Como é comum, evangélico deve continuar votando em evangélico

Eleitorado evangélico deve manter predileção por nomes ungidos pela cúpula da igreja

Postado em: 07-03-2024 às 07h30
Por: Yago Sales
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Evidentemente que o eleitorado cristão possa votar de maneira dispersa, mas existe predileção com resultado de votação esmagadora para nomes ungidos pelos líderes | Foto: Reprodução

Não é nenhuma novidade: vai chegando o pleito e grupos políticos vão se movimento na direção de um palanque indiscutivelmente promissor: igrejas evangélicas. E, em Goiânia, ser abençoado em um dos templos pode significar a eleição. E, sem dificuldades, alcançar o pódio de mais bem votado. 

O jornal O Hoje tem feio, frequentemente, análises em edições que podem dar, ao leitor, maior compreensão sobre como o eleitorado evangélico – e tem os católicos também que compõe o que se convencionou chamar de bancada da Bíblia – têm se movimentado. 

Evidentemente que o eleitorado cristão possa votar de maneira dispersa, mas existe predileção com resultado de votação esmagadora para nomes ungidos pelos líderes. Claro, nem sempre todos os membros de denominações evangélicos são conduzidos para um único nome e, na dispersão normal, acabam votando em outros. Na maioria das vezes, contudo, o perfil do candidato é o mesmo: evangélico ou, pelo menos, conservador. 

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Na capital, a Câmara Municipal tem 35 cadeiras. Ao menos três dos parlamentares declaram representar igrejas em Goiânia. O mais bem votado para a vereança em 2020, Isaías Ribeiros (Republicanos) é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD. Ele obteve 9.323 votos no último pleito, sob forte influência do eleitoral da igreja do bispo Edir Macedo, ao mesmo tempo em que Rogério Cruz, do mesmo partido, disputava, à época, a vice na chapa que venceria a eleição para a prefeitura com Maguito Vilela como prefeito. Como se sabe, Maguito morreu e Cruz assumiu o cargo. Cruz foi eleito vereador em 2012 com 7.774 votos. 

Outro pastor é o vereador Dr. Gian, do MDB. Ele se divide entre a atividade parlamentar e a coordenação de pastoreio na Fonte da Vida, igreja do apóstolo César Augusto, que é pai do ex-deputado federal Fábio Sousa. A família, inclusive, é muito amiga do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, tendo, em César, um tipo de orientador em tempos de poder no Palácio do Planalto. Ele inclusive foi uma das lideranças cristãs que afiançaram o nome de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF). 

Em maio do ano passado, foi empossado o vereador Welton Lemos, ocupando o lugar de Ronilson Reis que deixou o Podemos para filiar-se ao Brasil 35. Lemos é pastor da Assembleia de Deus Bethel. Ainda na campanha eleitoral de 2020, ele se inseriu em um grupo suprarreligioso com o seguinte intuito: “A Rede visa resgatar, preservar e promover a dignidade de cada Vida Humana, combatendo o aborto, a ideologia de gênero e todo elemento da Cultura da Morte e do Descarte, que fere o valor intrínseco de cada ser humano”. 

Além do trio citado acima, que se identifica como líder religioso, a Câmara tem outros que, de alguma forma, têm a confiança de instituições ligadas à religião. É o caso de Kleybe Morais, do MDB, com forte interlocução com a igreja católica, defendendo pautas conservadores. 

A vereadora Leia Klebia, do Podemos, é evangélica e, além de se identificar como missionária, que prega sermões da Bíblia, aparece em fotos com o bispo Oídes do Carmo, presidente da Assembleia de Deus Campo de Campinas, função que exerce desde 2002. E, claro, um dos nomes mais respeitados em Goiás.

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