Pauta LGBT+ suscita antagonismo entre políticos de direita e esquerda

Evento ocorreu no domingo e atraiu atenção por pauta em defesa da vida de trans e travestis

Postado em: 26-06-2023 às 08h00
Por: Yago Sales
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Evento ocorreu no domingo e atraiu atenção por pauta em defesa da vida de trans e travestis. | Foto: Reprodução

O domingo (28) friorento não impediu a concentração de uma multidão na 28° edição da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ em Goiânia. Enquanto as ruas do Centro da capital se formavam as cores do arco-íris, predominava, no campo político, o debate antagônico entre o conservadorismo e o progressismo. 

O tema da edição de 2023 contempla o cenário de violência contra a letra “T” do abecedário do movimento: “Transfobia mata: acolher, proteger e respeitar”. As pessoas trans, segundo entidades que defendem a comunidade e de Direitos Humanos, é a que mais sofre com a violência por conta da orientação sexual e identificação de gênero. Essa é a justificativa para a população trans ter sido escolhida como destaque para a visibilidade, o que ocorreu com discursos e cartazes. 

Alvo de comentários injustificáveis, a sigla LGBTQIAPN+ significa, respectivamente: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, Pansexuais, Não-binários e outras identidades e orientações que podem ser incluídas no “+”. 

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Goiás, como não é nenhuma novidade, é um estado predominantemente conservador – embora haja, em sua minoria, políticos de esquerda e, por isso, mais próximos da defesa da pessoa LGBT+. Nas redes sociais, o deputado estadual Mauro Rubem publicou um chamado, informando que iria ao evento. 

Outro nome que tem uma posição mais aberta – até por se afirmar como policial rodoviário federal e gay – é Fabrício Rosa, que por pouco não se tornou deputado estadual pelo PT na eleição passada, ficando na suplência. 

Ao mesmo tempo, personagens da política goiana têm protagonizado o antagonismo às pautas afirmativas e, como conservadores que o são, levantam pautas do tipo do deputado estadual Cairo Salim (PSD). Menos de uma semana da Parada LGBTQIAPN+, no dia 20, o parlamentar apresentou,  na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), um projeto de lei que proíbe a participação de crianças e adolescentes nos eventos que ocorram em Goiás. O parlamentar justifica que a Parada Gay, como é popularmente conhecida, é um evento que “envolve uma temática adulta que aborda questões relacionadas à diversidade sexual, identidade de gênero e orientação sexual”.

O deputado ainda ressalta que alguns participantes aparecem “seminuas, insinuações sexuais e cenas de intimidade inadequadas para menores”. A propositura estabelece que os organizadores da Parada Gay deverão tomar todas as medidas necessárias para verificar a idade dos participantes e que, em caso de violação da nova regra, estarão sujeitos a multas no valor de até 80 salários mínimos

O deputado foi acusado de homofobia em fevereiro. O parlamentar postou a informação de que a levantadora de peso trans Laurel Hubbard sofreu “lesão trágica no testículo”. Ou seja, uma fake news. Em outra ocasião, Salim, que foi apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fez um comentário sobre a Lego lançar bonecos com roupas coloridas. “Globalistas tem [sic] usado suas ideologias para afetar crianças”, afirmou. 

Outro parlamentar que se encrencou com a militância foi o deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil). Ele se tornou réu no início do ano ao, como o colega da Alego, fazer uma publicação no Instagram, associando cores da bandeira LGBTQIAPN+ com algo diabólico. “Na minha família, não”, dizia a mensagem, que ainda continha um chavão do deputado que, como Salim, é apoiador de Bolsonaro: “Tá dado o recado”. Um coletivo de militantes foi à Polícia Civil e denunciaram o parlamentar. 

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