Vanderlan e Mabel tendem a disputar os mesmos eleitores

A escolha de Sandro Mabel (Republicanos, rumo ao UB) pelo governador Ronaldo Caiado (UB) para pré-candidato à prefeitura de Goiânia considerou o perfil de gestor. A base buscava alguém com experiência política, mas também empresarial, e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) serviu como uma luva. O problema é que o senador Vanderlan Cardoso (PSD), também pré-candidato, se encaixa na descrição, da mesma forma.

Para o professor e cientista político Guilherme Carvalho, Vanderlan e o Mabel têm, de fato, o mesmo perfil e disputam o mesmo leitor. “O Vanderlan pode correr atrás do eleitor de Mabel, que ainda precisa ser fundado, que vai depender de investimento, pois ele tem experiência em gestão empresarial, mas não em gestão pública.” Ele lembra, ainda, que o senador já disputou dois pleitos em Goiânia e que geriu Senador Canedo, o que seria uma vantagem.

Para ele, a pré-candidata Adriana Accorsi (PT) pode perder pontos na disputa com os dois, diferente de Gustavo Gayer (PL), que seria “soma zero”, pois é uma pré-candidatura mais ideológica. “O Gayer não ganha e nem perde, mas a Adriana tende a perder”, pontua. “Porque ela tem um perfil de eleitor que o Sandro e o Vanderlan tendem a buscar, aqueles que querem um gestor”, emenda. 

Segundo Guilherme, Gayer ocupa um espaço de “bolsonarista raiz”, mas a tendência é que os demais tentem não nacionalizar a eleição, mesmo Accorsi. “Acho que para ela, inclusive, faz mais sentido tentar travar uma disputa contra o governador Caiado, em vez de Bolsonaro (PL). A Adriana pode decidir deixar ele [Gayer] falando sozinho. Já ele deve manter o eleitor que já tem, mas não avançar muito sobre os outros perfis”, avalia. 

Pré-candidaturas

Mabel anunciou no último sábado (30) que aceitou o convite de Caiado para ser pré-candidato da base. A fala ocorreu em transmissão via zoom, da qual também participou o governador. “Governador chamou para essa responsabilidade. Eu vou ser pré-candidato pelo União Brasil. Pretendemos fazer uma frente para discutir Goiânia”, declarou na ocasião.

Já o governador afirmou ter dito a Sandro que Goiânia precisava do estilo dele de gerenciar. Inicialmente, o pré-candidato daria a resposta no domingo, mas Caiado insistiu que ele antecipasse a resposta, o que de fato aconteceu.

O presidente da Fieg chegou a ter o nome cogitado há alguns meses, mas negou a chance. Contudo, na última semana, com nova recusa da filha de Iris Rezende, a advogada Ana Paula Rezende, a possibilidade ganhou força.

Vanderlan Cardoso, por sua vez, é cotado como pré-candidato desde o ano passado. Aliados já antecipavam que o senador seria o favorito no páreo, visto que “bateu na trave” em duas ocasiões: em 2016 contra Iris Rezende e em 2020 contra Maguito Vilela, ambos do MDB.

Há cerca de uma semana, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, oficializou a pré-candidatura de Cardoso. “O PSD fez um apelo a ele, para que depois de tantos anos de uma vida tão bem sucedida, que contribuiu para milhares de famílias, (…) que hoje tem um prestígio que poucos têm em Brasília (…), para que o Vanderlan aceite a missão”, declarou o dirigente em vídeo divulgado nas redes sociais.

“Agora é oficial. Sou pré-candidato a prefeito de Goiânia e vamos trabalhar para mudar essa realidade que nossa capital enfrenta atualmente. Com muita gestão, e com o foco no cuidado das pessoas, iremos elaborar nosso Plano de Governo, com a participação de cada um de vocês que queiram contribuir para termos uma Goiânia cada vez melhor. Eu acredito que Goiânia pode ser muito mais do que é hoje. Nossa cidade e nossa gente merecem mais”, escreveu Vanderlan.

Encontro

Nesta semana, os dois, inclusive, se encontraram. Ambos conversaram longamente, mas o resultado foi o esperado: apenas confirmaram que manteriam as pré-candidaturas. Vanderlan e Mabel são amigos de longa data. Uma fonte revelou, inclusive, que Mabel chegou a ser cotado para vice do pessedista. Com o perfil parecido e amizade, é possível que os dois façam campanhas mais propositivas e evitem alfinetadas desnecessárias. Em eventual segundo turno, um deve caminhar com o outro, inclusive.