Volta de Lula e a divisão da oposição vão ajudar Caiado

Divergências entre legendas que se aliaram em pleitos recentes se acentuam, além da polarização nacional, devem facilitar a reeleição do atual governador | Foto: Reprodução

Postado em: 19-04-2021 às 08h30
Por: Augusto Sobrinho
Imagem Ilustrando a Notícia: Volta de Lula e a divisão da oposição vão ajudar Caiado
Divergências entre legendas que se aliaram em pleitos recentes se acentuam, além da polarização nacional, devem facilitar a reeleição do atual governador | Foto: Reprodução

José Luiz Bittencourt 

Dos grandes partidos de
centro e de direita que estão
teoricamente na oposição ao
governador Ronaldo Caiado,
MDB, PSD, PP e Republicanos
vivem um momento de dúvida, sem saber ao certo
como estarão posicionados
em 2022, um depende inteiramente do cenário nacional,
o PSL, e por fim o PSDB é o
único disposto desde já a antagonizar a reeleição de Caiado, mas, não à toa, é o mais
debilitado do grupo.

Esse cenário de indefinição
expõe o enfraquecimento político das legendas que poderiam participar de um projeto
alternativo de poder, nas eleições do ano que vem em Goiás,
principalmente atuando em
conjunto, todos eles, ou pelo
menos com uma aliança entre
no mínimo três deles.

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Isso não vai acontecer.
MDB, Republicanos e PP, que
fizeram uma coligação relativamente bem sucedida em
2018, quando elegeram Vanderlan Cardoso para uma das
duas vagas ao Senado em disputa na ocasião, agora estão
completamente distanciados.
O MDB chegou a conquistar a
prefeitura de Goiânia, em
2020, associado ao Republicanos e contra o PSD. Com menos de 80 dias depois da posse
de Rogério Cruz, os dois partidos acabaram se desentendendo, romperam em meio a
uma troca de acusações que
impôs prejuízos para ambos
os lados e estão mais afastados
do que nunca. 

Com a administração da
capital inteiramente em suas
mãos, o Republicanos só pensa
na governabilidade de Rogério
Cruz e em viabilizar condições
para uma gestão realizadora
no Paço Municipal, para o que
o diálogo e uma futura aliança
com Caiado têm peso decisivo.
A influência do diretório nacional em Goiânia também
cresceu, o que engrossa ainda
mais a tendência de composição com o governador – o Republicanos está fechado com
a reeleição do presidente Jair
Bolsonaro, que caminha para
ter em Goiás uma forte sustentação menos pelas qualidades do capitão e mais pela
ojeriza de Caiado ao provável
concorrente que se apresentará para disputar com chances a eleição presidencial, o
petista Lula da Silva recém reentronizado nos seus direitos políticos. 

Nesse cenário, o PSD aparece dividido internamente,
com o seu presidente estadual
Vilmar Rocha contrário a uma
aproximação com Caiado, mas
as suas maiores lideranças – o
senador Vanderlan Cardoso, o
deputado federal Francisco Jr
e o recém-filiado ex-ministro
henrique Meirelles – defendendo abertamente o enfileiramento da sigla com o DEM
estadual e a formação na base
eleitoral que vai sustentar a
busca de mais um mandato
para o atual governador. Em
algum momento, esse conflito
terá que ser resolvido, com a
balança provavelmente pendendo contra Vilmar Rocha,
ainda mais diante da suspeita
de que pode manobrar para
levar o PSD para socorrer o
combalido PSDB e seu “amigão” do peito, o ex-governador
Marconi Perillo. 

O PP, controlado pelo exministro e atual secretário de
Transportes de São Paulo Alexandre Baldy, foi o primeiro a
abandonar oposição, chegando
a participar do governo Caiado,
do qual foi expulso depois de
uma derrapada retórica de
Baldy – ao cometer o erro infantil de confrontar publicamente o governador exigindo
a sua definição pelo apoio à
candidatura de Arthur Lira à
presidência da Câmara. Desse episódio em diante, o chamado
Progressistas (que de progressista não tem nada) mergulhou
nas sombras, mantendo um
silêncio obsequioso em relação
ao Palácio das Esmeraldas e
dando a nítida impressão de
que está aberto a uma recomposição, a qualquer momento.
Em tempo: Caiado, do seu jeito,
colaborou com a vitória de
Lira, de resto candidato de Bolsonaro e mais uma alavanca
para ajudar a empurrar o PP,
em Goiás, novamente para os
braços do DEM caiadista. 

Já o PSL, comandado pelo
deputado federal Delegado
Waldir e repleto em Goiás de
policiais parlamentares metidos a linha dura, terá em 2022
a sua posição definida por um
fato absolutamente fora de
controle das suas lideranças
estaduais, que é a volta ou
não de Bolsonaro ao partido.
A refiliação do presidente, com
a finalidade específica de disputar a reeleição, trará obrigatoriamente uma valorização do PSL no quadro político nacional e se refletirá no seu direcionamento para apoiar a
recandidatura de Caiado em
um contexto de afirmação da
base bolsonarista. nem Waldir
nem os demais xerifes que pululam dentro da agremiação,
no Estado, terão a menor condição de resistir a essa realidade. Se o fizerem, estarão
mergulhando em uma aventura que deixará em risco os
mandatos que ocupam. 

O PSDB é o cisne que virou
patinho feio nessa história.
Os tucanos mandaram em
Goiás durante quase 20 anos
de poder absoluto, vencendo
todas as eleições, quatro delas
diretamente com Marconi. Da
noite para o dia, em uma semana fatídica às vésperas da
data da votação do 1º turno
em 2018, foram lançados nas
trevas do inferno, com a polícia nos calcanhares dos seus
candidatos majoritários e
uma surra histórica nas urnas, sobrando apenas um deputado federal e seis estaduais que rapidamente foram
reduzidos para quatro. A “culpa” por essa triste situação é
atribuída por eles a Caiado,
que, por sinal, não costuma
passar uma semana sem lembrar os escândalos e os erros
graves dos governos que o
antecederam. 

As glórias passadas são a
matéria que alimenta os discursos saudosistas dos líderes
que restaram no PSDB, o que
é muito pouco. ninguém liga.
Marconi e José Eliton correm
desesperados atrás de alianças
para formar uma frente anticaiadista, parecendo admitir
em último caso até candidaturas esdrúxulas ao governo,
como a do enroladíssimo presidente da FIEG Sandro Mabel
– o que mostra que não vai
fazer parte do tabuleiro de
xadrez, pelo menos o de verdade, da sucessão estadual em
2022. (Especial para O Hoje) 

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