Distanciamento de Darrot fortalece ‘grupo Morais’ em Trindade

Investida rumo à principal prefeitura do Estado tem como reflexo natural um esvaziamento de seu protagonismo político junto à política trindadense

Postado em: 18-12-2023 às 08h31
Por: Felipe Cardoso
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Investida rumo à principal prefeitura do Estado tem como reflexo natural um esvaziamento de seu protagonismo político junto à política trindadense | Foto: Reprodução

Não é novidade o fato de que o ex-prefeito de Trindade, Jânio Darrot (MDB), figura entre os principais cotados para a disputa pela prefeitura de Goiânia no ano que vem. Jânio tornou-se expectativa de poder aos olhos dos emedebistas diante de um vazio político jamais visto vivido pelo partido que foi morada política de Iris Rezende e Maguito Vilela. 

Em política, como é costumeiro escutar, que nada acontece por acaso. Muito menos fica imune aos reflexos. É o caso, por exemplo, do projeto político pensado, agora, para Darrot. O empresário, que administrou a cidade de Trindade durante os últimos anos antes da chegada do atual prefeito, deixou seu berço político para fazer política em Goiânia — nos bastidores a informação é de que Jânio se animou com a ideia e tem trabalhado duro para viabilizar seu nome como candidato da base governista. 

Acontece que a investida rumo à principal prefeitura do Estado tem, como reflexo natural, um esvaziamento de seu protagonismo político junto à política trindadense. Ainda que o atual prefeito da cidade, o jovem Marden Jr (UB), figure com aparente e, quem sabe, momentânea facilidade de recondução — haja vista que tem a máquina na mão, é consideravelmente bem avaliado e ainda não conta com uma oposição significativa — a saída de cena de um player importante, naturalmente fortalece outro, seja adversário ou não. 

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Diante desse cenário, o comentário entre as lideranças consultadas é que o grupo encabeçado pelos Morais, leia-se a deputada federal Flávia Morais e seu marido, o deputado estadual George Morais, é quem mais tem se beneficiado. Os fatores são vários e não passam tão somente pela ausência de Darrto. A deputada vive, talvez, seu melhor momento político na Câmara, e, em paralelo, ainda tem o marido em uma cadeira da Alego. Ambos articulam em favor da política trindadense e, ao passo em que Jânio se distancia, avançam, como ninguém, em meio ao cenário político pensado para o ano que vem. 

Circula, em paralelo, o comentário de que o casal tende – frisa-se: tende – a caminhar com Marden Jr rumo à reeleição no ano que vem. Pode ser, de fato, que isso aconteça. O apoio dos pedetistas ao projeto do prefeito seria importantíssimo, pois são lideranças de peso na região. Porém, se por algum motivo o cenário não for esse, comenta-se também, que o grupo tem condições de trabalhar por um projeto capaz de, minimamente, preocupar o jovem gestor da cidade. 

Quanto ao nome de Darrot, a aposta em Goiânia é, na melhor das hipóteses, desafiadora. Em 30 agosto deste ano, Ana Paula Rezende (MDB), filha de Iris Rezende Machado, um dos mais importantes — senão o mais — players da política goiana, publicou em suas redes sociais um comunicado de desistência das eleições de 2024. O informe impactou consideravelmente as projeções políticas de grande parte daqueles que arquitetavam um caminho rumo ao Paço municipal, em especial os emedebistas.

Enquanto alguns personagens ‘comemoravam’ a saída de um nome com potencial invejável da briga, outros viam, com a decisão, as chances do MDB escapar por entre os dedos. A situação se justifica pelo simples fato do MDB, comandado por Daniel Vilela, não contar, para além de Ana Paula, com lideranças de peso que pudessem figurar entre as candidaturas mais competitivas nas eleições do ano que vem. 

O nome de Gustavo Mendanha (Sem partido, porém, a caminho do MDB) lidera com folga o ranking dos protagonistas em pesquisas espontâneas na capital. Seria, de fato, a melhor investida do partido se o político não estivesse impedido de concorrer em função de sua reeleição em Aparecida de Goiânia nas eleições de 2020. 

Em um cenário onde Ana Paula e Mendanha estão fora de jogo, o MDB amarga um desafio ainda maior para chegar ao poder como cabeça de chapa. Para muitos, diante desse contexto, o melhor seria indicar alguém à vice em grupo encabeçado pelo UB, partido do governador Ronaldo Caiado e que possui grande afinidade com o MDB de Vilela. Vale lembrar, inclusive, que a dobradinha entre os partidos não seria uma novidade, uma vez que Caiado e Danel — leia-se UB e MDB — foram eleitos em 2022 para o Governo de Goiás. 

Enquanto um plano mais palpável não aparecia, figuras como o jovem Felipe Cecílio até lutaram para manter o partido no protagonismo. Felipe se colocou como pré-candidato pela sigla após a saída dos ‘grandes’ de cena. A surpresa, porém, veio depois. Com a chegada, em um passe de mágica, de Jânio Darrot no circuito. Apesar da firmeza com que o MDB tem mantido a aposta, nos bastidores a leitura é de que a candidatura de Jânio, caso aconteça nos moldes em que se projeta nesse momento, tende a ser carregada de desafios. O fator desconhecimento é um deles. O ex-prefeito de Trindade, por melhor que tenha sido sua gestão no município, é figura estranha aos olhos dos goianienses.

Para além dessa situação, Jânio amarga quatro anos longe do poder. Enquanto prefeito de Trindade, o político foi amplamente notado diante das inúmeras ações que encabeçou no município. Depois que deixou a cadeira, foi se tornando, com o passar do tempo, cada vez mais distante do protagonismo político. Hoje, apesar de reconhecido pelos feitos, conta com um distanciamento do eleitor de sua própria cidade, quem dirá, então, em Goiânia. 

Um outro fator que pesa, segundo fontes consultadas pela reportagem, tem relação com a debandada do político. Em um passado não muito distante, Darrot compunha o alto escalão do PSDB goiano, orquestrado pelo ex-governador e principal adversário caiadista, Marconi Perillo. Darrot foi presidente do partido na cidade e atuou na maior parte do tempo ao lado de Perillo. Depois, em nome da sobrevivência política, se converteu, por meio de sua nova casa, o MDB, ao caiadismo. Não que tenha errado, situações do tipo são normais em política, mas fato é que parte considerável dos simpatizantes da política marconista tendem a não abraçá-lo.

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