Desde operação da PF, Amauri não vai ao plenário da Alego 

Deputado revela que colega foi orientado a não ir à tribuna para evitar atrito “com o pessoal do PT”

Postado em: 02-09-2023 às 08h30
Por: Francisco Costa
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Desde operação da PF, Amauri não vai ao plenário da Alego  | Foto: Agência Assembleia de Notícias

O deputado estadual goiano Amauri Ribeiro (União Brasil) foi alvo de uma nova fase da Operação Lesa Pátria, na manhã da última terça-feira (29). Desde então, ele não foi mais visto no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). O parlamentar marcou presença de maneira remota nos encontros que sucederam o episódio, como, por exemplo, o da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ocorrido na quinta (31/8).

A Casa, desde a pandemia da Covid-19, realiza sessões híbridas. Muitos deputados participam de forma remota, com discursos e posições. Amauri, que comumente faz uso da tribuna, desta vez se manteve silencioso. 

Um deputado confidenciou ao Jornal O Hoje que foi recomendado ao colega que ele evitasse ir, especificamente, ao plenário. “Para evitar atrito com o pessoal do PT”, revelou e continuou: “Amauri é muito respeitoso entre os colegas. Creio que as coisas podem seguir o eixo, mas não é hora de atritos.”

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Vale lembrar, a PF cumpriu dois mandados de busca e apreensão em imóveis do deputado em Goiânia e em Piracanjuba. Um celular foi apreendido. A ação tem o objetivo de identificar pessoas que incitaram, participaram e fomentaram os atos de vandalismo ocorridos em 8/1, em Brasília, contra a sede dos Três Poderes.

Em 6 de junho o parlamentar subiu na tribuna da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para criticar a prisão do tenente-coronel Benito Franco, que ocorreu há cerca de dois meses, também no âmbito da Lesa Pátria. Segundo Amauri Ribeiro, ele próprio também deveria estar preso, pois cometeu o mesmo erro.

“Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, declarou naquele momento.

A fala ganhou a mídia nacional, à época. Por isso, naquele momento, ele contratou o advogado Demóstenes Torres. O defensor, ainda na data, informou que Amauri prestou depoimento à Polícia Federal, conforme determinado pelo ministro Alexandre de Moraes.  “Foram respondidas todas as perguntas formuladas pela autoridade policial”, disse o jurista que assegurou, ainda, que o parlamentar continuará “ao dispor para qualquer outro esclarecimento”. 

O Jornal O Hoje procurou Demóstenes na sexta-feira (1º/9) para saber se houve alguma orientação sobre a participação do deputado na Assembleia. Até o fechamento, entretanto, não houve retorno do advogado.

Atrito

No dia do ocorrido, parlamentares subiram à tribuna para defender e atacar o colega. Vozes antagônicas no Parlamento, os ex-colegas da Câmara Municipal de Goiânia, deputados Clécio Alves (Republicanos) e Mauro Rubem (PT), discursaram sobre o mesmo assunto com óticas diferentes. 

O primeiro a falar sobre a situação foi Clécio. “Quero manifestar minha solidariedade ao deputado Amauri Ribeiro. Lamento que um deputado eleito pelo voto popular não tenha o direito de usar a tribuna e fazer uso de sua imunidade parlamentar. Isso que é ferir a democracia, na minha opinião. Uma das belezas da democracia é a pessoa poder concordar, discordar, criticar, não aceitar. O cidadão comum tem esse direito. Isso é democracia ou será que estou enganado?”

Depois, foi a vez de Rubem rebater o discurso. Ao ocupar a tribuna, o parlamentar disparou: “Gostaria de parabenizar o Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal, que de maneira correta e adequada está passando a limpo esse país. A busca e apreensão na casa do deputado aqui de Goiás que todo mundo sabe quem é, é uma atitude necessária e importante para que o Estado Democrático de Direito seja respeitado nesse País” 

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