Após cinco meses, CEI da Comurg não apontará exonerações

Nos bastidores, comentário é que assunto “caiu no esquecimento” da Casa de Leis. Relatório deve ser entregue no próximo dia 17

Postado em: 07-08-2023 às 08h22
Por: Rodrigo Melo
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Nos bastidores, comentário é que assunto “caiu no esquecimento” da Casa de Leis. Relatório deve ser entregue no próximo dia 17 | Foto: Reprodução

O relatório da Comissão Especial de Inquérito (CEI), que investiga supostas irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), não deve apontar possíveis exonerações na empresa. A afirmação é do relator da CEI, Thialu Guiotti (Avante).

Previsto para ser entregue no dia 17 de agosto, o relatório apresentará, além dos problemas e falhas, sugestões de medidas a serem tomadas pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos).

“Eu estou analisando inclusive a sugestão de alguns parlamentares para que possamos incluir no relatório. Mas eu, de maneira específica, quero além de apresentar os problemas e as falhas, soluções a serem tomadas automaticamente pelo chefe do Poder Executivo. […] O que tem na Comurg? Falta de gestão. Qual é o caminho para poder resolver a falta de gestão? Esse que tem que ser a resposta que nós temos que responder as pessoas. Caberá ao prefeito tomar as medidas necessárias”, disse o relator.

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O parlamentar ainda justificou que no passado houve outras investigações na Comurg que desencadearam em exonerações e inclusive prisões. No entanto, ele questiona se essas ações solucionaram de fato o problema.

“As substituições e as exonerações que foram feitas até na data de hoje surtiram efeitos na melhoria do serviço prestado pela companhia? Mudar o ‘João Pedro Manoel’ resolve o problema da Comurg ou cabe ao chefe do Poder Executivo fazer as alterações administrativas e financeiras necessárias? O que adianta eu solicitar a exoneração do presidente, dos diretores e funcionários da Comurg? Vai entrar uma nova presidência, vai entrar uma nova diretoria, vão entrar novos funcionários. O serviço vai melhorar?”, declarou Guiotti.

Os questionamentos dos parlamentares se concentraram, especialmente, no contrato assinado em 1° de junho de 2022 no valor de R$ 12.2 milhões. O montante milionário foi repassado de maneira antecipada à Comurg. Dirigentes da pasta se divergiram ao explicarem a aplicação dos recursos na CEI.

Soluções propostas

O vereador adiantou que será proposto como solução a terceirização da frota de caminhões de lixo e da destinação dos resíduos, que atualmente é no aterro sanitário. O aterro de Goiânia já foi alvo do Ministério Público de Goiás (MP-GO) por conter inadequações como chorume deixado em céu aberto, descarte irregular de resíduos de construção civil, falta de licenciamento ambiental e perigo da rede elétrica que teve de tomar outro curso, pois passava sobre o aterro.

“A partir do momento que você faz uma locação, isso traz economia a quem está alugando e automaticamente, se existe caminhões quebrados, como foi demonstrado que caminhão quebra com muita frequência, a empresa responsável tem 48 horas pra substitui-lo”, disse.

“Já foi demonstrado pelo levantamento feito pela própria companhia, que se quer terceirizar a destinação do lixo haverá uma economia superior a R$ 11 milhões. E por que que continua pegando o lixo em Goiânia inteira e colocando no aterro sanitário? Esses são os meus questionamentos e automaticamente serão apresentadas as soluções.”

Esfriamento após indicações

O fato é que, antes de concluir os 120 dias de trabalho, a comissão já havia se esfriado após o Rogério Cruz acomodar indicações de integrantes da CEI em sua gestão. Danilo Rabelo foi indicado pelo relator para assumir a Secretaria Municipal de Esportes; Paulo Henrique da Farmácia (Agir) indicou o pai, Paulo da Farmácia para ser o novo secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sictec). Por último, o vice-presidente da comissão, vereador Welton Lemos (Podemos) indicou a esposa para secretaria executiva do Instituto Municipal de Assistência aos Servidores (IMAS).

Desde o dia 14 de março, quando foi instalada a Comissão, o assunto tomou os noticiários por meses na capital. Insatisfeitos com Rogério Cruz, integrantes atingiram até mesmo aliados do prefeito. Meses depois, porém, o comentário é que o assunto “caiu no esquecimento”. 

Durante discurso na Câmara Municipal, o presidente da CEI, Ronilson Reis (sem partido), acusou deputado estadual Clécio Alves (MDB) de ser o “dono da Comurg”. Entre as inúmeras crítica, Reis alegou que o vereador loteou a companhia com indicações duvidosas.

Ronilson ainda alegou que o atual presidente da Comurg, Alisson Silva, só atenderia as solicitações do deputado porque teria sido indicado por ele. Em resposta, Alves afirmou que as acusações são falsas e que ele é apenas um servidor público que sempre trabalhou com honestidade e transparência em suas atividades políticas.

“Tem que ter coragem de mexer nessa ferida, porque se não mexer, alguém está tendo algum tipo de benefício, porque não tem lógica. Se o serviço público preza pela qualidade e pela economia, por que que então não tem qualidade e está pagando mais caro?”, disse o relator da CEI ao O Hoje.

CEI

Os membros da comissão ouviram fornecedores, prestadores de serviço, servidores, ex-servidores, diretores e ex-diretores da companhia responsável pela limpeza da Goiânia, além do atual presidente do órgão, Alisson Silva Borges, um dos primeiros a prestar depoimento. Secretários e ex-secretários da administração municipal também foram convocados.

Apesar disso, parte dos convocados, como outros servidores e empresários e até o secretário de Finanças, Vinícius Alves, não foram intimados. Mesmo assim, o relator acredita que as oitivas realizadas foram suficientes para a criação do relatório.

“Nós temos um objeto específico da CEI: apuração de possíveis desvios do INSS; de possíveis desvios do plano de saúde, que é o Imas; e da questão do adiantamento [de pagamentos]. Esses pontos foram completamente esgotados. Agora se alguém apresentou requerimento e solicitou para retirar depois, aí tem que perguntar a quem colocou e a quem retirou”, apontou Guiotti.

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