Pesquisa é retrato do memento

Ao analisar a pesquisa Serpes divulgada pelo jornal O Popular ontem, cientistas diz que números eram esperados pela situação de cada concorrente

Postado em: 10-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Ao analisar a pesquisa Serpes divulgada pelo jornal O Popular ontem, cientistas diz que números eram esperados pela situação de cada concorrente

Venceslau Pimentel*

A seis meses das eleições, sondagem eleitoral, seja para presidente da República, governador de Estado ou prefeito, é um retrato do momento, ainda mais quando as pré-candidaturas ainda estão sendo postas no processo sucessório. O resultado nas urnas quase sempre diverge dos levantamentos prematuros, ou seja, longe do pleito. Mas alguns são confirmados, dependendo da consistência do candidato ao longo da campanha. Por isso, os números nunca podem ser ignorados, principalmente por quem não lidera as pesquisas.

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Ao contrário, eles servem de bússola na tomada de decisões, na mudança de posicionamento e na busca de uma estratégia que vise a confiança do eleitor. Viradas históricas já foram registradas em Goiás. A mais emblemática aconteceu nas eleições de 1998, quando Marconi Perillo venceu Iris Rezende, até então considerado imbatível. Saiu vitorioso no primeiro e também no segundo turno.

Os números da pesquisa Serpes/O Popular, divulgada ontem, mostram a manutenção da liderança do senador Ronaldo Caiado (Democratas) em relação ao levantamento de dezembro passado, em pesquisa do mesmo instituto, mas contratada pela Acieg: 44% e 39,7%; uma pequena reação do governador José Eliton (PSDB): 6,2% e 6,7%; e queda de Daniel Vilela (MDB): 12,1% e 6,2%.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás Robert Bonifácio, a liderança de Caiado era esperada, pelo conhecimento que o eleitor tem dele e por conta de sucessivos mandatos eletivos desde a década de 1990. No entanto, acha que o senador pode ter atingido o teto de crescimento nas pesquisas, principalmente se não costurar uma ampla aliança das oposições em torno de sua candidatura.

Revezes do governo

O crescimento nas sondagens de Eliton é natural, conforma avalia o cientista político, por ser o candidato governista, e pode ainda ser favorecido com a transferência de votos de seu antecessor Marconi Perillo. Além disso, salienta que a candidatura dele pode ser alavancada pelo programa Goiás na Frente, que pode ser explorado pelo marketing.

Já quanto a Daniel, Bonifácio observa que o deputado federal e presidente do diretório estadual do MDB, apesar da boa votação nas eleições de 2014, tem dificuldades de se apresentar como candidato. Diz ainda que ele saiu prejudicado depois que um grupo dissidente formado por cinco prefeitos do partido declarou apoio a Caiado. O potencial do emedebista vai depender, segundo o cientista político, das alianças e de eventuais nomes de peso que vier a apoiá-lo. O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, pode servir de exemplo.

Sobre o percentual de rejeição registrada pelos três principais pré-candidatos, que estão tecnicamente empatados em torno de 25%, reflete o desânimo do eleitor com a política tradicional, diante de sucessivos escândalos de corrupção. Basta ver que 20,3% disseram que vão anular o voto, e que 22,1% pretendem votar em branco. E, a julgar pelo atual quadro, Bonifácio diz não ver chances de surgir um candidato outside, principalmente depois que o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, decidiu não disputar este ano mandato eletivo. Ele poderia ser a surpresa, diz. 

Por fim, Robert Bonifácio considera que as eleições deste ano deverão ter caráter plebiscitário, colocando em pauta a continuação ou não da administração de José Eliton, considerando todas as gestões do chamado Tempo Novo. 

Pré-candidatos adotam cautela sobre levantamento 

Os três pré-candidatos ao governo de Goiás mais bem posicionados na pesquisa Serpes/O Popular, publicada ontem, repercutiram os números do levantamento. A corrida sucessória é liderada pelo senador Ronaldo Caiado (Democratas), com 39,7%; seguido pelo governador José Eliton (PSDB), com 6,7%; e o deputado federal Daniel Vilela com 6,2%.

Ronaldo Caiado disse que recebe a amostragem com cautela e humildade. “Não podemos perder hora alguma o foco, que é a unidade das oposições e a busca por projetos que estejam em sintonia com o que a sociedade deseja”, afirmou.

Conforme sustenta, “os goianos hoje querem algo novo, que não esteja atrelado às velhas práticas que não solucionam os seus problemas, querem mudar Goiás”. Caiado coordena uma frente político-partidária, com 11 legendas, entre elas PSC, PMN, PMB, Patriotas, PPL, PTC, PRTB e PSDC.

Ao avaliar o levantamento, o governador José Eliton (PSDB), que tomou posse no cargo no sábado passado, com a renúncia de Marconi Perillo (PSDB) e deve disputar cadeira no Senado, foi cauteloso: “Eu tenho dito e reiterado que pesquisa nesse momento pouco significa, é um retrato da fotografia do momento”, comentou ele em entrevista à imprensa, em Rio Verde, ao participar da abertura da Tecnoshow Comigo 2018.

