Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Economistas publicam carta crítica a atuação do governo na Pandemia

Economistas do Brasil tecem duras críticas a gestão do governo perante crise sanitária. | Foto: Reprodução

Postado em: 22-03-2021 às 11h00
Por: Pedro Jordan
Imagem Ilustrando a Notícia: Economistas publicam carta crítica a atuação do governo na Pandemia
Economistas do Brasil tecem duras críticas a gestão do governo perante crise sanitária. | Foto: Reprodução

Pedro
Jordan

No último domingo, 21,
grandes milionários e banqueiros do país publicaram uma carta aberta, em que
eles afirmam que a gestão da crise sanitária no Brasil tem sido desastrosa, e
isto já afeta a economia. A publicação não cita diretamente o nome do presidente
Jair Bolsonaro (Sem Partido), mas faz duras críticas ao governo federal,
comandado pelo mesmo.

Em um trecho dela, é
ressaltado que a má gestão dos recursos disponíveis, a negligência a evidência
científica e os desdenho com as ações que podem contribuir para a diminuição
dos casos são atos freqüentes da administração federal. “Esta recessão,
assim como suas conseqüências sociais nefastas, foi causada pela pandemia e não
será superada enquanto a pandemia não for controlada por uma atuação competente
do governo federal.”, em trecho da carta.

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Segundo a avaliação dos
economistas, no ritmo atual de vacinação, irá levar mais de três anos para
conseguir imunizar toda a população do país. ” No momento, o Brasil passa
por escassez de doses de vacina, com recorrentes atrasos no calendário de
entregas e revisões para baixo na previsão de disponibilidade de doses a cada
mês. Na semana iniciada em 8 de março foram aplicadas, em média, apenas 177 mil
doses por dia.”

Outra preocupação é com o
surgimento de novas variantes, como a P.1, que foi comprovado por
infectologistas que tem maior potencial de transmissão e é mais agressiva a
saúde do indivíduo.

Na ponta da caneta

De acordo com uma simples
conta publicada na carta, os recursos federais para compra de vacinas somam R$
22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas
de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 2020. 

“Vacinas têm um
benefício privado e social elevado, e um custo total comparativamente baixo.
Poderíamos estar em melhor situação, o Brasil tem infraestrutura para isso. Em
1992, conseguimos vacinar 48 milhões de crianças contra o sarampo em apenas um
mês. Na campanha contra a Covid-19, se estivéssemos vacinando tão rápido quanto
a Turquia, teríamos alcançado uma proporção da população duas vezes maior, e se
tanto quanto o Chile, dez vezes maior. “, em
outro trecho da carta.

Quando se pensa em três
dimensões, o investimento pesado nas vacinas é a solução para conter as percas
que a economia nacional vem tendo. Atualmente segundo os banqueiros, há uma
negligência impressionante com a aquisição dos imunizantes, pois o gasto geral
desembolsado pelo goberno foi de mais de 528 bilhões com a pandemia.

Eles comentam que com a
redução de atividades, houve uma perda de arrecadação em âmbito federal de
quase 7%, ou seja, quase 58 bilhões de reais. O prejuízo que o atraso da
vacinação irá custar por renda não gerada, de acordo com a carta, é estimado em
R$ 131 bilhões, só em 2021.

“Nesta perspectiva, a
relação benefício custo da vacina é da ordem de seis vezes para cada real gasto
na sua aquisição e aplicação. A insuficiente oferta de vacinas no país não se
deve ao seu elevado custo, nem à falta de recursos orçamentários, mas à falta
de prioridade atribuída à vacinação.”

 Perspectiva

Se os prefeitos e
governadores não forem apoiados nas medidas que tem tomado para tentar
equilibrar a economia e diminuir os casos da doença, o quadro atual poderá se
deteriorar ainda mais. 

“A controvérsia em
torno dos impactos econômicos do distanciamento social reflete o falso dilema
entre salvar vidas e garantir o sustento da população vulnerável. Na realidade,
dados preliminares de óbitos e desempenho econômico sugerem que os países com
pior desempenho econômico tiveram mais óbitos de Covid-19.”

Como afeta a classe
menor

A partir de uma analise da
carta, as esperanças são mínimas quando olhamos como referência pequenos
empresários, classe trabalhadora. Pois já há uma grande dificuldade na busca do
sustento pessoal por esta classe, e por conta disto, geralmente são eles que
mais brigam contra as medidas restritivas. 

A questão é que de fato a
imunização é a única solução a médio e longo prazo, mas de nada adianta se no
momento não forem seguidas as orientações de especialistas, que tem sido
implantadas por diversos governadores e prefeitos, como tem feito Ronaldo
Caiado (DEM) em Goiás, por exemplo.

Estes empreendedores
menores tem sido contaminados pelo discurso raso e ineficiente da atual gestão
federal, e acaba sem esperanças para o presente e futuro, por estarem com uma
visão totalmente distorcida pelo que vem pregando Jair Bolsonaro. Talvez a
responsabilidade principal de um líder de estado é a de direcionar o povo, se o
mesmo faz isto para o lado errado, as conseqüências podem ser desastrosas, e partindo
da analise dos fatos atuais, somada aos dados mostrados na carta dos
banqueiros, é o caminho que o Brasil tem tomado.

Causas da crise
sanitária

Demora na negociação dos
imunizantes. “Perdeu-se um tempo precioso e a assinatura de novos
contratos agora não garante oferta de vacinas em prazo curto. É imperativo
negociar com todos os laboratórios que dispõem de vacinas já aprovadas por
agências de vigilância internacionais relevantes e buscar antecipação de
entrega do maior número possível de doses. ” cita
a carta.

Falha no incentivo a
população de seguir as medidas de higiene e distanciamento social. Poderia ter
sido realizado, desde o começo, a distribuição de máscaras a população mais
carente, campanhas que ressaltassem a importância de se tomar as medidas
básicas de prevenção. 

Evitar aglomerações, ou
mesmo deixar de incentivá-las. O presidente diversas vezes, desde o começo da
pandemia, foi flagrado em atos em que provocava aglomerações, não orientava
sobre distanciamento, e até incentivava a ignorar estas orientações, como
mergulhando no mar para encontrar seguidores, em feiras, ou mesmo em eventos
oficiais.

Outra ação que faltou
ser realizada, foi criar um mecanismo em âmbito nacional que fosse direcionado
por uma comissão dos governadores ou ministério da saúde. Este seria orientado
por cientistas e especialistas para tomar de maneira rápida e eficiente,
medidas para auxiliar na diminuição da contaminação pelos casos da doença.

Assinam a carta
banqueiros e economistas, como Roberto Setubal, Pedro Moreira Salles, Armínio
Fraga, Pedro Malan e muitos outros.

 

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