Goiânia aplicou 667 doses trocadas

Prefeitura alega que não houve erro nas aplicações e, sim, na digitação dos dados no sistema | Foto: Wesley Costa

Postado em: 30-04-2021 às 08h08
Por: João Paulo
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Prefeitura alega que não houve erro nas aplicações e, sim, na digitação dos dados no sistema | Foto: Wesley Costa

Goiânia foi a segunda capital brasileira com maior número de registros de aplicação de doses trocadas. Segundo dados colhidos no DataSUS, a Capital goiana registrou  667 ocorrências do tipo. O levantamento obedeceu registro de todos os vacinados no primeiro mês de campanha vacinal, entre 17 de janeiro e 17 de fevereiro, e que voltariam a receber a segunda dose até o dia 8 de abril.  Os dados mostram que Goiânia ficou atrás apenas do Rio de Janeiro, que aplicou 1.136 doses trocadas.

A imunologista e presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologista (Asbin), Germana Pimentel Stefani, conta que ainda não se sabe dessa implicação dentro da ciência, pois não foi um cenário programado. “Teoricamente não há risco, mas não dá para afirmar nada sobre essa combinação de vacinas de fabricantes diferentes. O maior risco que pode se ter é a menor proteção, pois, mesmo com aplicação de duas doses, nenhuma proteção foi completa dentro do esquema”, conta.

Além disso, Germana destaca que o posicionamento do Ministério da Saúde será de extrema importância para saber como deverá se proceder sobre eventuais acontecimentos como esses. “O que se sabe é que a pessoa não pode se considerar protegida. A utilização de duas vacinas pode chegar a vir a ser realizada. Um bom exemplo disso é a vacina russa Sputnik V, que utiliza dois vetores virais diferentes para neutralizar o novo coronavírus entre a primeira e segunda dose para potencializar a resposta imunológica, mas, como disse, tudo vai depender do posicionamento do Ministério da Saúde”, pontua.

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Efeitos colaterais

A imunologista descarta que a aplicação de duas vacinas de doses diferentes potencialize efeitos colaterais e de possíveis reações adversas, mas que os casos devem ser notificados como erro de imunização. Segundo ela, uma coisa que pode ser levada em consideração é que isso pode se tratar de erro humano na digitação dessas doses na plataforma do Ministério da Saúde. “A gente sabe que o transporte de dados do sistema onde ocorre a aplicação – que é no posto de saúde – até ao Ministério é arcaica. Para você ter uma ideia, uma colega da área foi puxar o extrato de vacinação e constava três doses de vacinas, mas ela tomou apenas duas vezes. Por isso, boa parte desses números podem ser falsos e representar erro de digitação”, afirma.

Estado

O levantamento ainda destaca que Goiás ficou em quinto lugar entre os estados que mais registraram aplicação de doses trocadas. Nesse período, o DataSUS aponta que 1.090 ocorrências foram registradas. Destes, 74 foram de pessoas que tomaram a primeira dose da Coronavac e a segunda da vacina de Oxford/Astrazeneca. Já 1.016 são de goianos que foram vacinados na primeira dose com o imunizante da Oxford/AstraZeneca e reforço aconteceu com o imunizante produzido pelo Instituto Butantan.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que os casos de troca de vacinas estão sendo avaliados por uma equipe técnica da Gerência de Imunização Estadual, mas que, “algumas situações, constatou, na verdade, erro no registro do imunizante pelos municípios e não na administração da dose.”

A nota também reforçou que aguarda a liberação do Ministério da Saúde para que possa haver a correção dos dados no programa oficial do Programa Nacional de Imunizações. “O Estado de Goiás, em parceria com os municípios, realiza capacitações frequentes das equipes de vacinação, para aperfeiçoar o processo de imunização. Em situações adversas, as cidades são orientadas a notificarem os casos de imediato, para acompanhamento técnico”, termina o texto.

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