Entenda o porquê é importante saber se um alimento possui glúten

Para os celíacos, abster-se do glúten é mais que dica de emagrecimento: é questão de saúde

Postado em: 07-06-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Para os celíacos, abster-se do glúten é mais que dica de emagrecimento: é questão de saúde

Elisama Ximenes

“Não contém glúten” ou “Contém glúten” tornaram-se informações obrigatórias nos rótulos dos produtos alimentícios em 2003. A obrigatoriedade foi estabelecida conforme a sanção da Lei nº10.674 no dia 16 de maio daquele ano. A lei foi sancionada como medida preventiva de controle da doença celíaca. Segundo nota no site da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), a doença celíaca trata-se de uma “desordem sistêmica autoimune, desencadeada pela ingestão de glúten, caracterizada pela inflamação crônica da mucosa do intestino delgado”. Ou seja, as pessoas diagnosticadas são intolerantes ao glúten.

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A nutricionista Cristiane Spricigo explica que existem dois tipos de doenças relacionadas ao glúten: a intolerância e a alergia. No caso da intolerância ou doença celíaca, a pessoa não consegue processar a proteína e apresenta os sintomas. A estudante de jornalismo Isabela Lacerda sentia dores de estômago, enjoos e disenteria. Ela já havia sido diagnosticada como intolerante à lactose, e os novos sintomas lhe pareciam algo isolado, porque podia ter comido algo que não lhe tenha feito bem. No entanto, percebeu que os sintomas tornaram-se frequentes. “Ao mesmo tempo, eu sentia muitas cólicas menstruais, que me levaram a fazer tratamento de endometriose com a ginecologista. Porém meus exames davam índices normais e não explicavam a dor que eu sentia”, conta. Foi então que a ginecologista pediu que Isabela cortasse o glúten. 

Depois de ser transferida para um gastroentorologista, a estudante fez o exame de sensibilidade ao glúten, que possibilitou a descoberta de que era sensível à tal proteína, apesar de não ser celíaca. “Meu organismo consegue digerir pequenas quantidades de glúten, mas, se eu comer muito, volto com os sintomas”, explica. Uma das maiores dificuldades que Isabela encontrou foi quanto ao regime sem glúten que teve de fazer. “Eu nem sabia direito o que tinha glúten ou não, e muita gente ainda acha que é frescura”, desabafa. Além de ter de abrir mão de alimentos consumidos diariamente, a procura no mercado também não foi fácil. 

Apesar de as embalagens obedecerem à regra de indicar se contém ou não glúten, Isabela encontrou ainda um outro obstáculo. “O problema são outros alimentos que possuem glúten por contaminação cruzada, como a aveia. Se eu não tivesse pesquisado, estaria consumindo glúten mesmo em pequena quantidade”, conta. A contaminação cruzada ocorre  quando há a transferência de traços ou partículas de glúten de um alimento para o outro. Assim dá para entender porque existem produtos que indicam a presença de glúten mesmo que, na lista de ingredientes, não conste algo que possa existir a proteína. Ou seja, pode se tratar de um caso de contaminação cruzada.

Apesar da dificuldade relatada por Isabela, uma pesquisa realizada pela Glúten Free Brasil apurou que houve um aumento de 400% no mercado sem glúten nos últimos 15 anos. A pesquisa apontou, ainda, que aumentou em 30% ao ano o consumo de produtos livres da proteína. Segundo a pesquisa, a justificativa é de que aumentou a procura por alimentos saudáveis. Portanto o público consumidor passou a entender a falta de glúten nos alimentos como sinônimo de saúde e emagrecimento. Todavia, no caso da Isabela Lacerda, ocorreu o contrário. Um dos sintomas da intolerância foi, justamente, o emagrecimento rápido. “Com o intestino inflamado, eu não estava digerindo muito bem os nutrientes, fiquei anêmica e perdi muito peso, muito rápido”, declara.

Quando começou a dieta sem glúten, a estudante relata que o peso foi voltando ao normal. “A inflamação foi melhorando, e, assim, o organismo voltou a absorver os nutrientes”, diz Isabela. No entanto a celíaca diz que, no caso das pessoas que não apresentam a intolerância, pode haver a perda de peso, porque a proteína está presente em carboidratos, o que ocasiona no emagrecimento. 

Cristiane explica que esse emagrecimento se dá, também, porque o glúten é inflamatório. “Então vai diminuir a inflamação no corpo e a retenção de líquido. Mas a nutricionista também alerta que os alimentos que não contêm glúten têm a tendência a conter um alto índice glicêmico. “Então, nesse caso, pode ser que a pessoa volte a engordar com o tempo”, finaliza. 

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