Elias Vaz critica frente de esquerda e defende “nome democrático” em Goiânia

Secretário Nacional de Assuntos Legislativos, ex-deputado foi único nome do PSB mantido no Ministério da Justiça e Segurança Pública com a chegada do ministro Lewandowski

Postado em: 08-02-2024 às 11h30
Por: Gabriel Neves Matos
Imagem Ilustrando a Notícia: Elias Vaz critica frente de esquerda e defende “nome democrático” em Goiânia
A prosa agora é outra porque, conforme destaca, os olhos do partido já miram também as eleições de 2026 | Foto: Sergio Frances/Ascom/PSB

O secretário nacional de assuntos legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Elias Vaz (PSB), acredita que o Brasil ainda vive dois problemas graves provenientes dos anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): a polarização e o risco democrático. Segundo ele, são essas duas coisas que, por ora, darão o tom das eleições municipais deste ano. 

“Nós percebemos que esses problemas não estão superados”, afirma ao jornal O HOJE. O secretário cita a recente eleição presidencial da Argentina e a possibilidade de retorno do ex-presidente americano Donald Trump à Casa Branca como dois exemplos no Ocidente que iluminam a ameaça democrática que paira sobre o Brasil. “Não é o fato de Lula ter ganhado em 2022, e ele ter feito compromisso democrático, que isso está superado. Tanto é que a aliança que Lula fez — e foi para governar — foi mais ampla que o normal.”

Elias Vaz, que também é presidente do PSB em Goiás, parte desse ponto para refletir as tendências que se desenham na disputa pelos municípios no pleito deste ano. Em Goiânia, a sigla quer fazer um “diálogo mais amplo” antes de cravar apoio a algum pré-candidato. “Não dá pra gente fazer só frente de esquerda. E é isso que eu tenho questionado. É claro que a nossa tendência natural é caminhar com a esquerda, mas nós estamos colocando a discussão da necessidade de ampliar esse debate e não necessariamente o [nosso] candidato tem que ser da esquerda”, sustenta Vaz. “Ele precisa ser do campo democrático e deve ter as melhores condições de ganhar a eleição.”

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O presidente da sigla, contudo, adota o tom de cautela e diz que outrora o PSB goiano naturalmente se manifestava mais para o campo progressista no apoio aos pré-candidatos. A prosa agora é outra porque, conforme destaca, os olhos do partido já miram também em 2026. “Nesta eleição [municipal], a gente acha que tem um diferencial, até porque nós esperamos que, em 2026, a reeleição do presidente Lula seja garantida com um conjunto de partidos do espectro democrático e não só do campo da esquerda”, afirma. “Se a gente pensa assim, a gente tem que construir isso agora, sobretudo nas principais cidades dos estados.”

Quando o assunto é a pré-candidatura da deputada federal Delegada Adriana Accorsi (PT) à Prefeitura de Goiânia, o secretário também acata a diligência. Em um evento no sábado (3), a petista foi lançada na corrida pela Capital com o apoio de ao menos três siglas à esquerda (PV, PSOL e Rede Sustentabilidade). O PSB diz ver como legítima a pré-candidatura da parlamentar, mas uma possível definição de apoio só virá mais pra frente, no decorrer do ano. 

“Tem muita coisa que está indefinida ainda. O que nós não queremos é uma definição precoce neste momento”, afirma Vaz, que ressalta o diálogo que ele próprio mantém com Accorsi sobretudo na esfera dos assuntos relacionados à segurança pública. É no quadro do PSB que estão lideranças importantes do governo federal, como o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

De perfil alinhado à esquerda, o presidente estadual da sigla defende a abertura às diversas possibilidades para a Prefeitura de Goiânia. “Não se pode ficar só numa posição, até porque o caminho melhor para as forças democráticas, muitas vezes, não é necessariamente uma candidatura da esquerda. Mas isso não significa dizer que não seja.”

Único nome do PSB mantido na estrutura do secretariado do Ministério da Justiça e Segurança Pública após a ida de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal, Elias Vaz reitera que a gestão do novo ministro da pasta, Ricardo Lewandowski, será de continuidade, mas que é “natural que ele incremente novas iniciativas”. 

Ele ainda classifica como “fundamental” o endosso que recebeu do senador Jorge Kajuru (PSB) e também do deputado federal Gervásio Maia (PSB-PB), líder da sigla na Câmara dos Deputados, para articular a sua permanência dentro do ministério. Vaz foi convidado por Lewandowski para continuar na secretaria e diz que preferiu esperar o ministro anunciá-lo formalmente ao invés de ele próprio confirmar o convite através da imprensa. 

Na gestão anterior, o PSB tinha postos relevantes dentro da pasta. Além do ex-ministro Flávio Dino, filiado à sigla, o Ministério da Justiça contava com Ricardo Cappelli, que era secretário-executivo (número dois), Augusto de Arruda Botelho, que era secretário de Justiça, e Tadeu Alencar, que era secretário de Segurança Pública. Com a reestruturação, todos eles deixaram seus cargos no ministério. 

“A palavra final, evidentemente, é do ministro Lewandowski. O presidente Lula deu liberdade para tomar decisão. E ele ficou com quem achou que deveria ficar e que teria o perfil do que ele quer estabelecer no ministério”, observa Vaz. O secretário avalia positivamente a gestão do ex-ministro Flávio Dino e elenca a atuação em episódios como os atos do 8 de janeiro e a onda de ataques às escolas públicas, no ano passado, como momentos em que a pasta deu respostas “dedicadas” às circunstâncias públicas. “Não era o ministro que procurava a geração de fatos. Ele deu resposta a fatos concretos”, destaca. 

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