A estreia polêmica de ‘Oppenheimer’ nas telonas japonesas

Ex-prefeito de Hiroshima critica viés na representação do horror das armas nucleares, enquanto alguns residentes destacam a importância de mostrar 'o outro lado' da história

Postado em: 04-04-2024 às 09h03
Por: Luana Avelar
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A chegada tardia do filme desencadeou debate sobre sua representação histórica e ética. | Foto: Divulgação

O filme ‘Oppenheimer’, dirigido por Christopher Nolan, finalmente fez sua estreia no Japão, oito meses após ser lançado no Brasil e nos Estados Unidos. A chegada do longa-metragem às salas de cinema do país na última sexta-feira (29), não passou despercebida, provocando uma onda de opiniões divergentes entre o público.

Com uma narrativa polêmica que mergulha na vida de J. Robert Oppenheimer, o físico responsável pelo desenvolvimento da bomba atômica, o filme causou um intenso debate e despertou uma série de emoções e reflexões na audiência japonesa.

O ex-prefeito de Hiroshima, Takashi Hiraoka, expressou críticas contundentes em relação ao longa-metragem, apontando um viés na representação do horror das armas nucleares. Segundo Hiraoka, o filme não foi capaz de retratar adequadamente a devastação causada do ponto de vista de Hiroshima, sugerindo que a narrativa foi construída para justificar a utilização da bomba atômica como um meio de salvar vidas americanas.

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Alguns residentes da cidade destacaram aspectos positivos da obra cinematográfica, enfatizando a abordagem do ‘outro lado’ da história de J. Robert Oppenheimer. O filme explora o lado psicológico do cientista, conhecido por criar uma das armas mais letais da história da humanidade. Em uma cena fictícia, Oppenheimer dialoga com Albert Einstein e revela suas reflexões sobre o impacto global de suas descobertas.

Um dos residentes mencionou a complexidade da representação de Oppenheimer no filme, descrevendo-o como um homem notável que carrega consigo o peso do arrependimento e da culpa. Para ele, a dualidade do personagem foi um aspecto intrigante e revelador.

“Oppenheimer foi retratado como um grande homem, mas ele não conseguia esconder o seu arrependimento e culpa no seu coração. Foi interessante ver isso”, disse um residente da cidade.

Por outro lado, outros expressaram profundo desconforto com a representação da alegria associada ao experimento da bomba atômica. Mayu Seto, ativista antinuclear, compartilhou seu desgosto, afirmando: “O senso de alegria entre as pessoas celebrando o experimento e depois a bomba atômica sendo jogada, me senti incrivelmente enojada”.

A estreia de ‘Oppenheimer’ no Japão não só marcou a chegada do filme ao país, mas também abriu espaço para discussões sobre os impactos históricos e éticos relacionados à criação e uso da bomba atômica. A obra cinematográfica de Nolan promete continuar alimentando debates e reflexões em todo o mundo.

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