Em resposta à aliança entre MDB e DEM, Mendanha descarta PSDB
Prefeito de Aparecida de Goiânia praticamente fecha as portas para uma composição com os tucanos
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (MDB), publicou uma nota em suas redes sociais após reunião da executiva emedebista que reforçou a tendência de o ex-deputado federal e presidente do partido em Goiás, Daniel Vilela, ser o candidato a vice na chapa à reeleição do governador Ronaldo Caiado (DEM) em 2022.
“O partido das multidões, da redemocratização, de Iris e Maguito, declina em sua grandeza a um futuro de incertezas”, escreveu Mendanha, que classificou a aproximação entre MDB e DEM como uma “incoerência” da qual não irá participar.
“Posso até sair do MDB”, admitiu publicamente pela primeira vez o prefeito de Aparecida de Goiânia, “mas a chama desse partido que lutou pela redemocratização deste país, que desde quando eu nasci teve candidatura ao governo, ganhou e perdeu com Iris e Maguito, mas nunca traiu seus ideais, continuará viva no meu coração”.
Mendanha prometeu anunciar em breve seus próximos passos. A expectativa é a de que ele deixe o MDB para viabilizar por um outro partido sua candidatura de oposição a Caiado em 2022.
Embora o prefeito de Aparecida de Goiânia não diga abertamente, ele tem conversado com frequência com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), que já expressou seu desejo de contar com Mendanha nas fileiras tucanas.
Nos bastidores, sabe-se, porém, que há resistência do futuro ex-emedebista em se filiar ou se aliar formalmente ao PSDB devido à rejeição do partido e de Marconi em Goiás, comprovada por meio de pesquisas internas.
Na nota divulgada nas redes sociais de Mendanha, há dois trechos que chamam a atenção. Ao escrevê-los, o prefeito de Aparecida de Goiânia indiretamente descarta o PSDB e praticamente fecha as portas para uma composição com os tucanos.
Primeiro, ele afirmou que, “com a decisão de se alinhar a um adversário histórico, deixamos o papel que o povo goiano deu ao MDB de fazer oposição qualificada”.
“Não consigo trair meus princípios e se aliar àquele que ajudou a derrotar o MDB em cinco das seis últimas eleições ao governo de Goiás e que realiza um governo que não se identifica com as boas práticas de gestões emedebistas nas cidades”, declarou Mendanha em seguida.
O prefeito de Aparecida de Goiânia se referia às eleições a partir de 1998, mas, na verdade, MDB e Caiado também estiveram de lados opostos nas disputas vitoriosas do partido em 1994, 1990, 1986 e 1982, ano da primeira votação direta nos estados.
Em outras palavras, em quase 40 anos, o atual governador só caminhou junto com o MDB em 2014. Portanto, o argumento de Mendanha, ao chamar Caiado de “adversário histórico”, faz sentido.
O problema é que o PSDB de Marconi também é um adversário histórico do MDB e, de 1998 para cá, contribuiu ainda mais do que Caiado para as derrotas emedebistas.
Logo, com essa crítica, que não foi feita no calor do momento e teve cada palavra estudada, Mendanha envia também um recado claro aos tucanos de que não pretende tê-los como aliados. Afinal, se o prefeito de Aparecida de Goiânia eventualmente compor com o PSDB no futuro próximo, será incoerente com seu próprio argumento.
Fontes tucanas, contudo, alegam que não resta a Mendanha outra opção, pois, para vencer uma eleição a governador, “ele precisa de um grupo e de uma estrutura”. Caso contrário, estará “isolado”. As portas do PSDB “seguem abertas” para o prefeito de Aparecida de Goiânia, dizem.
Além do PSDB, as principais alternativas de Mendanha são PL, Podemos, PSB e PSD. A definição provavelmente só acontecerá no ano que vem, mas o prefeito de Aparecida de Goiânia, sem dar sinais de recuo, já pensa desde agora em estratégias de comunicação para sua campanha. (Especial para O Hoje)