O Titanic Libanês

Às vezes a realidade está mais perto que a gente pensa. Histórias reais como esta nos fazem refletir o quão era difícil a vida do imigrante que largava tudo para realizar seus sonhos

Postado em: 13-06-2021 às 09h16
Por: Redação
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Às vezes a realidade está mais perto que a gente pensa | Foto: reprodução

Uma das histórias mais intrigantes é, sem dúvida, o naufrágio do Titanic. O transatlântico era considerado inafundável e um dos mais luxuosos da época. Quando ouvia meu pai, Salem Barbar, dizer que o professor dele no Líbano tinha sobrevivido ao naufrágio, nem eu nem ele dávamos a devida importância. Ele me relatava de forma despretensiosa e com naturalidade, pois havia chegado ao Brasil de navio também e aquilo que para muitos era uma dificuldade para o imigrante, era o destino de sobrevivência.

O curioso nessa história é que o cinema tem a capacidade de transformar esse fato segundo suas perspectivas e acaba por apagar os rostos dos verdadeiros sobreviventes. Depois que a história é contada fica difícil acreditar que havia libaneses no navio. De qualquer forma, o cinema deu uma dimensão e um resgate do acontecimento.

O desastre com o transatlântico ocorreu em 10 de abril de 1912 e 1500 pessoas perderam a vida. Quando meu pai disse que conheceu um dos sobreviventes, minha curiosidade ficou aguçada e iniciei uma pesquisa e realmente constatei que existiam mais de 100 libaneses no navio e entre eles o provável professor, Elias Nicola Yareed da cidade de Al Hakour no Líbano.

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Quando conto essa história, as pessoas ficam perplexas e acham que estou inventando. Até mesmo a história retratada no filme pode ter sido inspirada na noiva Zahia que passou pela mesma situação retratada pelo filme. História confirmada por vários sobreviventes.

Na primeira classe do navio estavam os passageiros mais ricos, entre eles oficiais, artistas, empresários e políticos. Os imigrantes do oriente médio estavam na terceira classe e entre eles vários de cidades do Líbano como: Trípoli, Beirute, Zgharta, Kfar mishki, Hardin, Ein el Arab, Hakour, entre outras. Inclusive a fundação cultural Líbano-Irlandesa confirmou a presença no navio de várias famílias de libaneses.

Às vezes a realidade está mais perto que a gente pensa. Histórias reais como esta nos fazem refletir o quão era difícil a vida do imigrante que largava tudo para realizar seus sonhos.

Por Jibran Salem Barbar, professor de Geografia

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