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terça-feira, 3 de dezembro de 2024
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Crise Invisível

Pobreza triplica risco de ansiedade e depressão, aponta relatório da ONU

Jornadas exaustivas e instabilidade aumentam transtornos mentais entre os mais pobres

Postado em 11 de novembro de 2024 por Vinicius Lima
pobreza
ONU propõe políticas de renda básica e apoio à economia solidária | Foto: Reprodução

Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que a pobreza aumenta em três vezes o risco de uma pessoa desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Esse dado alarmante está no documento intitulado “Economia do Burnout: Pobreza e Saúde Mental”, que explora como as condições econômicas e sociais afetam diretamente o bem-estar mental de milhões de pessoas no mundo todo. De acordo com o estudo, atualmente, cerca de 11% da população mundial sofre com algum tipo de transtorno mental, sendo a pobreza um fator que intensifica esses problemas.

O relator do documento, Olivier De Schutter, destaca que esse cenário está ligado à obsessão pelo crescimento econômico e pela busca incessante de riqueza, levando muitos trabalhadores a se submeterem a jornadas exaustivas e condições de trabalho precárias. “Quanto mais desigual é uma sociedade, mais as pessoas da classe média temem cair na pobreza, e com isso, desenvolvem quadros de estresse, depressão e ansiedade”, explicou De Schutter. Ele aponta que a desigualdade econômica gera uma pressão constante para que as pessoas se mantenham financeiramente estáveis e seguras, mas muitas vezes isso vem à custa da saúde mental.

Uma das principais causas do aumento da ansiedade e da depressão entre trabalhadores de baixa renda é a jornada de trabalho contínua, onde muitos ficam disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, sob demanda. Essa condição é particularmente comum entre trabalhadores de aplicativos e plataformas digitais, que não possuem horários fixos e precisam estar sempre prontos para aceitar um trabalho. A falta de previsibilidade nos horários e na quantidade de trabalho cria uma situação de instabilidade, dificultando o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Segundo De Schutter, essa incerteza é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais, pois leva a um estado constante de alerta e estresse.

Ansiedade climática e saúde mental

Além das condições de trabalho, outro fator que intensifica os transtornos mentais entre as populações em situação de vulnerabilidade é o que os especialistas chamam de “ansiedade climática”. As mudanças climáticas têm um impacto direto nas condições de vida de comunidades pobres. Fenômenos como secas prolongadas, inundações e tempestades destroem as fontes de renda dessas populações, gerando insegurança financeira e ampliando o estresse e a ansiedade. Esse ciclo de perda e incerteza faz com que as pessoas fiquem ainda mais suscetíveis a desenvolver transtornos mentais, agravando a situação de pobreza e falta de suporte adequado.

Propostas da ONU para reduzir a pobreza e proteger a saúde mental

Para reverter esse cenário, o relatório da ONU sugere uma série de ações que os governos poderiam adotar para reduzir as desigualdades e melhorar a segurança financeira da população. Entre as medidas propostas está a criação de políticas de renda básica universal, um valor mínimo garantido que todos teriam direito a receber para afastar a ameaça constante da pobreza. A renda básica universal poderia reduzir o estresse financeiro e permitir que as pessoas tenham mais estabilidade para cuidar de sua saúde mental e física.

Além disso, o estudo recomenda o apoio à economia social e solidária, que valoriza o trabalho comunitário e promove formas de produção e consumo mais justas e sustentáveis. Esses modelos econômicos buscam colocar o bem-estar social acima do lucro e, segundo o relatório, são uma forma eficaz de combater a pobreza e reduzir a pressão que muitos trabalhadores enfrentam atualmente.

O relator ainda informa que organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e acadêmicos estão trabalhando em conjunto para apresentar alternativas ao modelo econômico atual, focado no crescimento constante. Essas alternativas incluem medidas que conciliam o crescimento econômico com a erradicação da pobreza, além de promover práticas que priorizem o bem-estar das populações vulneráveis. O objetivo é que essas propostas sejam formalmente apresentadas em 2025, como parte de um esforço global para enfrentar as desigualdades econômicas e seus impactos na saúde mental.

Em um mundo onde as desigualdades estão em alta, essa pesquisa da ONU traz à tona a necessidade urgente de pensar em novas estratégias para combater a pobreza e promover uma vida mais digna para todos. A implementação de políticas públicas que reduzam as desigualdades econômicas e protejam a saúde mental dos cidadãos é essencial para garantir que a busca por estabilidade financeira não se torne uma fonte de sofrimento contínuo.

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