O que diz o histórico goiano na disputa à presidência

Dois goianos já disputaram a cadeira desde 1989; uma tentou a vice

Postado em: 09-05-2023 às 08h02
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: O que diz o histórico goiano na disputa à presidência
Dois goianos já disputaram a cadeira desde 1989; uma tentou a vice | Foto: Antonio Cruz/ABr

Em 2026, Goiás pode entrar na disputa presidencial pela terceira vez desde 1989. O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é visto como player forte para concorrer ao Palácio do Planalto como figura da direita conciliadora e republicana.

Como mencionado, seria a terceira vez que o Estado entra no páreo desde a redemocratização. A primeira foi justamente com o próprio Caiado, em 1989. Ele teve 488,8 mil votos e terminou em décimo lugar na concorrência. 

Naquele ano, a vitória ficou com o candidato de Alagoas, Fernando Collor de Melo. Ainda em 1989, é preciso dizer, outro goiano tentava se viabilizar na disputa, mas não teve sucesso: o ex-prefeito de Goiânia e ex-governador de Goiás, Iris Rezende, perdeu as convenções do MDB para Ulysses Guimarães, à época deputado federal. 

Continua após a publicidade

Mas de volta a “89”, Caiado entrou na corrida com Collor, Lula (PT), Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Paulo Maluf, Mário Covas, Roberto Freire, Aureliano Chaves e mais. Iris, que não entrou na disputa, já tinha sido governador e foi ministro da Agricultura de José Sarney. 

O outro goiano que disputou a eleição para presidente da República foi Henrique Meirelles, à época pelo MDB – hoje ele está no União Brasil. Ex-presidente do Banco Central na gestão Lula, ele concorreu em 2018, ano que a eleição ficou polarizada entre Jair Bolsonaro (PL) e Fernando Haddad (PT). O pleito também contou com Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (então no PSDB), Marina Silva (Rede) e outros. 

Meirelles terminou a disputa em sétimo lugar. Ele teve 1,28 milhão de votos no páreo e superou Marina Silva, Álvaro Dias e Guilherme Boulos. 

É preciso destacar, ainda, que Goiás já teve na disputa pela vice-presidência uma goiana. Iris de Araújo, a Dona Iris (MDB), foi vice na chapa de Orestes Quércia em 1994. Com mais de 2,7 milhões de votos, a chapa terminou na quarta colocação, atrás Enéas, Lula e Fernando Henrique Cardoso, tucano que venceu aquele pleito. 

2026

A base do governador Ronaldo Caiado está entusiasmada com a possibilidade dele disputar o páreo em 2026. O gestor não é o mesmo de 1989. Foi deputado federal, senador, duas vezes governador de Goiás e ganhou projeção nacional, inclusive, pela atuação durante a pandemia de Covid-19. Mais experiente e mais moderado, o chefe do Executivo tem aliados na articulação pela corrida presidencial.  

O deputado federal José Nelto (PP), inclusive, trabalha para que o gestor se reúna com líderes de partidos políticos para que eles o vejam como “a melhor opção”. Ainda ao Jornal O Hoje, o parlamentar afirmou que articula com todos os congressistas do Brasil para mostrar a viabilidade do nome goiano. 

“Estou trabalhando para mostrar que a candidatura do Ronaldo é uma das mais viáveis. Já demonstrou ser um grande articulador, que conversa com todos os partidos. Não é um extremista, como já foi taxado no passado”, argumenta.

E continua: “Foi reeleito no primeiro turno, é preocupado com infraestrutura e com o social. Não é um governador de grupos. O presidente tem que ser mais moderado, conversar com todos os setores da sociedade. O interesse no Estado vem em primeiro lugar. E assim será com a nação [caso seja eleito].”

Para Nelto, é preciso governar unindo o Brasil e Caiado conseguiu unir o povo goiano. Ele diz que os extremismos só atrapalham a nação. “Então, estou preparando uma grande reunião com ele em Brasília. Chamando parlamentares de todos os partidos para ouvir os compromissos que ele tem com a boa política”, declarou.

Desafios

Cientista político e professor, Marcos Marinho diz que o governador precisa superar alguns desafios para se viabilizar. “Caiado é de longe o nome goiano mais reconhecido no cenário nacional. A atuação dele no Congresso sempre foi muito contundente. Uma imagem consolidada nos grandes centros, tem uma visibilidade boa”, começa. 

Apesar disso, ele observa que Goiás não pauta o País. Então, para Caiado fazer algo no governo que reverbere na esfera nacional, tem que ser algo realmente muito interessante. “Precisa fazer um governo de muita visibilidade, para extrapolar as fronteiras”, reforça e completa: “Além disso, ele precisa se consolidar no campo da direita. Aglutinar a direita moderada, centro-direita e um pouco da extrema-direita, ou seja, o bolsonarismo.” 

Ainda assim, ele diz que, conseguindo isso, ainda deverá encarar outro nome que se enquadra nesta descrição: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que gere um Estado maior e com mais visibilidade. “Em relação ao partido, o União Brasil é grande e possui uma grande bancada no Congresso. Se o partido comprar a ideia, tem estrutura para uma campanha presidencial. Mas Caiado precisa se tornar o principal player desse espectro político. Conseguindo fazer isso – nos próximos anos –, se torna um candidato interessante.”

Veja Também