Goiás pode atrapalhar aliança entre o pré-candidato a presidente Sergio Moro e União Brasil

Presidenciável do Podemos mantém diálogo com o partido de Ronaldo Caiado, mas sua legenda definiu apoio a Gustavo Mendanha

Postado em: 24-01-2022 às 09h12
Por: Marcelo Mariano
Imagem Ilustrando a Notícia: Goiás pode atrapalhar aliança entre o pré-candidato a presidente Sergio Moro e União Brasil
Presidenciável do Podemos mantém diálogo com o partido de Ronaldo Caiado, mas sua legenda definiu apoio a Gustavo Mendanha | Foto: Reprodução

O pré-candidato a presidente do Podemos, Sergio Moro, está na terceira colocação nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), mas tem enfrentado dificuldades para crescer.

No momento, uma das principais articulações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz responsável por julgar em primeira instância os casos da Lava Jato em Curitiba, justamente com o objetivo de dar musculatura à sua candidatura, se dá com a União Brasil, fruto da fusão entre DEM e PSL.

A União Brasil, a princípio, tinha o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta como presidenciável. Porém, devido às baixas possibilidades de sucesso eleitoral, abdicou de lançar um nome próprio ao Palácio do Planalto e abriu negociações com o Podemos de Moro.

Continua após a publicidade

Há duas teses em discussão. Primeiro, e considerada mais realista, seria a União Brasil indicar o candidato a vice. Uma outra hipótese já tornada pública seria Moro se filiar à União Brasil, com a deputada federal e presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, como vice.

De uma forma ou de outra, Podemos e União Brasil tendem a estar juntos nas eleições presidenciais. E o problema, embora o governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil) esteja participando de todas essas discussões, é que o cenário goiano pode atrapalhar a aliança.

Isso porque, em Goiás, o Podemos, partido que era da base caiadista, definiu apoio ao prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), até o momento tido como o oposicionista mais competitivo, com cerca de 10% atrás de Caiado nas pesquisas internas.

Na última semana, o grande movimento do tabuleiro político foi exatamente nesse sentido, depois de o vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, também chamado de Vilmarzinho, não só se filiar ao Podemos, mas também anunciar que comandará o partido no estado.

“Assumo hoje a comissão provisória do Podemos em Goiás, com a responsabilidade de fomentar a boa política em prol dos goianos”, escreveu Vilmarzinho nas suas redes sociais no dia 20 de janeiro.

“Com a mudança, o partido sai da base do atual governo. Com diálogo e responsabilidade vamos construir uma chapa competitiva para deputado federal, deputado estadual e apoiar o projeto de pré-candidatura do prefeito Gustavo Mendanha para governador de Goiás”, complementou.

Dessa forma, o deputado federal José Nelto, aliado de Caiado que presidia o diretório estadual do Podemos, deve deixar o partido e, além disso, arrastar alguns prefeitos com ele. Por ora, as opções mais cotadas são MDB e União Brasil.

Nelto se portava como coordenador da campanha de Moro em Goiás. Agora, o posto tende a ser ocupado pelo secretário de Relações Institucionais de Aparecida de Goiânia, Felipe Cortez, que faz parte da executiva nacional.

Em outras palavras, a campanha de Moro terá um mendanhista como coordenador no estado. Portanto, fica difícil imaginar Caiado no mesmo palanque do presidenciável do Podemos, como tanto queria Nelto.

É natural que nem sempre haja coerência em alianças nacionais e regionais. Em muitas outras oportunidades, legendas que estavam próximas nacionalmente já ficaram de diferentes lados nas disputas locais.

Porém, em razão da influência de Caiado na União Brasil, como um nome de peso e respeitado, a eventual declaração de apoio do novo partido a Moro passou a ter um obstáculo a mais, a não ser que o governador goiano resolva ceder.

Se isso ocorrer, Moro pode ter uma campanha enfraquecida em Goiás, enquanto aumentam as chances de Caiado adotar uma posição neutra no primeiro turno da eleição presidencial, a exemplo do que fez no pleito de 2018.

Veja Também