Pastor de igreja evangélica de Goiás suspeita de praticar ‘cura gay’ nega acusações

"Nunca propomos nenhuma cura, apenas amamos a Karol", afirmou Wellington Rocha

Postado em: 18-10-2023 às 15h00
Por: Larissa Oliveira
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O pastor Wllington Rocha - Foto: Divulgação/Facebook

O pastor Wellington Rocha, da igreja Assembleia de Deus de Rio Verde, em Goiás, publicou um vídeo em seu Instagram, prestando homenagem a Karol Eller, que faleceu na semana passada. A publicação ocorreu logo após os deputados federais do PSOL Erika Hilton (SP), Pastor Henrique Vieira (RJ) e Luciene Cavalcante (SP) acionarem o Ministério Público, solicitando uma investigação. Há a suspeita de que Karol foi vítima de uma tentativa de “cura gay” no retiro “Maanaim”, realizado pela igreja em questão.

O falecimento de Karol Eller ocorreu um mês após a influenciadora anunciar a sua “conversão”. “Os tratamentos de ‘cura gay’ são verdadeiras práticas de tortura e agressão a toda a população LGTBQIAPN+, cuja orientação sexual ou designação de gênero são características inerentes a cada sujeito, sendo impossível sua alteração”, afirmaram Hilton, Vieira e Cavalcante na representação. Ademais, os deputados também destacaram que o Conselho Federal de Psicologia veda a prática.

Falas do pastor

Primeiramente, o pastor compara “A Morte de Ivan Ilith” à “Bíblia Sagrada”. Segundo ele, o personagem da primeira obra teve “uma vida banal e uma morte igualmente sem sentido”. Sobre o segundo livro, o pastor comenta sobre a morte de Sansão, que teve uma vida “extremamente dinâmica, contudo pouco exemplar”. Porém, Wellington destaca que o segundo personagem teve uma morte heróica. “Aqui, vemos dois extremos de uma realidade que todos nós iremos experenciar: a morte”, acrescentou.

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O pastou ainda pontua que Ivan Ilitch teve uma vida “sem sentido”, enquanto Sansão teve uma vida “cheia de propósitos não aproveitados”. “Não temos uma vida sem sentido, mas também não podemos dizer que temos uma vida tal, capaz de marcar a história de uma geração inteira”, opinou. Em seguida, Wellington discorre que a vida de todos é marcada por “dramas, sorrisos e abraços”, em que há momentos felizes e também de tristeza e lágrimas.

“Você que se identifica com a realidade da vida humana, é para você que trago essa mensagem. Tem um pouco de desabafo, eu sei. Essa é uma homenagem à minha amiga Karol e, com toda certeza, uma filha que o senhor me deu e que se foi tão rápido. Eu conheci a Karol no dia 19 de julho, exatamente às 18 horas, em uma live, há menos de três meses”, relata. Na ocasião, o pastor descreve que Karol estava em prantos, dizendo que havia desistido da vida.

Karol e a igreja

“Eu como pastor não poderia testemunhar uma pessoa tão aflita e não fazer nada. Conversamos, oramos e, quando terminou a live, nós ainda conversamos por mais de horas. Ela se abriu comigo, era muita dor, uma história de abusos, fugas e, como eu disse, muita dor”, afirmou. De acordo com Wellington, “a sexualidade dela nunca foi tabu ou um problema para mim, nem para qualquer um de nossa igreja”. Além disso, o pastor comenta sobre a suspeita sobre a suposta prática de ‘cura gay’.

“Nunca propomos nenhuma cura. Nós a recebemos do jeitinho que ela estava, nós apenas amamos a Karol. Nós abaraçamos, nós cuidamos de uma pessoa com marcas profundas em sua alma e que estava pedindo socorro. Nesse processo tão rápido, geramos uma filha que nos foi tirada como um aborto, que tira dos pais o seu bebê ainda sem ser formado. Não tinha como não amar a Karol, sempre doce, mas com marcas amargas na alma”, argumentou o pastor.

Depois, Wellington pontua que não esperava “esse fim”, mas que o temia. Além disso, o pastor alegou Karol vinha de um longo processo depressivo. “Eu me pergunto onde estava toda essa turma que agora culpa a igreja pela sua decisão. Antes de nós, quem procurou saber como ela estava? Quem ligou para ver se ela precisava de alguma ajuda ou foi abraçá-la independente do que ela acreditava e do que ela era? Quem agrediu a Karol não foi a igreja, foram vocês que conhecem o amor como palavra e não como estilo de vida. Hoje eu digo sem culpa nenhuma, nós amamos e fizemos o que estava ao nosso alcance”, concluiu.

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