Treze servidores são indiciados pela morte de adolescentes

Segundo a corporação, eles foram negligentes ao demorar começar a combater o fogo e a tentar salvar os menores

Postado em: 27-08-2018 às 14h30
Por: Katrine Fernandes
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Segundo a corporação, eles foram negligentes ao demorar começar a combater o fogo e a tentar salvar os menores

Katrine Fernandes

Os 13 servidores públicos estaduais que estavam trabalhando,
no dia em que o incêndio em que provocou a morte de 10 adolescentes no Centro
de Internação Provisória de Goiânia (CIP), foram indiciados pela Polícia Civil
nesta segunda-feira (27) por homicídio culposo. Segundo a corporação, eles
foram negligentes ao demorar começar a combater o fogo e a tentar salvar os
menores.

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O caso ocorreu no último dia 25 de maio deste ano, no Centro
de Internação Provisória, que fica dentro do 7º Batalhão da Polícia Militar, no
Jardim Europa, região sudoeste da capital. Segundo a Polícia Civil, o fogo foi
provocado por menores de um dos alojamentos, que colocaram fogo em um pedaço de
colchão.

Segundo o delegado Hellyton Carvalho, apesar de, em
depoimento, os servidores afirmarem que começaram a combater o fogo assim que
notaram as chamas, porém, imagens de câmeras de segurança mostraram que os responsáveis
pelo CIP só começaram há agir 4 minutos depois, com baldes de água, e só
chamaram o Corpo de Bombeiros quase 20 minutos depois de o incêndio começar.

“O que a gente observa é que o fogo foi constatado por volta
de 11h10 e apenas por volta de 11h15 é que os agentes passaram a tentar
combatê-lo, embora o procedimento operacional padrão deles diga que eles
deveriam agir prontamente, seja no sentido de utilizar extintores, utilizar
agua, ou acionar o Corpo de Bombeiros”, conta.

Nove adolescentes morreram carbonizados no momento do
incêndio, e outro menor morreu após quase um mês internado na Unidade de
Terapia Intensiva do Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira
(Hugol).

Os 13 servidores foram indiciados por homicídio culposo,
quando não há intenção de matar, mas se assume o risco de morte, já que,
segundo o delegado, houve negligência no atraso ao socorro às vítimas. Os nomes
deles não foram divulgados.

Falta de extintores

Tanto durante a sindicância realizada pela Secretaria
Cidadã, quanto durante os depoimentos à Polícia Civil, todos os servidores
envolvidos no procedimento, com exceção dos coordenadores, afirmaram que não
havia extintores na unidade. De acordo com o delegado, uma inspeção feita pelo
Corpo de Bombeiros após o fato constatou que, atualmente, o local está dentro
das normas técnicas exigidas.

A Secretaria Cidadã informou que existiam extintores de
incêndio dentro da unidade no momento do ocorrido, mas que, para evitar que
eles fossem utilizados em possíveis rebeliões, os itens ficavam guardados em
outros lugares, como na cozinha, na sala de artesanato e no almoxarifado.

Acompanhe a cronologia dos fatos divulgado pela a Polícia Civil:

11h10 – Incêndio é notado por uma servidora que servia o
almoço

11h11 – Interno percebe o fogo e avisa outras servidoras

11h11 – Servidores observam o fogo, mas não tomam nenhuma
atitude

11h12 – Coordenadora sai para preencher solicitação de
intervenção policial

11h14 – Coordenadora e servidores observam o fato e uma
pedagoga aparece sorrindo no pátio

11h14 – Coordenadora pede apoio a um interno, os dois vão
para a ala que pega fogo e tentam apagar o fogo com um balde, enquanto
servidores aguardam a chegada de uma mangueira

11h15 – A mangueira chega e eles tentam acoplar à torneira,
enquanto o menor continua jogando baldes d’água no fogo;

11h15 – A mangueira começa a funcionar e os servidores começam
a combater o fogo

11h27 – O Corpo de Bombeiros é acionado, mas quando chega ao
local o fogo já foi combatido.

 

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