“Ele partiu para cima de mim”, relata servidora que diz ter sido agredida por presidente do PMB

A assessora da Diretoria Legislativa da Câmara Municipal de Goiânia, Aparecida Mármara Costa — conhecida como Cidinha — contou em entrevista exclusiva ao O Hoje que foi agredida e desacatada pelo presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Santana Pires. A informação é de que tudo começou após uma desavença entre ela e o líder do partido que acabou desrespeitando as regras da Casa de Leis em relação à desfiliação de dois servidores para que outros dois fossem nomeados. 

Em relato, a servidora conta que estava em sua sala quando o parlamentar foi até o departamento para “tirar satisfação” do porquê a desfiliação dos dois vereadores ainda não teria sido feita.  “Que que isso? Não ficou acertado a primeira vez que a senhora falou comigo, sobre a documentação dos dois vereadores?”, disse ele, segundo relato da servidora. 

“Eu realmente expliquei que não passo termo de posse se não tiver os documentos na minha mão. Ele queria que eu confiasse em um documento que ele me traria e eu expliquei que não iria confiar em um papel que poderia ser falso”, comenta. “Para mim, se o documento fosse verdadeiro teria a publicação da exoneração do vereador do cargo comissionado no Diário Oficial” enfatizou a servidora. 

Neste momento, Aparecida conta que o presidente do PMB partiu para cima dela com insultos e agressões verbais. “Ele partiu para cima de mim. Me desacatou, me xingou enquanto eu estava sentada na minha cadeira. Mas olha, ele me pegou tão de supetão que eu nem atinei em filmar. Ele só parou quando o vereador Edgar Duarte entrou no meio e me defendeu”, argumenta eufórica ao contar a cena.

“Me respeita! E se retire da minha sala!”, disse ao presidente do partido. “Foi quando ele se irritou e me respondeu: ‘Sua velha, você tem mais de 47 anos de casa e tem mais é que se aposentar e cuidar dos seus netos!”, relatou eufórica. 

A cena foi tão barulhenta que outros colegas da servidora foram até o departamento para entender o que havia acontecido. O caso repercutiu pela Câmara, e chegou a vereadora Aava Santiago (PSDB), atual coordenadora da Ouvidoria da Mulher. Ao tomar ciência, Aava denunciou o caso de agressão e se pronunciou na última terça-feira (6), no Plenário. 

“O presidente do PMB, senhor Santana Pires, na quinta-feira tinha agredido verbalmente e por um pouco não agrediu fisicamente a servidora Cidinha. E imediatamente, assim que eu soube pedi a palavra para denunciá-lo porque ele estava dentro do Plenário. Havia agredido uma servidora e estava dentro do Plenário”, disse em entrevista à TV Câmara. “Ele a agrediu de forma misógina. Agrediu no exercício da função de funcionária pública, e não pode continuar com o benefício de transitar na Casa depois de ter feito isso”. 

A vereadora também assinou uma nota de repúdio em conjunto com os vereadores presentes na sessão e anunciou medidas de apoio necessárias para a servidora. “Já conversei com a servidora e ela fez um Boletim de Ocorrência contra o presidente do PMB. Também acionei o Jurídico e o psicológico da Ouvidoria da Mulher, que já está em contato com a servidora para ampará-la no que for preciso”, concluiu a parlamentar.

Ao ficarem cientes do caso, dois vereadores do Partido da Mulher Brasileira, Ronilson Reis e Leandro Senna também anunciaram a desfiliação imediata do partido. “Em ato de repúdio, eu pedi a desfiliação e também renunciei a liderança do partido nesta casa. É inadmissível a transgressão e agressão de um presidente do partido, em que deveria dar exemplo para as pessoas agredirem outras mulheres dentro desta casa”, enfatizou Ronilson Reis. 

Aparecida Mármara trabalha na Câmara há 47 anos e conta que nunca havia tido problemas com colegas de trabalho, desde então. “Já fui homenageada na Câmara diversas vezes e jamais iria expor a Câmara assim. Fui criada para ser honesta e fazer as coisas de forma correta. Não aceito jeitinho brasileiro. Não faço mesmo”. 

“Usaram a tribuna de forma maldosa”, diz Santana 

Após ter sido acusado de agredir uma servidora na Câmara Municipal de Goiânia, o presidente estadual do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Santana Pires, se pronunciou sobre o incidente. “Em momento algum cheguei a encostar na Cidinha. Sei respeitar as mulheres e especialmente minhas colegas de trabalho. Fiz uma brincadeira que pode ter sido interpretada de maneira errada. Mas, diante da situação, tenho a humildade de pedir desculpas a servidora que se sentiu ofendida”, relatou ao O HOJE.

Ao portal, Santana contou que tudo não passou de um mal-entendido e que estava fazendo apenas uma brincadeira com a colega. “Fui conversar com ela na quinta-feira passada e ela disse que estava querendo se aposentar, após 47 anos de casa. Aí eu brinquei que tínhamos que nos aposentar para descansarmos um pouco e cuidarmos dos netos. Foi uma brincadeira, ela pensou que era maldade, mas não foi”.

Santana Pires e o Partido da Mulher Brasileira (PMB) afirmaram que falarão sobre o caso na sessão da próxima quinta-feira (15), durante tribuna livre. Segundo ele, tudo está “distorcido” e que esclarecerá a situação.