No entanto, Eliton não se furtou em comparar os números divulgados ontem com os da pesquisa Serpes divulgada em dezembro de 2017, encomendada pela Associação Comercial e Industrial do estado de Goiás (Acieg). Naquele levantamento, Caiado registrou 44% da preferência do eleitorado; Daniel com 12,1%; e Eliton com 6,2%.

“Mas de qualquer sorte, se comparamos a Serpes publicada hoje com a Serpes da Acieg publicada em dezembro último, nós vamos observar que os dois pré-candidatos adversários perderam pontsos significativos. Eu fui o único pré-candidato que cresceu. Portanto, a pesquisa que eu quero vencer é a do dia 7 de outubro”, avaliou o governador.

Já Daniel, que registrou a maior queda entre os três pré-candidatos entre os dois levantamentos (5,9 pontos percentuais), se disse otimista com os números. “Como é consenso entre os especialistas, pesquisas eleitorais a tantos meses das eleições aferem muito mais o conhecimento do eleitor sobre os candidatos do que intenção de voto, abrindo espaço para as viradas que caracterizam as eleições para governador em Goiás desde 1994”, avalia.

O emedebista observa que três em cada quatro eleitores estão indecisos no levantamento espontâneo. “Desta forma, só tenho a comemorar o fato de estar empatado em segundo lugar com o atual governador do Estado, mesmo sendo o menos conhecido dentre os pré-candidatos, pois sou o único que nunca disputou uma eleição majoritária”, pontua. “Isto comprova nosso potencial de crescimento e nos motiva ainda mais a construir um projeto renovador e vitorioso para nosso Estado, que é o que estamos fazendo com muita garra e humildade”, prega o parlamentar, que preside o diretório estadual do MDB.

Espontâneo

Ronaldo Caiado também lidera no levantamento espontâneo. Ele registrou 8,7% das intenções de voto, contra 1,5% de José Eliton, e 1% de Daniel Vilela. 

No quesito rejeição, o senador tem 25,2%, enquanto que Eliton e Daniel aparecem empatados com exatos 24,3%.

Na simulação de um eventual segundo turno, Caiado registrou 42,4% contra 11,2% de José Eliton; no cenário sem o senador, o emedebista tem 18,5% e Eliton 16,9%; e no terceiro cenário, sem o governador, Caiado pontuou 42,7% e Daniel 8,9%.

Dos entrevistados, 20,3% responderam que vão anular o voto, e 22,1% ainda não sabem em quem votar. 

O levantamento foi realizado entre 30 de março a 5 de abril. Foram entrevistadas 801 pessoas. A margem de erro é de 3,5 porcentuais para cima ou para baixo. (*Especial para O Hoje) 

Base elegeria nomes para as duas cadeiras no Senado  

A pesquisa Serpes/O Popular publicada ontem mostra que se as eleições fossem hoje a base aliada do governador José Eliton elegeria os dois nomes para o Senado. No levantamento o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) é o preferido para ocupar uma cadeira pelo estado, seguido pela senadora Lúcia Vânia (PSB). Marconi é o primeiro colocado num comparativo com outros sete possíveis candidatos nas pesquisas estimulada e espontânea, quando não é apresentada lista de nomes de candidatos.

Em uma possível disputa entre Marconi Perillo, os senadores Lúcia Vânia (PSB) e Wilder Morais (DEM), os deputados federais João Campos (PRB) e Pedro Chaves (MDB), o ex-deputado Vilmar Rocha (PSD), o ex-senador Demóstenes Torres (PTB) e o vereador de Goiânia Jorge Kajuru (PRP), o tucano aparece com 16,1% dos votos, seguido por Lúcia Vânia, 11,7%, Kajuru com 8,4%, e Demóstenes Torres (PTB), com 6,1%.

Na espontâneo, os eleitores citaram 14 nomes, sendo que 82% dos eleitores goianos não decidiram em quem votar e 5,8% afirmaram que irão anular o voto ou não votar. Entre os citados, Marconi aparece com 4,7%, seguido pela senadora Lúcia Vânia, com 2%. 

Outro ponto de destaque é se considerado a aprovação do tucano na Região Noroeste do Estado, local que ele alcança 25,8% das intenções. Já no Entorno do Distrito Federal, ele tem preferência de 18%. Em Goiânia Marconi foi indicado por 12,7% dos entrevistados, à frente de Lúcia Vânia, com 11,9%, e Demóstenes, com 8,5%. 

Este ano serão eleitos pelo estado dois candidatos, portanto, os 801 entrevistados puderam escolher dois nomes na simulação. Do universo total da pesquisa, 35,3% disseram não ter decidido em quem votar e 8,1% afirmaram que votariam nulo ou não votariam. 

Marconi Perillo renunciou ao quarto mandato de governador na sexta-feira, possivelmente para disputar o Senado. Existe a possibilidade de o ex-governador compor como vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) para a Presidência. (*Especial para O Hoje) 

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