Goianos estão cada vez mais conectados ao celular, passando cerca de cinco horas e meia nos aparelhos

Assistir filme, pedir um lanche ou pagar uma conta nunca foi tão prático como agora

Postado em: 22-01-2022 às 08h13
Por: Daniell Alves
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Assistir filme, pedir um lanche ou pagar uma conta nunca foi tão prático como agora | Foto: reprodução

Os goianos passaram, no último ano, cerca de cinco horas e meia por dia diante de seus aparelhos de celular, aponta relatório da empresa de análise de mercado digital App Annie. Os dados foram coletados das lojas online iOS App Store, Google Play e outras. A pesquisa pode ser confirmada de forma muito fácil ao andar em qualquer lugar. Atualmente, tudo pode ser feito pelo celular e os inúmeros aplicativos fazem com que as pessoas não consigam dar um passo sem o aparelho em mãos.

Mesmo que o brasileiro esteja entre os maiores no índice, ele está próximo da média global de 4 horas e 48 minutos de uso diário de celular observada nos principais mercados analisados pela empresa em 2021. Isto representa um aumento de 30% no uso desde 2019. Desse modo, as pessoas passam mais de um terço do tempo que estão acordados (considerando uma noite de sono de 8h) ligados no celular, como é o caso da vendedora Eduarda Soares, 20 anos.

Ela passa cerca de seis horas por dia utilizando o celular para fazer praticamente tudo. Na maior parte tempo, Eduarda fica vendo vídeos e conversando com amigos em aplicativos de mensagens. Para ela, ficar sem mexer no celular não é uma opção. Ela utiliza no trabalho, andando na rua, dentro do ônibus, em casa ou em qualquer outra ocasião. “Eu tenho TOC [Transtorno Obsessivo Compulsivo], toda hora abro a tela do celular. Não consigo ficar muito tempo sem mexer para saber se tem alguma mensagem”. A vendedora também opta por assistir séries pelo aparelho. “É bem mais prático e posso assistir em qualquer lugar como, por exemplo, no ônibus”, diz.

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Nesse contexto, olhando pelo lado comercial e tecnológico “a tela grande está lentamente morrendo, enquanto o celular continua a quebrar recordes em todas as categorias —tempo gasto, downloads e receita (gerada)”, afirma o executivo-chefe da App Annie, Theodore Krantz. Segundo o relatório, houve 230 bilhões de downloads de aplicativos no ano passado ao todo o mundo, com gastos de US$ 170 bilhões (R$ 940 bi).

Jogos

O mercado de jogos para celular também cresceu, de acordo com a pesquisa. Os usuários gastaram US$ 116 bilhões (mais de R$ 600 bi) nesses jogos. Os mais populares são os chamados de “hiper-casuais”, como o Hair Challenge (em que jogadores têm de fazer o possível para que seus cabelos não sejam cortados) e Bridge Race (nos quais usuários colecionam blocos para construir escadas).

Analista de pré-venda, Klayver Martins passa uma pequena parcela do dia se dedicando aos jogos on-line. “Já gastei dinheiro com alguns jogos, mas não foi uma quantidade tão considerável assim. Acredito que no máximo R$ 100”, afirma. Ele fica, em média, cinco horas utilizando o celular em dias úteis. “Costumo utilizar redes sociais, jogos e principalmente plataformas de entretenimento (para músicas, memes) e também pra estudo.

Os aplicativos mais utilizado por ele são WhatsApp, Spotify, Instagram, iFunny e King of Thieves (jogo). “Geralmente, no trabalho costumo pegar o celular em momentos específicos. Na maioria, momentos de ociosidade ou intervalos. Com a família, grande parte do tempo eles estão assistindo TV então quase não paramos para nos falar. Com amigos, geralmente não o utilizo, principalmente quando vamos sair. Priorizamos sempre conversar cara a cara, sem dar muita atenção ao celular”, explica.

Contudo, diferente de Eduarda, ele afirma que consegue ficar sem celular por vários dias, embora reconheça a necessidade do aparelho. “Acho que o grande ponto em relação a não conseguir ficar sem o celular é a necessidade no cotidiano, que acaba nos mau acostumando com as facilidades que ele traz. “Como se programar com o horário do ônibus, ouvir uma música durante o trajeto, acompanhar as movimentações bancárias sem precisar ir à agência, contatar alguém facilmente caso necessário ou até mesmo pedir um carro em aplicativos de transporte”, avalia.

Compras on-line

Algumas das tendências identificadas pelo relatório da App Annie refletem mudanças sociais mais amplas, particularmente em como a pandemia alterou a vida das pessoas. Um exemplo é que usuários estão gastando muito tempo em aplicativos de compras – são mais de bilhões de horas globalmente, com maior crescimento sendo registrado em Singapura, Indonésia e Brasil.

Também intimamente relacionado à pandemia, o uso de aplicativos de entrega de comida teve um crescimento expressivo. O número de sessões nesses apps foi de 194 bilhões em 2021, um aumento de 50% em relação ao ano anterior.

TikTok foi o app mais baixado em 2021

O aplicativo TikTok foi o aplicativo mais baixado no último ano, onde os usuários passaram 90% a mais em comparação com 2020. Neste ano, a expectativa da empresa de análise é de que o TikTok passe de 1,5 bilhão de usuários ativos mensais no segundo semestre deste ano.

Para Klayver, a popularização se deu por conta da divulgação feita por famosos e grandes veículos de comunicação e também por possibilitar uma forma de entretenimento onde todos podem postar, assistir e criar alguns conteúdos.

Também é o que afirma o gerente de produção de roupas, Adriano da Silva Arruda, 26 anos. Segundo ele, o app oferece conteúdo para todos os tipos de públicos em áreas de dança, humor, moda, culinária e beleza. Ele tem conta no aplicativo e utiliza diariamente.

Em média, ele usa o celular por cerca de sete horas por dia. A maior parte do tempo é dedicado para as redes sociais e o restante músicas ou assistindo filmes e séries. “A parte das redes sociais, em alguns momentos de pausa do trabalho, eu consigo conciliar. Já nos momentos livres para sair tento ao máximo curtir o momento. O maior tempo sem o uso do celular foi de sete meses. Foi um período que eu dei pausa de tudo pelo fato de estar afetando a saúde”, lembra.

Malefícios

Conforme explica a clínica médica GlobalMed, o uso excessivo do celular pode acarretar em problemas psicológicos e sociais. Algumas pessoas deixam de viver a realidade para se prender ao mundo virtual. “Começam a ficar refém de tudo que está relacionado com o mundo digital e de sua interação dentro dele, como curtidas e comentários. Esse escape para não se sentirem sozinhas podem causar dependência, depressão e ansiedade”, informa.

O uso contínuo também pode provocar insônia e distúrbios do sono. Isto porque as luzes e os sons emitidos pelos celulares minutos antes de dormir ou durante o sono podem deixar o corpo em estado de alerta. “Isso não permite que o usuário desligue por completo e atrapalha uma boa noite de descanso”, diz a GlobalMed.

Além disso, resulta em problemas na postura. “Quando mexemos nos aparelhos celulares temos o costume de inclinar o pescoço para frente e não prestar atenção na nossa postura. Essas posições erradas podem causar dores no pescoço, nos ombros e até mesmo dores de cabeça. Caso não mude essa atitude, problemas mais graves podem surgir como uma doença chamada nevralgia (dor nos nervos)”, finaliza. (Especial para O Hoje)

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