Bancada do PT protocola representação contra Amauri Ribeiro

Representação assinada pelo trio considera o parlamentar um “violador contumaz” dos preceitos constitucionais e narra histórico de agressões ao Parlamento e seus integrantes

Postado em: 20-10-2023 às 08h30
Por: Luan Monteiro
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O documento defende que, em 10 de outubro de 2023, Amauri descumpriu seus deveres fundamentais de zelar pelo prestígio, aprimoramento e valorização das instituições democráticas | Foto: Maycon Cardoso/Alego

Os deputados membros da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) assinaram, na tarde da última quinta-feira, 19, uma representação por quebra de decoro contra o deputado Amauri Ribeiro (UB). O documento defende que, em 10 de outubro de 2023, Amauri descumpriu seus deveres fundamentais de zelar pelo prestígio, aprimoramento e valorização das instituições democráticas, além de praticar “conduta incompatível com o decoro”.

De maneira conjunta, os deputados Mauro Rubem, Bia de Lima e Antônio Gomide chamam atenção para a tentativa de agressão física do parlamentar a Rubem. A ação, segundo eles, só não se concretizou em função da intervenção dos colegas e seguranças em plenário. Em anexo, os parlamentares destacaram alguns dizeres de Amauri: “seu filho de uma puta, seu drogado, seu filho de uma puta, seu safado, seu bosta”, disse a Rubem. E continua: “eu vou te ensinar a nunca mais mexer com a minha filha, vou te pegar”. O documento destaca que no dia seguinte, ou seja, no dia 11 de outubro, o parlamentar voltou a atacar Rubem. 

A experiência de Bia de Lima também foi ressaltada no documento, tendo incorrido, inclusive, contra a honra “tipificados no Código Penal como calúnia, injúria e difamação”. O argumento é embasado nas seguintes declarações: “Vocês podem subir [na tribuna] e falar o que quiserem, mas não podem ouvir porque são mulheres. (…) A senhora é uma hipócrita, cara de pau, uma professora que nunca trabalhou, que vive na cacunda de sindicato, porque não gosta de trabalhar, é malandra igual a maioria dos seus”, disse o parlamentar antes de disparar, por fim, que a parlamentar “recebe e nao trabalha”.

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O documento ressalta ainda que o “comportamento reprovável” do deputado incorre nas figuras típicas do Código de Ética da Casa. E cita: perturbar a ordem das sessões, praticar atos que infrinjam as regras de boa conduta nas dependências do Parlamento, praticar ofensas morais ou desacatar, por atos ou palavras, outro parlamentar, a mesa ou Comissão e seus respectivos presidentes.

Eles também chamam atenção para o uso de linguagem ou comportamento pautado por palavras ou gestos imorais, ou que firam a dignidade do Legislativo. Além de cometer ou atribuir a outros deputados, sem apresentar provas, “atos criminosos”.

“Cabe informar que o representado ganhou notoriedade por meio de seu comportamento agressivo e sua postura ultrajante. Destaca-se que o mesmo tem um histórico marcado pelo abuso do direito de liberdade de expressão, assim como , pelas práticas de agressões, racismo e homofobia”, diz outro trecho do documento. 

Histórico

A representação assinada pelo trio considera o parlamentar um “violador contumaz” dos preceitos constitucionais. O documento rememora que “conforme amplamente noticiado pela imprensa, no dia 5 de julho de 2023, no plenário da Alego, o deputado admitiu que financiou parte dos acampamentos golpistas de onde saíram os terroristas que destruíram a sede dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023”.

Amauri, segundo o mesmo texto, é réu desde janeiro do ano passado por racismo na modalidade homofobia “depois que publicou uma foto de uma mão branca apertando um punho negro com braço vestido com as cores do arco iris siimbolo do movimento LGBTQIAPN+ com a frase ‘na minha família não’”. 

Os deputados argumentam que, assim que assumiu mandato de deputado, ele também fez duros discursos contra o ex-deputado Cláudio Meirelles. “O chamou de corrupto e prostituta do poder”, e, inclusive, “tentou agredi-lo fisicamente”. A representação também elenca os ataques do deputado contra a ex-colega de Parlamento atual deputada federal, Leda Borges. 

Também foi citado as acusações dele contra a vereadora Luciula do Recanto, em 2021. Por fim, pede instauração de processo disciplinar para apurar a prática de conduta “atentatória” e solicita a notificação do gabinete para que responda a representação em prazo regimental. O documento será submetido, agora, à análise da Mesa Diretora. Amauri Ribeiro foi procurado para apresentar sua versão sobre fatos narrados, mas até o fechamento desta reportagem não respondeu às mensagens ou atendeu aos telefonemas. O espaço seguirá aberto para manifestação do contraditório. 

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