Delegado Waldir permanece com argumento de combate à corrupção no Detran-GO

Recentemente, em uma entrevista, Waldir assim classificou o espírito das coisas quando assumiu o Detran: “Casa mal-assombrada”

Postado em: 12-09-2023 às 08h00
Por: Yago Sales
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Recentemente, em uma entrevista, Waldir assim classificou o espírito das coisas quando assumiu o Detran: “Casa mal-assombrada” | Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Quando chegou ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran-GO), Delegado Waldir, do União Brasil, surgia com uma estratégia que todos os goianos já conheciam: sem papas na língua, legalista e com espírito para mudar o curso das coisas que circundam o órgão. Entre essas coisas, a corrupção. 

Nas últimas semanas, o noticiário trouxe informações de prisões e afastamentos de servidores ou prestadores de serviços envolvidos em alguma tramoia no órgão. Tudo sob o olhar de seu presidente, além de um experiente policial – ele é delegado de polícia – um parlamentar acostumado às pressões de Brasília e do poder político-partidário. 

Delegado Waldir assumiu o cargo de presidente do Detran em março deste ano. Na ocasião da posse, a reportagem do jornal O Hoje destacou que ele chegava ao órgão exatamente dez anos depois de ter sido, a contragosto, afastado da Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito (Dict) quando fez uma das gestões mais combativas quando se fala em violência sobre quatro ou duas rodas em Goiânia. 

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Recentemente, em uma entrevista ao Programa Papo Aberto, da rádio Nova Bethel FM, Waldir assim classificou o espírito das coisas quando assumiu o Detran: “Casa mal-assombrada”. Na mesma conversa, em que reuniam um grupo de comunicadores, ele comentou a última operação que reduziu o quantitativo de servidores envolvidos em corrupção no órgão. 

“A primeira prisão da história do Detran foi feita nessa semana. Fizemos afastamento de cerca de 100 servidores, todos envolvidos em corrupção”, disse ele que afirmou que está cumprindo o que havia prometido: combater qualquer desvio. 

Na mesma entrevista, que foi destaque do Portal Z, do jornalista Guilherme Coelho, Waldir fez algumas revelações de arrepiar os cabelos: presidentes do Detran que assumiram na gestão do governador Ronaldo Caiado tiveram de enfrentar rotinas de ameaças e tentativas de coação.  

“Para estar no Detran, tem que ter coragem”, disse Waldir, antes de revelar que os ex-presidentes do Detran, Marcos Roberto Silva e Eduardo Machado, foram ameaçados de morte. Ainda segundo o presidente, Marcos sofreu um atentado a bala quando estava dentro do carro parado em uma rua. Sobre isto, ele reconhece: “Entendo porque não quiseram mexer em vários núcleos no Detran, mas eu não tenho o menor receio”.  

A fala é de um homem que chegou à Câmara Federal duas vezes – em 2014 e 2018 – como o mais bem votado. Antes de dar início à vida política, como delegado, dirigia diversas operações nas madrugadas, e levava, com vários policiais, dezenas de presos para a carceragem da Dict, aplicava multas das mais altas do País e dava lição de moral aos cachaceiros de plantão. 

Como delegado, não perdia a chance de olhar para a câmera, apontar o dedo e chamar qualquer motorista embriagado que matasse alguém com a alcunha de assassino. Por sugestão dele, a Polícia Civil foi a segunda no Brasil a solicitar à Justiça punição mais severa ao motorista que fosse flagrado embriagado: cinco anos sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). 

A atuação de Waldir, no entanto, não agradou a cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e nem ao então governador Marconi Perillo. Depois de criticar, à época, o Detran, órgão do qual se tornou presidente em março, Waldir foi afastado da Delegacia de Trânsito. Na ocasião, o então delegado teceu críticas ao Detran porque o órgão não havia permitido que ele a delegacia da qual era titular participasse da “Balada Responsável”. 

Como presidente do Detran, Waldir tem andado de braços dados com a coerência legalista que o fez ganhar confiança de Caiado para nomeá-lo ao cargo. Menos midiático do que se esperava, ele parece mais acanhado, embora trazendo resultados. Havia expectativa de ele lançar-se como pré-candidato a prefeito, mas, ao que parece, até por uma questão partidária – Bruno Peixoto é o nome do partido -, Waldir não apostar, como fez em 2016. Naquele ano ele ficou em terceiro lugar na disputa que marcou o retorno de Iris Rezende ao Paço.

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