a um ano do pleito, o presidente do MDB, Daniel Vilela, como vice. A escolha, como afirmam especialistas, foi maestral. Enfraqueceria a ascenção de Gustavo, que teria muito mais força com a legenda, sobretudo depois da morte dos dois principais líderes: Maguito Vilela e Iris Rezende Machado.

Neste contexto, Vitor Hugo, um rosto desconhecido, contra a imagem do político jovem, em evidente crescimento na elite política goiana, disparou “Ou o Mendanha não sabe ou sabendo ignora todo o mal que a esquerda fez para o Brasil e poderia fazer para Goiás se ele chegasse lá. Já imaginou Goiás com um secretário da Educação do PT? Ou um secretário de Economia, Finanças ou Indústria e Comércio do PSOL ou do PCdoB? Tenho certeza que a nossa sociedade goiana jamais aceitaria”.

O clima – de disputa pela herança eleitoral de Jair Bolsonaro – continua nos debates que Vitor Hugo e Mendanha participariam. Embora bolsonaristas assumidos – e com orgulho -, ambos, Gustavo em menor força, exigiriam alinhamento ideológico do atual ocupante do maior cargo executivo do País. 

Conforme mendanhistas e um apoiador de Vitor ouvidos pelo jornal O Hoje, essa disputa causou danos à imagem do deputado federal que chegou a ser líder do governo na Câmara Federal. “O major era um cara desconhecido, não deveria ter atacado Mendanha, que poderia ter sido um aliado. Juntos, poderiam avançar para o segundo turno, que é praticamente impossível”, disse um nome forte no entorno de Vitor Hugo. 

Outro interlocutor das ideias de Vitor Hugo discorda que críticas ao ex-prefeito de Aparecida tenha tido algum efeito colateral na obtenção de votos, mas que o fato de Vitor Hugo ser discreto, ou seja, menos barulhento nas redes sociais. E aponta mais culpados: “Jornalistas também, por preconceito ou algo assim, deram menos espaço ao candidato, pelo menos na pré-campanha, quando parte do noticiário focava em Mendanha e no próprio Caiado que detém a máquina pública”. 

À própria sorte

Dois petistas se irritam quando o repórter tenta saber se a onipresença de Luiz Inácio Lula da Silva causou distância do eleitorado do ex-presidente com o candidato do Partido dos Trabalhadores ao governo de Goiás, Wolmir Amado. Ou seja, pouco mais de R$1 milhão à campanha transformaram o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) em uma “decoração” vermelha nos debates e na propaganda eleitoral. 

“Nada disso”, começa um candidato a deputado estadual pela legenda, em tom irritadiço, antes de começar uma longa defesa. “A gente sabe que raramente Lula ganha aqui em Goiás, um estado predominantemente de direita, conservador, mas que tem bons candidatos tanto a estadual quanto federal que vão dar uma porcentagem ótima ao ex-presidente”, defende. 

Ao mesmo tempo, sem citar nomes, criticou pesquisas e, num tom otimista, afirma que a transferência de votos ao professor Wolmir vai surpreender e poderá, inclusive, dar fôlego a Gustavo Mendanha chegar ao segundo turno. “No domingo, as pessoas vão reconhecer o poder do ex-presidente Lula nas eleições deste ano em Goiás, quando Caiado for obrigado a brigar no segundo turno”, acrescenta. 

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