Poucas vezes na história um gestor conseguiu aglutinar tanto. O que se comenta nos bastidores da política goiana é que o governador Ronaldo Caiado (UB) chegou ao final de seu primeiro mandato com uma rede de apoio invejável. A partir das pesquisas de intenção de voto realizadas em todo país, estima-se que aproximadamente 10 governadores podem terminar eleitos ainda no primeiro turno das eleições que se aproximam. Caiado é um deles. 

Vale lembrar que para liquidar uma disputa ainda no primeiro turno, o candidato precisa reunir 50% dos votos mais 1. Ou seja, é necessário que o candidato tenha mais votos do que todos os seus adversários juntos. E isso, claro, só se torna possível quando se tem ao lado um time minimamente forte. 

Quanto a consistência de sua chapa, não restam dúvidas. O governador reúne em sua base de apoio — intitulada “Pra seguir em frente” — 12 partidos políticos. São eles: MDB, União Brasil, Podemos, PTB, PSC, PSD, Avante, PRTB, PP, Solidariedade, Pros e PDT. A equipe formada pelo governador conta com mandatários de todas as instâncias. São deputados federais, estaduais, vereadores, e, claro, prefeitos — leia-se: muitos prefeitos. 

Há quem diga, por sinal, que o grande trunfo do projeto de reeleição caiadista passe justamente pelos gestores municipais. Ao todo, são mais de 230, dentre as 246 prefeituras goianas, ao lado de Caiado. As justificativas para tamanha adesão são distintas.

Na política, o entendimento comum é de que uma mão lava a outra, portanto, nada é puramente voluntário. Astuto que é, Caiado logo trouxe para si a maior quantidade de prefeituras. Evidentemente, não teve dificuldades. Além de disputar com figuras não muito conhecidas no interior, o governador ainda contou com a vantagem de que a maioria dos gestores de hoje buscarão a reeleição amanhã — em 2024. 

Caiado não apenas prestou um bom trabalho nos últimos quatro anos — a percepção da população em pesquisas recentes demonstram isso –, como também lidera com folga nas pesquisas de intenção de voto. Em outras palavras, qualquer gestor pensaria duas vezes antes de entrar numa briga contra um governador com chances reais de reeleição, principalmente quando se almeja voltar ao poder nos próximos anos. 

Prova disso é a debandada de inúmeros prefeitos do PSDB para o time caiadista nos últimos dias. O partido, ainda que antagônico, se viu na direção governista logo após a desistência de Marconi Perillo (PSDB) da disputa pelo governo.

Marconi e Caiado são adversários históricos. Enquanto figurava como possível candidato, Marconi detinha os tucanos ao seu lado, mas depois que desistiu de concorrer ao governo e se lançou ao Senado, ficou difícil segurar as bases. Ciente disso, liberou as lideranças que naturalmente abraçaram o projeto de reeleição caiadista. Daí surgiu, inclusive, o movimento Roma, com apoiadores de Ronaldo Caiado ao governo e Marconi Perillo ao Senado. 

Caiado, de fato, apostou em ter os prefeitos ao seu lado. A tacada certa garante ao candidato, neste momento, 16 pontos percentuais de vantagem em relação a seu principal adversário. Segundo o levantamento mais recente divulgado pela Goiás Pesquisas e encomendada pelo portal Mais Goiás, Caiado tem 38,61% contra 22,53% de Gustavo Mendanha (Patriota) [TSE: BR-07387/2022 e TRE: GO-05238/2022]. 

Isso sem contar a vantagem em relação ao tempo de TV e recursos recebidos. São 5 minutos e 6 segundos contra 58 segundos do principal oponente. Quanto aos valores, Caiado também tem a maior fatia: R$ 3.380.904,00 contra R$1.770.100,00 do adversário. Fatores que, para alguns players do universo político goiano, ampliam as chances de Caiado realmente liquidar a disputa ainda no primeiro turno.