Prefeitura inicia demolição de áreas invadidas no Vera Cruz
O objetivo é garantir a preservação ambiental e o respeito às normas de ocupação do solo

Desde a última sexta-feira, 25 de abril, equipes da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplan), com apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e de máquinas patrolas, estão realizando a demolição de construções erguidas irregularmente em áreas verdes do Conjunto Vera Cruz, em Goiânia.
Ao todo, 26 áreas da região estão na lista de locais a serem vistoriados e removidos. Segundo a prefeitura, o objetivo é garantir a preservação ambiental e o respeito às normas de ocupação do solo.
Entretanto, comerciantes e moradores afetados criticam a condução da operação. Kerlin Krieger, dona do Restaurante Dona Nina, um dos estabelecimentos ameaçados de demolição, relatou que não recebeu qualquer notificação prévia.
“Pelo processo, o único estabelecimento que não foi notificado foi o nosso. Os outros foram, mas nós não. Na quinta-feira à tarde, o restaurante já estava fechado e o fiscal apenas conversou com o meu inquilino, avisando que na manhã seguinte viriam com as máquinas para demolir”, afirmou Kerlin.
Segundo ela, o restaurante funciona no local há 30 anos, sendo cinco sob sua gestão, e é bastante conhecido na região. “Eu não sou proprietária do imóvel, eu comprei o ponto comercial. Quando soube da demolição, pedi um prazo, expliquei que não tinha como tirar tudo de um dia para o outro. É pouca coisa, mas é a vida da gente que está aqui dentro”, desabafou.
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Kerlin contou que só conseguiu impedir a demolição graças à intervenção do vereador Sargento Novandir.
“Ele cancelou todos os compromissos para ajudar. Foi até a prefeitura com o dono do imóvel e o advogado, e conseguiram entrar com um processo para regularizar a área”, explicou.Â
A comerciante ainda criticou a postura dos fiscais. “Eles chegaram sem identificação, não mostraram documentos e foram bastante rÃspidos. Tudo foi feito de forma abrupta. Se pelo menos tivessem dado um prazo, 30 dias, dois meses, a gente poderia tentar se reorganizar”, reclamou.
Outros estabelecimentos conhecidos no bairro, como o Caipiras Pub, a loja Trilha de Calçados e a Igreja Assembleia de Deus, também estão na lista de demolições, segundo a comerciante. De acordo com Kerlin, a ação afeta mais de 150 endereços, incluindo muitas residências.
Outro comércio atingido, a loja Trilha de Calçados, teve parte de suas instalações demolidas. Um dos representantes da empresa destacou que a loja apenas alugava o espaço e que a responsabilidade sobre a área seria dos proprietários.
“Nós só alugamos o local, o espaço não era da Trilha de Calçados. Os donos do imóvel sabiam da situação. Para nós, não foi dado tempo. Na quinta-feira nos avisaram que demoliram, e no outro dia já estavam aqui. Só não demoliram antes porque um advogado conseguiu adiar”, contou.
O representante também questionou o que chamou de tratamento desigual entre os estabelecimentos da região. “A gente vê, por exemplo, que a Igreja Universal também está numa área irregular, cercada, e até agora não mexeram lá. Se a regra é para um, deveria ser para todos”, criticou.
Nota da prefeitura
Em resposta, a Prefeitura de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Eficiência, esclareceu que as ações cumprem decisão judicial referente à desafetação de áreas públicas municipais no Setor Vera Cruz.
Segundo o informe, “a sentença foi deferida pela magistrada Jussara Cristina Oliveira Louza no ano de 2022” e a operação visa garantir a organização urbana e o bem-estar social.
Ainda conforme a secretaria, a decisão judicial era de “amplo conhecimento da população” e a prefeitura apenas está cumprindo o trâmite legal. (