Mesmo em federação com PSDB, Podemos ficará na base caiadista

A federação PSDB e Cidadania pode incluir, em breve, o Podemos na equação. A confirmação é do presidente estadual da legenda que ainda não “federou”, Eurípedes do Carmo. Ele esteve recentemente em Brasília e revelou ao Jornal O Hoje que as conversas estão avançadas. 

“O partido está consultando todos os Estados. Em função disso, estão aguardando o retorno”, diz Eurípedes que concorda com a junção. “Estamos na fase final de definição”, diz sem dar um prazo específico. 

Cada Estado é consultado, pois cada ente da federação tem uma realidade. Em Goiás, por exemplo, a federação PSDB-Cidadania faz oposição ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil). O Podemos não.

Sobre isso, Eurípedes garante que nada muda. Segundo ele, mesmo dentro da federação o Podemos terá liberdade para permanecer com o governador. “O partido é base e terá liberdade para continuar na base de Caiado”, confirmou.

É preciso deixar claro, as federações partidárias são a união de dois ou mais partidos para atuarem como um só. Estas têm prazo mínimo de quatro anos. Diferente da fusão, as legendas continuam a existir de forma independente, apesar do trabalho conjunto. 

Autonomia

Deputado federal pelo Podemos, Glaustin da Fokus também participa das negociações. De acordo com ele, as reuniões ocorrem toda semana. Ele também reforça que a ideia é manter a autonomia dos filiados.  

“Estou participando de todas as conversas. Reunindo semanalmente com a nossa presidente nacional Renata Abreu, com líderes das outras siglas e construindo juntos um desenho que acomode a todos. Nosso trabalho é garantir que não mude nada para os prefeitos e no cenário e que cada um tenha seu espaço dentro do processo”, explicita.

Cidadania

O Jornal O Hoje também conversou com o presidente do Cidadania em Goiás, Gilvane Felipe. Ele, por sua vez, afirma que a discussão ocorre na esfera nacional pelos dois partidos já em federação.

Felipe informou, ainda, que, além do Podemos, existe uma discussão para incluir o MDB na federação. Contudo, ressalta que neste caso a situação é mais difícil – de fato, Eurípedes do Carmo também comentou sobre o MDB e expôs a dificuldade.

Mas ainda sobre Gilvane, o presidente revela que “as coisas com o Podemos parecem evoluir mais tranquilamente, com menos obstáculos, que o MDB. O MDB muda muito de um Estado para outro”. Ele exemplifica que “há Estados em que o MDB é bolsonarista, em outros fez oposição ao governo anterior, então é complicado. Mas é uma discussão nacional e nada está descartado”. 

O Jornal O Hoje também procurou lideranças do PSDB em Goiás para comentar o assunto, mas não teve sucesso.

Corrida pela federação

O PSDB de São Paulo foi quem teria ligado o alerta para que a federação com o Podemos fosse agilizada. Isto, porque o Estado sempre foi o maior reduto tucano, até pela longevidade da legenda no governo de prefeitura da capital. 

Contudo, com a chegada de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo, o PSDB teme um êxodo da sigla. Tanto o Republicanos quanto o PL estariam de olho nos prefeitos tucanos daquele Estado. Dito isto, a saída para a manutenção é o fortalecimento e a expectativa é que o acordo entre as siglas sejam seladas já no próximo mês.

Ao Estadão, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), demonstrou preocupação. “Vão ter cinco, seis partidos no máximo [no próximo pleito]. Se você ficar isolado, morre. Exatamente porque o pessoal pensa na frente, na questão do fundo partidário, de tempo de televisão”, avaliou.