PEC que reduz idade de aposentadoria obrigatória de ministros do STF é aprovada na CCJ

Atualmente, a idade é de 75 anos; a constitucionalidade da PEC foi aprovada por 35 votos favoráveis e 24 contrários

Postado em: 24-11-2021 às 16h24
Por: Giovana Andrade
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Atualmente, a idade é de 75 anos; a constitucionalidade da PEC foi aprovada por 35 votos favoráveis e 24 contrários. | Foto: Agência Câmara de Notícias

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara aprovou, nesta terça-feira (23/11), a mudança na idade da aposentadoria compulsória de servidores públicos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com redução de 75 para 70 anos de idade. Foram 35 votos e 24 contrários à Proposta de Emenda à Constituição 159/19, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF).

A relatora, deputada Chris Tonietto (PSL-RJ), deu parecer favorável à proposta, cujo texto determina que o servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado obrigatoriamente aos 70 anos. Entre os deputados federais por Goiás, três são membros titulares da CCJ: Magda Mofatto (PL), Vitor Hugo (PSL) e João Campos (Republicanos), e todos votaram a favor da redução.

Em 2015, a chamada PEC da Bengala, que resultou na Emenda 88, aumentou de 70 para 75 anos a idade da aposentadoria obrigatória dos ministros do Supremo, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União. Essa modificação custou à então presidente Dilma Rousseff a possibilidade de indicar cinco ministros ao Supremo até 2018 (com o impeachment, a incumbência teria passado ao presidente Michel Temer).

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Agora, caso a redução para 70 anos passe por todas as instâncias do Congresso e entre no texto constitucional, Jair Bolsonaro poderá indicar dois novos ministros ao STF, uma vez que tanto Rosa Weber quanto Ricardo Lewandowski têm 73 anos de idade. Esse foi um dos motivos por que a proposta gerou bastante polêmica na CCJ. 

Outro ponto citado foi o fato de a PEC ter sido pautada logo após a suspensão, pelos ministros do Supremo, das emendas de relator ao Orçamento, chamadas por parlamentares de oposição de “orçamento secreto”. A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) foi uma das parlamentares a se posicionar contra a proposta.

“Não é coincidência que três semanas depois da decisão do Supremo Tribunal Federal suspendendo o ‘bolsolão’, o orçamento secreto, a corrupção legalizada no governo Bolsonaro, nós vemos a presidente Bia Kicis tentando usufruir da sua presidência para pautar essa PEC que é na verdade a PEC da bengala e da vingança. A tentativa, evidentemente, de ampliar para quatro as indicações do Bolsonaro, colocando mais conservadores, ou pessoas vinculadas com a ideologia da extrema direita”, afirmou.

A autora, Bia Kicis, argumentou que a proposta foi apresentada para atender a um pleito de servidores. “Eu sou muito procurada pelas associações de juízes, desembargadores, promotores, procuradores, e há um pleito que é muito recorrente de apoio a essa PEC”, diz a deputada. De acordo com ela, depois do aumento para 75 anos, ficou difícil para os integrantes das carreiras jurídicas terem qualquer tipo de promoção, “porque a carreira é muito na forma de pirâmide. É difícil você ascender ao topo dessas carreiras”, afirmou. 

O deputado Lucas Redecker (PSDB-RS) sugeriu que, em vez de reduzir a idade de aposentadoria, os parlamentares discutissem tempos de mandato aos ministros. “Eu acho que nós temos que discutir não o tempo em que o ministro tenha que se aposentar, mas o tempo que ele permanece, com o mandato que ele tem que ter. O ministro não pode se tornar um imortal dentro do Supremo Tribunal Federal. Nós vamos fazer essa discussão, a partir da aprovação dessa PEC, na comissão especial”, defendeu.

Com a aprovação na CCJ, a proposta segue para a análise de uma comissão especial. Depois, ela ainda precisa ser aprovada pelo Plenário, em dois turnos de votação.

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