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Fraudes

Golpes bancários se sofisticam em 2025 e WhatsApp lidera fraudes mais comuns no Brasil

Associação cobra mais segurança dos bancos e fim da tentativa de botar a culpa no consumidor em fraudes virtuais

Anna Salgadopor Anna Salgado em 23 de junho de 2025
Os golpes bancários se tornaram ainda mais sofisticados e comuns em 2025, com destaque para fraudes cometidas por meio do aplicativo WhatsApp.
Foto 1: Reprodução

Os golpes bancários se tornaram ainda mais sofisticados e comuns em 2025, com destaque para fraudes cometidas por meio do aplicativo WhatsApp. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mais de 150 mil denúncias foram registradas em todo o País apenas nos primeiros meses do ano, colocando essa prática no topo da lista de crimes financeiros mais frequentes. As táticas variam, mas todas têm como foco explorar a confiança das vítimas e tirar proveito da agilidade das transferências via PIX.

“O golpe do WhatsApp é eficaz porque explora a confiança entre as pessoas. O criminoso se passa por amigos ou familiares, e, com poucos dados, consegue enganar a vítima. Além disso, é barato de executar, tem alto alcance e se aproveita da facilidade e velocidade do PIX, dificultando a recuperação dos valores”, explica Raimundo Nonato , advogado da Associação Brasileira de Defesa dos Bancários e Consumidores Financeiros (Abradeb), em entrevista exclusiva ao jornal O Hoje.

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Além do WhatsApp, também são comuns fraudes como o phishing (envio de links maliciosos), criação de sites falsos de vendas, golpes de falsas locações de imóveis e promessas de investimentos com lucro fácil. Em todos os casos, o objetivo é o mesmo: obter informações sensíveis ou transferências financeiras das vítimas.

“Minha filha tinha acabado de se casar, e naquele mesmo dia ela postou no Instagram uma foto dos móveis novos”, relata uma vítima, que preferiu não se identificar. “Pouco tempo depois, recebi uma mensagem com a foto dela, idêntica ao perfil, pedindo R$ 4 mil para terminar de pagar os móveis. Era tudo muito convincente. Fiz a transferência e só depois percebi que era um golpe. Não consegui recuperar o dinheiro até hoje.”

Na avaliação da Abradeb, os bancos ainda estão aquém do necessário no combate aos crimes virtuais. “As fraudes crescem mais rápido que as soluções de segurança. Muitas instituições priorizam agilidade e corte de custos, deixando brechas na proteção dos clientes. Falta também uma atuação mais forte em educação digital”, aponta Raimundo .

A responsabilização das instituições financeiras é outro ponto central defendido pela associação. “O consumidor continua como parte mais vulnerável, pois não tem acesso às mesmas tecnologias de proteção que os bancos possuem. A Abradeb defende que os bancos sejam responsabilizados. Não podemos aceitar que toda a responsabilidade recaia sobre o consumidor”, reforça o advogado.

Casos como os de falsas locações se repetem com frequência. “Ao procurar apartamentos para alugar aqui em Goiânia, encontrei um imóvel ideal. O suposto locador me passou contrato, fotos, localização, tudo. Pediu R$ 700 para reservar o imóvel por cinco dias. Fiz a transferência e depois disso ele sumiu. Tentei registrar ocorrência, mas o processo não teve andamento. Até hoje, não recuperei o dinheiro e nem obtive respostas”, conta outra vítima.

Para se proteger, especialistas recomendam que os consumidores desconfiem de ofertas muito abaixo do preço de mercado, evitem transferências para pessoas físicas sem garantias e estejam atentos a sinais como erros de português, ausência de CNPJ, contratos ou canais oficiais de atendimento. “Ofertas muito abaixo do preço, pressão para pagamento imediato e pedidos via PIX para pessoas físicas são alertas claros”, afirma Costa. “Sinais mais sutis incluem perfis sem histórico, erros de português, falta de contrato e canais de atendimento inexistentes.”

O advogado também defende ações educativas mais amplas e permanentes. “Campanhas simples, diretas e constantes são as mais eficazes, usando redes sociais, TV, rádio e os próprios apps bancários. A responsabilidade é compartilhada entre bancos e governo”, avalia. “A cultura de culpar a vítima ainda existe, mas vem diminuindo. O Judiciário já entende, na maioria dos casos, que os bancos têm o dever de garantir segurança nas transações, independentemente de possíveis erros do consumidor.”

A Abradeb atua atualmente com produção de conteúdo técnico, orientação jurídica, pressão sobre o sistema financeiro e órgãos reguladores, além de promover campanhas educativas. “Seguiremos defendendo os consumidores e cobrando medidas mais rigorosas contra esses crimes, que colocam em risco a segurança financeira de toda a sociedade”, finaliza Raimundo.

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