Saúde de Goiás registra 276 ocorrências de hepatites virais somente em 2023

A doença ganha mais relevância neste mês, conhecido como Julho Amarelo quando é celebrado o Dia Mundial de Luta contra estas doenças

Postado em: 06-07-2023 às 08h30
Por: Ronilma Pinheiro
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A Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/Aids e Hepatites Virais da SES-GO realiza ações rotineiras de testagens | Foto: Arquivo/SES-GO

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) emitiu um alerta para os riscos das hepatites virais, devido ao número de casos registrados em todo o estado. Além disso,  a doença ganha mais relevância neste mês, conhecido como  Julho Amarelo, em virtude do dia 28, definido em 2010 como Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.

Este ano, 276 ocorrências dessas doenças foram notificadas pela SES-GO. Entre os anos de 2010 e 2023 foram registrados 8.573 casos de hepatites B e C, sendo 4.689 do sexo masculino e 3.884 do sexo feminino. O maior número de incidências da doença está entre pessoas de 30 a 59 anos, com 2.407 casos. Além disso, foram registrados 634 óbitos no período. 

A Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/Aids e Hepatites Virais da SES-GO realiza ações rotineiras de testagens, para a identificação dos casos. “Fazemos os testes rápidos e, em 20 minutos, a pessoa tem o resultado. Lembrando que são testes de triagem, portanto, em caso positivo, encaminhamos a pessoa ao Serviço de Atenção Especializada (SAE), para confirmação do diagnóstico”, explica a coordenadora Polyanna Ribeiro Guerreiro.

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Após o paciente realizar o teste das hepatites B e C, é encaminhado a um serviço de referência para que o médico avalie a necessidade ou não do tratamento. O tratamento da doença é realizado de acordo com os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde.

O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue, “basta uma gotinha de sangue retirada na ponta do dedo ou uma coleta convencional, para a realização do exame”, destaca o médico hepatologista, Rafael Ximenes .

De acordo com o médico, o diagnóstico precoce permite um tratamento da doença ainda na fase inicial e isso pode evitar a evolução para para o câncer de fígado ou uma cirrose, que é uma doença crônica do fígado, decorrente de processos inflamatórios persistentes no órgão. 

Existem várias maneiras de prevenir  a contaminação da hepatite. “A prevenção pode ser feita por meio da vacina, do uso de preservativo e o pré-natal também evita a transmissão de mãe para filhos. Além disso, não compartilhar matérias que possam ter contaminação com sangue, como lâmina de barbear, material de manicure e pedicure, materiais de procedimentos médicos, odontológicos e estéticos, também pode evitar a contaminação”.

Tratamentos da doença

De acordo com Rafael Ximenes, as hepatites virais são doenças caracterizadas pela inflamação do fígado, causadas por diferentes tipos do vírus hepatotrópicos. Ela é considerada silenciosa, uma vez que a grande maioria dos casos não apresenta sintomas e geralmente são diagnosticados em estágios avançados.

“A doença pode ser transmitida por meio da água ou alimentos contaminados, relações sexuais desprotegidas, também pode ser passada de mãe para filhos. No caso da hepatite C, ela pode ser transmitida pelo sangue ou por algum material que esteja contaminado com sangue”, explica Rafael Ximenes. Além disso, a hepatite pode ser causada pelo abuso de medicamentos, uso de álcool e outras drogas, segundo a SES-GO.

Os tratamentos são realizados por meio de medicamentos via oral. “No caso da hepatite C, os remédios devem ser usados de oito a 24 semanas, com uma chance maior de 90% de cura e pouco efeito colateral. No tratamento da hepatite B, também é feio o uso de remédios que ajudam no controle da infecção, ou seja, o vírus para de circular no sangue, mas pode voltar a se multiplicar caso o paciente deixe de usar o medicamento”, detalha o hepatologista. As doenças que evoluem para quadros graves podem levar à morte.

De acordo com o médico, na fase aguda da doença, os sintomas são inespecíficos, nas primeiras semanas de contaminação, por exemplo, o paciente passa a ter falta de apetite, náuseas, desconforto no abdômen, mal estar, febre e icterícia, termo usado para descrever a coloração amarelada ou alaranjada dos olhos e da pele. “Nos casos mais graves, a pessoa pode apresentar alteração neurológica, com confusão mental e sonolência, que é a chamada Encefalopatia Hepática”, disse. 

Quando a doença se torna crônica, a pessoa infectada pode passar até décadas sem sentir os sintomas, até que o quadro evolua para uma cirrose ou câncer de fígado. Segundo o médico, nesta fase, os sintomas são: aumento do volume abdominal por causa do acúmulo de água na barriga e hemorragia digestiva, quando o paciente tem vômito com sangue e apresenta sangue nas fezes.

Julho Amarelo

Instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019, a campanha “Julho Amarelo”  tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais, 

com o objetivo de informar a população sobre as diferentes formas de hepatite viral, seus modos de transmissão, prevenção, diagnóstico e tratamento.

Esta conscientização da sociedade sobre as doenças pode reduzir a incidência dessas infecções, garantir o acesso ao tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas, uma vez que nem sempre as hepatites virais apresentam sintomas, e por isso, muitas pessoas deixam de fazer os exames.

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