Exposição de artista goiano homenageia mulheres vítimas de opressão

A coletânea de Hector Ângelo retrata a história de cinco brasileiras que simbolizam a resistência e o combate à violência contra a mulher

Postado em: 18-08-2021 às 15h25
Por: Giovana Andrade
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A coletânea de Hector Ângelo retrata a história de cinco brasileiras que simbolizam a resistência e o combate à violência contra a mulher | Foto: Reprodução

Aos 19 anos, o artista Hector Ângelo lança nesta quinta-feira (19/08), com o apoio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), a exposição “A voz delas”, que homenageia mulheres símbolo da resistência e do combate à violência contra a mulher. O lançamento será realizado a partir das 17h, no Armazém da Decoração.

Preocupado com questões sociais, as obras de Hector refletem a diversidade, a inclusão e o combate a qualquer forma de discriminação e preconceito.A coletânea mais recente, composta por cinco obras, retrata as histórias de Maria da Penha, Dra. Cristina Lopes, Marielle Franco, Sylvie Alves e Glamour Garcia, mulheres que enfrentaram as dores da violência doméstica, política e de gênero, e que representam uma potente força no combate a esses tipos de abuso.

Conheça as histórias dessas mulheres e do artista, Hector Ângelo:

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Maria da Penha

No ano de 1983, Maria da Penha foi vítima de dupla tentativa de feminicídio por parte de Marco Antonio Heredia Viveros. Primeiro, ele deu um tiro nas costas da esposa enquanto ela dormia. Como resultado dessa agressão, devido a lesões irreversíveis, Maria da Penha ficou paraplégica, além de sofrer outras complicações físicas e traumas psicológicos.

Maria da Penha por Hector Ângelo

O caso de Maria da Penha marcou a história do país pois, graças à sua repercussão, após os muitos debates com o Legislativo, o Executivo e a sociedade, foi sancionada em 2006 a Lei Maria da Penha. A lei estabelece que todo caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, devendo ser apurado através de inquérito policial e remetido ao Ministério Público. Esses crimes são julgados nos Juizados Especializados de Violência Doméstica contra a Mulher, criados a partir dessa legislação, ou, nas cidades em que ainda não existem, nas Varas Criminais.

A lei, que completou 15 anos este mês, também tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores, amplia a pena de um para até três anos de prisão e determina o encaminhamento das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, a programas e serviços de proteção e de assistência social.

Marielle Franco

Marielle Francisco da Silva, mais conhecida por Marielle Franco, foi vereadora do Rio de Janeiro, eleita em 2017 pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Em sua carreira política, Marielle foi reconhecida internacionalmente, por ONGs como a Anistia Internacional, pela formulações de projetos de leis e pautas em defesa dos direitos da população LGBTQIA+ e das mulheres pretas e faveladas.

Marielle Franco por Hector Ângelo

No dia 14 de março de 2018, Marielle Franco e o motorista Anderson Pedro Gomes foram assassinados com 13 tiros. O caso Marielle, como ficou conhecido, foi notícia no mundo todo e gerou diversas manifestações que, mais de dois anos depois, ainda sem respostas, continuam pedindo justiça e buscando manter seu legado vivo.

Dra. Cristina Lopes Afonso

Em 1986, aos 20 anos, Cristina Lopes teve 85% do corpo queimado por seu ex-namorado, em uma tentativa de homicídio. O caso marcou a história do país como o primeiro caso de tentativa de feminicídio com vítima viva a ter o agressor julgado e condenado de forma exemplar, de forma que a trajetória de Cristina está intimamente ligada aos direitos das mulheres e ao combate contra todas as formas de opressão e violência. Atualmente, ela ocupa o cargo de secretária de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, além de ser fisioterapeuta, educadora física e ter sido chefe do Serviço de Saúde Referência em Queimadura em Goiás por mais de 20 anos.

Sylvie Alves

Silvye Alves, apresentadora do Cidade Alerta Goiás, da Record TV, foi agredida em sua casa pelo ex-namorado, o empresário Ricardo Hilgenstieler, precisando inclusive ser submetida a uma cirurgia após ser violentada. A violência doméstica foi presenciada pelo filho da jornalista, de 11 anos. O agressor foi detido no aeroporto de Goiânia por agentes da Polícia Federal, que acionaram a Polícia Militar e o conduziram até a 1ª DEAM (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), mas Ricardo foi solto novamente após pagamento de fiança no valor de R$11 mil.

Glamour Garcia

Mulher transexual, a atriz Glamour Garcia entendeu a própria identidade no início da adolescência, aos 13 anos, logo assumindo sua real identidade, o que a fez enfrentar a transfobia, a misoginia e o preconceito social. Mais recentemente, em 2019, durante o sucesso da personagem Britney na novela ‘A Dona do Pedaço’, Glamour foi vítima de situações abusivas com o então marido, Gustavo Dagnese. O relacionamento chegou ao fim em 2020.

O Artista: Hector Ângelo

Escritor e artista plástico, Hector demonstrou interesse pelos desenhos desde os 2 anos de idade. Aos 7, recém alfabetizado, escreveu seu primeiro livro, “A Girafa que foi ao Espaço”, e desde então se dedica à literatura e às artes plásticas.

Aos 15 anos de idade, alcançou notório reconhecimento após ser convidado para expor sua obra “Eu sou o gay que sofre com a homofobia” na 10ª Art Shopping Paris – Carrousel do Louvre – 2017. A oportunidade consolidou caminhos para que Hector tivesse seu nome incluído no ranking dos 50 artistas plásticos mais influentes do mundo em 2018 pelo guia The Best Modern and Contemporary Artists sob curadoria dos italianos Salvatore Russo e Francesco Saviero.

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