“Esperei por muito tempo”, diz Caiado após conversa com Mendanha sobre retorno ao MDB

Governador considerou o momento “relevante” para seu segundo mandato

Postado em: 24-05-2023 às 09h15
Por: Francisco Costa
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Governador considerou o momento “relevante” para seu segundo mandato. | Foto: Francisco Costa / O Hoje

Eram 7h30 de terça-feira (23) quando a equipe do Jornal O Hoje chegou ao Palácio das Esmeraldas, em Goiânia, para aguardar a chegada do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota). O político se reuniu com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) para tratar de alianças para beneficiar o Estado, além, claro, do retorno ao MDB, confirmado logo depois do bate-papo. Eles, contudo, já conversavam a esta hora – esbaforido e sorridente, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) chegou em seguida, por volta das 8h, dizendo “oi pessoal, estou um pouco atrasado”.

Pouco mais de 1h30 depois, Caiado, Mendanha e Daniel deixaram o reservado do Palácio para falar com os jornalistas. Como esperado, o governador, primeiro a se pronunciar, confirmou o retorno de Gustavo Mendanha à “casa dele”, o MDB onde iniciou a carreira – sigla que também abrigou o pai dele, o ex-deputado estadual Léo Mendanha, e o padrinho político, ex-prefeito de Aparecida e ex-governador, Maguito Vilela, pai de Daniel. 

“Tivemos a oportunidade de ter uma conversa que esperei durante muito tempo. A aproximação nossa com nosso ex-prefeito Gustavo Mendanha. Conversa, construída inicialmente, com Daniel Vilela. E agora chegamos a este momento importante para política em Goiás”, celebrou Ronaldo Caiado. 

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Segundo o gestor estadual, Gustavo já mostrou a capacidade à frente de Aparecida e, com isso, o Estado, cada vez mais, aglutina forças e avança nas composições dos 246 dos municípios de Goiás. “Para mim, hoje, foi um dia especial. Acredito na política da boa construção e bons resultados. É um momento relevante do meu segundo mandato. Ter essa união de pessoas que a vida inteira fizeram a mesma política, assim como Maguito, que está abençoando lá de cima”, ressaltou a “fusão” com o MDB. 

Caiado ainda deixou claro que a participação de Mendanha no governo será de ajuda, mas não com cargos. “Sem vinculação, mas com o que ele construiu.” A primeira tarefa, inclusive, será utilizar o prestígio com o governo de Israel para um projeto conjunto. “Agenda para buscar experiências em Israel para que o governo do Estado avance.”

O vice Daniel Vilela reforçou o retorno, mas explicou que ainda não há data para a filiação. “Nos traz muita felicidade e satisfação. Gustavo está voltando para casa, partido que deu a ele a chance de se constituir como o grande político que se tornou. Então, vamos discutir com ele, neste momento, a forma [do retorno]”, aponta. 

Também segundo o emedebista, Gustavo é figura destacada com grande capital político e que terá sempre protagonismo em todos os processos eleitorais. Ele, entretanto, ressalta que nada será antecipado [sobre cargos eletivos em 2024 ou 2026], uma vez que a política é muito dinâmica. “Não vamos precipitar, existem conjunturas que fogem do nosso controle. Mas ele terá sempre protagonismo e condição de disputar as principais eleições do Estado.” Apesar disso, ele adianta que, no ano que vem, o ex-prefeito de Aparecida terá papel de construção de chapas em todos os municípios para o MDB e para base governista

Prefeitura

O governador Ronaldo Caiado confirmou que foi tema da discussão a possibilidade de Gustavo disputar a prefeitura de Goiânia. Essa viabilidade, porém, depende de consulta à Justiça, uma vez que Mendanha foi prefeito de Aparecida de Goiânia por dois mandatos, o que o impossibilita como “prefeito itinerante” – aquele que migra o domicílio eleitoral para cidade vizinha. 

A tese, todavia, é que houve a desincompatibilização em abril de 2022 e que a concorrência ocorreria em cidade maior. “Essa decisão, tanto ele aguarda, como nós”, disse Caiado. “Mas sai do campo político e entra no campo jurídico.”

Como mencionado, a decisão foi anunciada na manhã de terça-feira, sendo que a filiação já era esperada. Vale citar, Mendanha já vinha se aproximando do vice-governador, Daniel Vilela, há alguns meses. Eles romperam em 2021, quando Gustavo defendeu candidatura própria do MDB, enquanto Daniel se alinhava ao governador Ronaldo Caiado. O ex-prefeito, inclusive, disputou o governo, perdendo em primeiro turno, mas ficando em segundo lugar.

Mas desde o começo do ano Gustavo reduziu as críticas à gestão estadual. Quando ele e Daniel oficializaram as pazes, o governador aprovou a aproximação. Entre outras coisas, Mendanha espera compor a chapa majoritária em 2026. No caso, Senado ou vice, uma vez que o “irmão” Daniel é o nome natural para sucessão de Caiado.

Mendanha

Sem disfarçar a satisfação, Gustavo disse que teve tempo de dialogar com muitos líderes aliados sobre o retorno ao MDB nos últimos dias. Ele aproveitou para a agradecer Jorcelino Braga, presidente estadual do atual partido, o Patriota. “Amigo e pai, abençoou o retorno com o MDB e Daniel. Ele preferia que eu permanecesse, mas dado o vínculo e trajetória do meu pai, ele entendeu”, declarou e completou: “Quando eu saí do MDB, eu disse que era ‘até breve’. Então, retorno para contribuir.”

Sobre Goiânia, ele reforça ser de grupo e que, sendo possível, está à disposição. “Mas sou um soldado.” Questionado sobre 2026, enfatiza que, em momento oportuno, a situação será discutida. “Processo de construção e trabalharemos para contribuir. Se possível, disputarei. Mas chego para ajudar Goiás, o MDB. Estarei ajudando a pavimentar a candidatura de Daniel, em 2026.” 

Já para a filiação, ainda sem data, ele espera uma grande festa com a participação, inclusive, de nomes nacionais, como o presidente da legenda, Baleia Rossi, e o ex-presidente Michel Temer, de quem é próximo. Segundo Gustavo, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, já afirmou que também voltaria ao MDB, caso ele o fizesse. A expectativa é que Vimar Mariano (Patriota), prefeito de Aparecida, também retorne. 

Mendanha adianta, ainda, que trabalhará para apaziguar os ânimos na cidade, uma vez que Vilmar e o presidente da Câmara, André Fortaleza (MDB), têm mantido oposição.

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