Lula terá segunda indicação ao STF ainda este ano

Cientista político diz que presidente está “traumatizado” com o Judiciário e deve agradar bases e PT em sua próxima escolha

Postado em: 30-06-2023 às 07h30
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Lula terá segunda indicação ao STF ainda este ano
Vale citar, o petista ainda indicará mais um nome, neste ano, para o tribunal | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou o advogado nos processos dele na Lava Jato, Cristiano Zanin Martins, em 1º de junho, para o Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de alguns elogios – inclusive de ministros da Corte –, a indicação gerou críticas em diversos setores e desconfiança. Vale citar, o petista ainda indicará mais um nome, neste ano, para o tribunal.

Zanin foi lançado para a vaga deixada, em abril, por Ricardo Lewandowski. Em outubro, a ministra Rosa Weber faz 75 anos e também terá que se aposentar compulsoriamente. Parece longe, mas o presidente Lula já deve ter, em mente, nomes para ocupar o segundo espaço na Corte máxima do País.

A tendência, segundo o professor e cientista político Guilherme Carvalho é de contemplar as bases e, também, o Partido dos Trabalhadores (PT). De acordo com ele, o petista está “traumatizado” com o Poder Judiciário. “Isso faz com que, diferente dos primeiros mandatos, ele não entregue um poder deliberativo ao Poder Judiciário.”

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Em seus dois primeiros mandatos, Lula indicou Cezar Peluso, Ayres Britto, Joaquim Barbosa e Menezes Direito – os três primeiros se aposentaram e o último morreu (2009). Além deles, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Dias Toffoli.

Joaquim Barbosa, lembra Guilherme, foi duro com o PT e com Lula na ação penal 470, a do mensalão. Isso faz com que Lula pense com mais cautela, principalmente pelo momento polarizado que passa o País. “Momento de dificuldade para reestruturar a institucionalidade, os freios e contrapesos e o papel do Judiciário nisso.”

Para ele, Lula deve tomar uma decisão pessoal com o entendimento que precisa de mais aliados em mais postos. “Não acredito em critério simplesmente técnico. Ainda mais correndo o risco de uma atuação polarizada.” Mais uma vez, ele lembra Barbosa ao citar que muitos membros do STF têm motivações políticas. Joaquim se filiou ao PSB e quase disputou à presidência em mais de uma ocasião.

“Então, com Zanin ele tomou uma decisão pragmática. Ele deve manter esse entendimento para a próxima, mas com uma leitura mais ampla”, pensa o professor e cientista político.

E ainda sobre as indicações, ele cita que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) escolheu o Advogado-Geral da União (Gilmar Mendes) e Bolsonaro (PL) o AGU e ministro da Justiça (André Mendonça). “Tende a ser escolha política”, reforça ao pontuar os outros casos.

Questionado sobre possíveis nomes, ele pensa que Lula, a fim de agradar as bases, possa escolher uma ministra negra. A demanda já existia para a vaga de Lewandowski, mas não foi acatada. Nominalmente, todavia, ele cita o ministro dos Direitos Humanos, e da Cidadania, Silvio Almeida.

Conforme a biografia do mesmo no site do Ministério, ele é professor universitário, advogado, jurista e filósofo. “Graduou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1995-1999) e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (2004-2011). É mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo. É professor visitante da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, e pesquisador da Universidade Duke (EUA).

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