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domingo, 13 de outubro de 2024
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Brasileiros gastam fora como turistas e enfraquecem economia nacional

Déficit nas contas externas do Brasil mais que dobra no primeiro semestre de 2024, aponta relatório do BC

Postado em 27 de agosto de 2024 por Alexandre Paes
Superávit da balança comercial recua em 2024 e contribui para déficit recorde | Foto: Valter Campanato/ABr

O aumento das importações de serviços e a queda no superávit da balança comercial fizeram o déficit das contas externas atingir o maior nível desde 2019 para os sete primeiros meses do ano, divulgou nesta segunda-feira (26) o Banco Central (BC). De janeiro a julho, o resultado ficou negativo em US$ 25,552 bilhões. O déficit mais do que dobrou em relação ao mesmo período de 2023, quando tinha ficado em US$ 12,54 bilhões.

Também chamadas de transações correntes, as contas externas medem a vulnerabilidade de um país diante de crises externas. O indicador é formado pela soma do saldo da balança comercial, da balança de serviços (exportações menos importações de serviços), pela renda primária (que engloba remessas de lucros ao exterior e pagamentos de juros de empréstimos) e pelas transferências pessoais de brasileiros que vivem no exterior às famílias.

“O recente aumento do déficit das contas externas do Brasil é um sinal claro de que nossa economia enfrenta desafios substanciais. Com um déficit acumulado de US$ 25,552 bilhões nos primeiros sete meses de 2024, mais do que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, estamos vendo uma deterioração significativa nas nossas transações correntes. Isso indica um aumento preocupante na vulnerabilidade econômica do país em relação a crises externas”, explicou o economista e consultor financeiro Ricardo Neres Souto. 

O principal fator responsável pelo aumento no déficit das contas externas foi o aumento das importações de serviços, entre outros serviços. Isso levou a balança de serviços, que engloba transportes, seguros, serviços financeiros e viagens internacionais, a fechar os sete primeiros meses do ano com déficit de US$ 28,937 bilhões, contra resultado negativo de US$ 22,159 bilhões no mesmo período de 2023.

Para Souto, o principal fator responsável por esse aumento no déficit é o crescimento acentuado das importações de serviços. “A balança de serviços, que inclui transportes, seguros, serviços financeiros e viagens internacionais, registrou um déficit de US$ 28,937 bilhões até julho de 2024. Esse valor é muito superior ao déficit de US$ 22,159 bilhões do mesmo período de 2023, sugerindo uma pressão crescente sobre nossas finanças externas”, pontua.

Paralelamente, após crescimentos sucessivos até 2023, o superávit da balança comercial está recuando em 2024. De janeiro a julho, o país exportou US$ 44,696 bilhões a mais do que importou. Nos sete primeiros meses do ano passado, o resultado foi positivo em US$ 49,789 bilhões.

“Embora ainda tenhamos um superávit positivo em exportações sobre importações de janeiro a julho de 2024, isso representa uma queda em relação ao superávit de US$ 49,789 bilhões do ano passado. Essa redução reflete uma desaceleração nas exportações e um aumento nas importações, o que é um reflexo da atual dinâmica econômica”, complementa o consultor e economista.

Segundo o Banco Central, o aumento do déficit das contas externas está ligado ao crescimento da economia. Quando o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) cresce, o país importa mais produtos e serviços.

Turistas no exterior

Dentro da conta de serviços, as contas externas também medem os gastos de turistas brasileiros no exterior. Nos sete primeiros meses do ano, os turistas brasileiros gastaram US$ 8,403 bilhões em outros países. Apesar da alta do dólar, essas despesas tiveram queda mínima em relação ao mesmo período do ano passado, quando totalizaram US$ 8,465 bilhões.

Apenas em julho, os gastos de turistas no exterior atingiram US$ 1,384 bilhão, exatamente o mesmo nível de 2023. Como o dólar acumula alta de 19,56% nos 12 meses terminados em julho, a estabilidade nos gastos pode ser explicada pelo aumento da renda dos turistas brasileiros que saem do Brasil.

O saldo negativo das contas externas costuma ser compensado pelos investimentos estrangeiros diretos, investimentos das empresas que geram empregos no país. De janeiro a julho, as companhias estrangeiras investiram US$ 45,065 bilhões no Brasil, alta de 20,15% em relação aos mesmos meses de 2023.

Apenas em julho, os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 7,258 bilhões, com pequena alta em relação aos US$ 7,1 bilhões registrados em julho do ano passado.

“Como a economia cresce, há uma maior demanda interna, que leva a um aumento nas importações de produtos e serviços. Portanto, é crucial que adotemos uma estratégia econômica que balanceie o crescimento com uma gestão eficaz das contas externas para evitar maiores desequilíbrios”, conclui Ricardo.

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