Bolsonaro teria ordenado disseminação de fake news contra eleições, diz PF

A informação consta em um vídeo apreendido pela Polícia Federal (PF)

Postado em: 08-02-2024 às 15h24
Por: Luan Monteiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Bolsonaro teria ordenado disseminação de fake news contra eleições, diz PF
A informação consta em um vídeo apreendido pela Polícia Federal (PF). | Foto: Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria ordenado que ministros disseminassem informações falsas sobre o sistema eleitoral. A informação consta em um vídeo apreendido pela Polícia Federal (PF) que é datado em julho de 2022, semanas antes do início da campanha eleitoral.

O encontro com a “alta cúpula” do governo teria como “finalidade de cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral”.

À época, Bolsonaro afirmou que as pesquisas estavam certas e que, provavelmente, Lula venceria o pleito. O então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, diz que, para “virar a mesa”, tem que ser “antes da eleição”. Paulo Sérgio Nogueira, que era ministro da Defesa, então, declara guerra ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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No encontro estavam presentes:

  • Jair Bolsonaro (então presidente da República)
  • Anderson Torres (então ministro da Justiça)
  • Augusto Heleno (então ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
  • Paulo Sérgio Nogueira (então ministro da Defesa)
  • Mário Fernandes (então servidor da Secretaria-Geral da Presidência)
  • Walter Braga Netto (candidato a vice na chapa de Bolsonaro)

A reunião teria como um dos objetivos criar estratégias para deslegitimar a eleição do presidente Lula e enfraquecer o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.

Bolsonaro teria falado que ministros precisavam ajudá-lo na campanha de reeleição, que deveria começar semanas após o encontro.

“E eu tenho falado com os meus 23 ministros. Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia? Nós temos que nos expor. Cada um de nós. Não podemos esperar que outro façam por nós. Não podemos nos omitir. Nos calar. Nos esconder. Nos acomodar. Eu não posso fazer nada sem vocês. E vocês também patinam sem o Executivo”, disse Bolsonaro.

O ex-presidente, então, intima seus ministros a disseminarem informações falsas para tentar reverter a situação no pleito. “Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vim falar para mim porque que ele não quer falar”, afirmou.

Logo após, Bolsonaro admite que Lula poderia vencer as eleições no primeiro turno e que as pesquisas eleitorais estavam corretas. “E a gente vê que o DataFolha continua … é … mantendo a posição de 45% e, por vezes, falando que o Lula ganha no primeiro turno. Eu acho que ele ganha, sim. As pesquisas estão exatamente certas. De acordo com os números que estão dentro dos computadores do TSE”, disse Bolsonaro.

De acordo com o vídeo, Bolsonaro teria contado, na reunião em questão, que convidaria embaixadores para para apontar fraudes no sistema eleitoral brasileiro. O encontro com os diplomatas foi o pivô para o TSE considerar Bolsonaro inelegível.

“Vou fazer uma reunião quinta-feira com embaixadores, semana que vem com mais, vou convidar autoridades do… do judiciário, pra outra reunião, pra mostrar o que tá acontecendo”, afirmou.

Fake news

Segundo a PF, Bolsonaro teria deixado claro que exigiria dos ministros “em total desvio de finalidade das funções do cargo”, que replicassem em suas áreas “todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para fins ilícitos e dissociados do interesse público.”

“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vim falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me ti… demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado. Se tá achando que eu vou ter 70% dos votos e vou ganhar como ganhei em 2018, e vou provar , o cara tá no lugar errado”, diz a transcrição feita pelos investigadores e apresentada ao STF.

O ex-presidente também proposto que os presentes participassem da redação de um documento afirmasse ser impossível “definir a lisura das eleições” e incluísse elementos externos.

“Quem responde pela CGU vai, quem responde pelas Forças Armadas aqui… é botar algo escrito, tá? Pedir à OAB. Vai dar… a OAB vai dar credibilidade pra gente, tá? Polícia Federal … dizer … que até o presen … uma nota conjunta com vocês, com vocês todos … topam … que até o presente momento dadas as condições de … de … se definir a lisura das eleições são simplesmente impossíveis de ser atingidas. E o pessoal assina embaixo”, transcreve a PF.

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