A cadeira de presidente da Alego e a maldição para projetos ao Executivo

Ocupar o segundo cargo mais importante da estrutura do Estado não significa um futuro promissor na política

Postado em: 31-05-2023 às 07h48
Por: Yago Sales
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Ocupar o segundo cargo mais importante da estrutura do Estado não significa um futuro promissor na política | Foto: Divulgação

Raramente um deputado não quer presidir a Casa para a qual foi eleito. Seja na Câmara Federal – com 513 cadeiras – e Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) – com 41 -, o parlamentar sonha sentar-se na presidência, pautando ou engavetando projetos, tendo lugar de honra em eventos políticos e sociais, angariando o respeito, o temor ou uma onda de bajulação.

Aliado ou desafeto do chefe do Executivo, o presidente é um personagem crucial para a governabilidade. Pode emperrar, dar marcha ré ou empurrar. Bruno Peixoto, do União Brasil, partido do governador Ronaldo Caiado, é o atual presidente da Alego. Um aliado de pompa.

Conseguiu o feito com unanimidade diante dos colegas, embarcados com os quase 74 mil votos que Peixoto obteve nas urnas, sendo o mais votado para o cargo da história em sua quarta eleição para a Assembleia Legislativa. Ele já havia sido vereador de Goiânia por duas vezes, ingressando na política em 2004. 

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Na base do governo Caiado, lado a lado com o mandatário, além de fazer uma política de boa vizinhança, que tenta facilitar o máximo possível a gestão do presidente do seu partido – que por acaso é o governador -, Bruno se torna uma expectativa de poder além dos colegas da Casa. 

Seu nome é recorrentemente citado como aquele que deverá disputar a Prefeitura de Goiânia ano que vem. Claro, ele espera o aval de Caiado, que já demonstrou publicamente que assumiria compromisso com Ana Paula Rezende, filha do casal Iris Rezende e Dona Iris – ex-governador e deputada federal, respectivamente. 

De qualquer forma, como se estabeleceria a certeza de que a trajetória, até aqui bem-sucedida do ponto de vista eleitoral de Bruno Peixoto, tendo em vista que paira na cadeira de presidente da Alego um certo mistério: a vida política do sujeito parece parar por ali, com insucessos em cargos de Executivo. 

Em 2018, a situação ficou complicada para a base governista, à época, sob o comando do tucanato no Palácio das Esmeraldas. Enquanto José Vitti, presidente da Alego, costurava, nos bastidores, viabilizar-se à disputa, o governador em exercício, José Eliton, caminhava para a disputa. José Vitti acabou deixando as urnas, se tornando membro do primeiro escalão de Ronaldo Caiado no primeiro mandato na Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços em 2021. Sem filiação partidária, desistiu de candidatar-se ano passado e “sumiu”. 

Algo parecido ocorreu com Lissauer Vieira. Embora não houvesse nenhum indicativo de que ele disputaria o governo, o frisson era que o então presidente da Alego fosse apoiado por Caiado para disputar a única vaga do Senado. Ele até subiu no palanque do governador, como um cooperador. Depois, “sumiu”.

O caminho quase natural de um presidente da Alego é o Tribunal de Contas – seja dos Municípios ou do Estado. Como ocorreu em 2014 com Helder Valin que deixou a Presidência para assumir o TCE. Outros perdem o timing. Outros simplesmente saem derrotados em eleições subsequentes. É o caso de Helio de Souza, ou Dr. Helio. Ele não garantiu vaga na sétima eleição à Alego depois de ter sido presidente da Casa por dois mandatos (2014-2017). 

Um exemplo de ex-presidente que não conseguiu sair do cargo para a cadeira de prefeito de Goiânia: Luiz José Bittencourt. Ele concorreu ao cargo e chegou ao segundo turno em 1996 contra Nion Albernaz. Perdeu, como ocorreu em 1992. Ao contrário de outros ex-presidentes, Luiz José, que é jornalista, foi eleito três deputado federal. 

O mesmo destino tomou outro ex-presidente da Alego, o pastor da Igreja Fonte da Vida, Fábio Sousa. Ele assumiu o cargo a 30 de dezembro de 2013 depois que o então presidente, Jardel Sebba, foi eleito para a prefeitura de Catalão. No pleito de 2014, Sousa elegeu-se para a Câmara Federal. Ele era uma aposta do PSDB à Prefeitura de Goiânia em 2016, o que não prosperou. Mesmo amparado no bolsonarismo – o pai, apóstolo César Augusto, é um dos líderes religiosos mais próximos de Jair Bolsonaro -, não conseguiu garantir sua vaga na Câmara Federal nem na disputa de 2018 nem na de 2022.

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