Veja como as queimadas têm crescido nos Parques Nacionais do Estado

Atuação dos bombeiros se concentra em três parques e reservas no Estado há quase duas semanas

Postado em: 24-09-2021 às 08h40
Por: Redação
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Atuação dos bombeiros se concentra em três parques e reservas no Estado há quase duas semanas | Foto: EBC

Por Alzenar Abreu

Com estrago equivalente a 27 mil estádios de futebol, as chamas não perdoam a mata seca e íngreme de dois dos principais parques estaduais goianos e o Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), em Goiás. Este ano já houve aumento nas ocorrências de incêndios florestais, de janeiro a setembro, em 9,1% em relação a 2020. Ano passado, de janeiro a agosto, foram registradas cerca de 6.067 ocorrências. Este ano, no mesmo período, foram 6.624 registros de incêndios em vegetação.

Em comparação com os últimos 23 anos, o Estado registrou o sétimo pior ano de queimadas. O registro de focos em Goiás ficou acima da média nacional (4.863). No entanto, ficou abaixo dos números registrados no estado em 1998 (5.352), 2002 (6.394), 2004 (5.739), 2007 (9.031), 2010 (10.983) e 2019 (5.684).

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O Cerrado é o 2º bioma mais ameaçado pelas queimadas, atrás somente da Amazônia. O total de focos de incêndio registrados nas duas vegetações equivale a 77,6% do que foi apontado em todo Brasil.

Estão em combate diário há quase duas nos parques o corpo de bombeiros militar do Estado de Goiás, do Distrito Federal, homens do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão ambiental do governo brasileiro-, brigadistas do Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e brigadistas voluntários.

De acordo com o capitão especialista em prevenção e combate a incêndios florestais, Luiz Antônio Araújo Dias, as ações na Chapada dos Veadeiros concentraram-se nas regiões conhecidas como Cascata e Monte de Pedra. “Esses dois focos tomaram a Chapada cerca de 60 km distante da parada para atrativos turísticos. Esse combate não oferece risco aos munícipes nem aos visitantes”, diz.

Segundo Araújo, as condições climáticas como a baixa umidade relativa do ar e oscilação forte dos ventos têm dificultado muito o trabalho. Chuvas em volume para dar alívio à população e regar os parques são esperadas, apenas, para a segunda quinzena de outubro.

Além do trabalho em solo, três aviões fizeram o lançamento de água durante todo o dia 22. A expectativa é que durante à noite as ações possam progredir nessas linhas de combate para se ter um panorama melhor do combate às queimadas.

Acidentes

Na Chapada dos Veadeiros um bombeiro perfurou a região ocular com um graveto. Ele estava sem óculos de proteção e foi atingido. Fez cirurgia para a retirada do corpo estranho e passa bem. Informações da equipe médica do Corpo de Bombeiros dizem que o profissional não corre o risco de perder a visão.

Nessa região, 18 mil hectares foram queimados, sendo destes, cinco mil dentro do Parque Nacional. O restante atingiu parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Pouso Alto, zona de amortecimento do PNCV, região de uso sustentável, em torno do Parque.

Criado em 1961, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros situado à nordeste do Estado de Goiás é um deleite aproveitado por turistas mundialmente. As belezas exuberantes em florestas do Cerrado, cachoeiras e formações geológicas milenares e belas como o Vale da Lua encantam pela magnitude.

A região engloba os municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma e São João d’Aliança. Protegendo uma área de 240.611ha de Cerrado e abriga espécies e formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água.

O Parque também preserva áreas de antigos garimpos, como parte da história local. Foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO, em 2001.

Nordeste Goiano

O incêndio no Parque Estadual de Terra Ronca, em São Domingos, já consumiu 15% da área do Parque. Cerca de 9 mil hectares, equivalente a 9 mil campos de futebol. Foram atingidas a região da nascente do Rio São Vicente, Serra Geral de Goiás e a caverna do Rio São Mateus.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou há oito dias no Terra Ronca, parque turisticamente muito conhecido por abrigar o maior complexo de cavernas da América latina, segundo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad).

Criado em 1989, com 57 mil hectares de área, o complexo é um tesouro ecológico goiano, muito rico em fauna com centenas de atrações turísticas e belezas naturais ímpares. No local são encontradas cavernas e grutas monumentais, além de fauna com espécies do Cerrado ameaçadas de extinção.

Causas

Cerca de 90% ou mais dos casos de queimadas em vegetação são provocados por ação humana. Isso porque os cidadãos ateiam fogo no mato como técnica rudimentar para limpeza de terrenos, pastagens ou áreas para início de plantações. Assim, as chamas, facilmente, fogem do controle de quem provocou o fogo e avançam no mato ressecado.

Outros agentes, pelo prazer de ver o incêndio, lançam pontas de cigarro nas áreas de domínio às margens de rodovias. Na zona urbana ainda utilizam o fogo para limpeza de terrenos, para queima de lotes baldios, limpeza e, na maioria das vezes, causam riscos para as residências próximas. 

Estes incêndios podem acarretar um aumento de problemas respiratórios na população pela fumaça provocada. A orientação é evitar uso do fogo neste período de estiagem avançada. A umidade relativa do ar já está muito baixa, somadas à temperatura elevada, vegetação desidratada e ainda ventos muito fortes propiciam incêndios florestais ou de maior impacto.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), conforme série histórica desde 1998, mostram que Goiás registra em 2021 número de focos ativos detectados via satélite em julho (627), agosto (1056) e setembro com 2217, até o momento.

Em análise histórica, durante o auge da pandemia, os números respectivos foram (402), (1825) e (1622). Em 2019, sem a pandemia do Coronavírus, os números saltaram para (403), (698) e assustadores (4149), respectivamente. O pior ano registrado, segundo o Instituto, foi o de 2010 com a marca de 1204, 3336 e 5906.

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