Sem Marconi, disputa ao governo favorece Caiado, diz cientista

Embora tivesse articulado com o PT uma aliança que lhe daria condições de disputa, Marconi foi convencido a não querer disputar

Postado em: 08-08-2022 às 08h14
Por: Redação
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De acordo com Signates, ainda que tenha se lançado ao Senado, o ex-governador figurou como um dos nomes centrais da política em Goiás | Foto: Sergio Lima

Izadora Resende

Após as convenções, o cenário para a disputa eleitoral em Goiás se clareou. A corrida ganhou um novo formato com os nomes que foram oficializados. Definitivamente, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) decidiu não disputar o governo do Estado, mesmo tendo a estrutura que precisava (e que já havia sido disponibilizada), para seguir em consenso com a vontade do partido.  Optou, então, pela candidatura isolada ao Senado. Os aliados entenderam que disputando vaga ao Senado, ele poderia impulsionar os candidatos à Câmara. Além disso, ele não tiraria votos das bases destes postulantes, o que ocorreria caso entrasse na disputa.

Segundo análise feita pelo cientista político e sócio-proprietário do Instituo Signates de Consultoria e Pesquisa Política e Empresarial, Luiz Signates, um dos motivos que pode ter sido considerado por Marconi ao desistir da candidatura ao governo, foi o fato de enfrentar  “o peso da máquina do Estado na campanha, cuja estrutura tem grande potencial para alavancar votos, o que com certeza desafiou a candidatura do ex-governador”.

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Embora tivesse articulado com o PT uma aliança que lhe daria condições de disputa, Marconi não quis, ou  devido a apelos da cúpula do PSDB,  foi convencido a não querer.

De acordo com Signates, ainda que tenha se lançado ao Senado, o ex-governador figurou como um dos nomes centrais da política em Goiás. “O que não se deve é subestimar Marconi Perillo. Ele se encontra num esforço muito forte de recuperação das fraturas de imagem que sofreu nos últimos anos”, explicou. “Seu embate com Caiado, nos próximos anos, será com certeza histórico, qualquer seja o cargo que Perillo venha a ocupar nos próximos anos”, destacou Signates.

Caiado

Com uma longa trajetória política, tendo sido cinco vezes deputado federal e senador – quando renunciou ao cargo para assumir o governo de Goias – tenta agora a reeleição. A base aliada de Ronaldo Caiado (União Brasil) passou por momentos de divisão, quando o mandatório decidiu não apoiar um candidato isolado à vaga no senado. Decisão essa que deu margem e fortaleceu as candidaturas avulsas. 

No início das negociatas, eram seis nomes cotados ao senado pela base, sendo que  Luiz do Carmo (PSC), Zacharias Calil (União Brasil), Lissauer Vieira (PSD),  e João Campos (Republicanos), desistiram da disputa. O último se juntou a Mendanha e se tornou candidato único da base adversária ao senado. Já Alexandre Baldy (Progressistas) e Delegado Waldir (União Brasil) foram os únicos que permaneceram na chapa de Caiado para disputar uma vaga na Casa Alta do Congresso Nacional. Essa movimentação de Caiado foi interpretada pelo cientista político, Luiz Signates, como “atitude que fragilizou a disputa ao lado do governador”.

Entretanto, com a saída de Marconi da disputa ao governo, Signates avaliou que a disputa ficou “bastante desequilibrada em favor do Caiado”. Ele justificou que “Mendanha está na raia já tem um tempo e, se fizer dobradinha com Marconi, pode, sim, polarizar com o governador, mas com menos chance do que este teria, caso as posições fossem inversas”. Como esse movimento de aliança com Marconi não aconteceu – pelo menos não ainda – Caiado tende a se manter favorito, e não deverá enfrentar grandes desafios para desbancar os demais adversários.

Questionado se o deputado federal Vitor Hugo (PL), que também está pleiteando vaga ao governo, teria alguma chance de se destacar nessa disputa, Signates esclareceu que não vê possibilidade dele asuimir esse posto, mesmo tendo apoio e preferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

“Se prestígio de presidente fosse significativo para alavancar votos para governador, o PT teria ganhado todas aqui e em São Paulo, quando o Lula era presidente. Mas, não é assim que funciona”, pontuou. Signates explicou como o eleitor brasileiro,tradicionalmente, vota. “Para cargos majoritários, votam separando os entes da federação. Vencerá quem for capaz de convencer o eleitor de que é capaz de melhorar a sua vida. E o presidente Bolsonaro não tem conseguido fazer isso nem em favor de si próprio”, avaliou.

Mendanha

O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota), que deixou a prefeitura para encarar o projeto de ser governador de Goiás, oficializou a candidatura  e confessou que estava “ansioso”  para  consolidar os nomes que estão compondo a chapa.

“Gustavo Mendanha é um exemplo atual de uma expectativa que é muito comum acontecer com os prefeitos de cidades de médio e grande porte, em Goiás, quando obtém sucessos incomuns: julgam, às vezes ingenuamente, que seus resultados no município são suficientes para catapultá-los para o governo estadual”, destacou Signates. 

O cientista político lembrou que isso aconteceu com Íris Rezende em Goiânia, em 1964; também com Paulo Roberto Cunha, em Rio Verde, no início da redemocratização; com Antonio Gomide, em Anápolis não foi diferente. E é o que se vê hoje com Gustavo Mendanha, em Aparecida. “Caso se tornassem governadores, não tenho dúvidas de que seriam excelentes governantes. Até hoje, só Íris Rezende conseguiu isso e, como vimos, tornou-se um governante que marcou a história do Estado”, relembrou.

Avaliando as posturas dos candidatos ao governo de Goiás, Signates chamou atenção para a pouca (ou nenhuma) articulação com os candidatos à presidência. “Acho que as candidaturas em geral a governador em Goiás estão deixando passar uma oportunidade extraordinária, que é oferecer palanque para o candidato favorito na disputa presidencial este ano. Dobradinha com candidato a presidente não garante voto para governador, mas pode ser significativo para a produção de imagem junto a no mínimo metade do eleitorado em Goiás e, também, o que não é pouco, para obter articulações com o Planalto a partir do ano que vem, algo que pode ser muito interessante numa perspectiva de futuro político”, concluiu.

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